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22/08/2000 - 15h59

Raul Cortez estréia "Rei Lear" quinta-feira em São Paulo

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

João Caldas/Divulgação

Raul Cortez e Ligia Cortez
durante ensaio de "Rei Lear"

Sob a direção de Ron Daniels, o ator Raul Cortez estréia, na próxima quinta-feira (24), no Teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, a peça "Rei Lear".

Orçada em R$ 1,2 milhão, a peça fala da história do poderoso rei Lear que, para evitar a guerra civil após a sua morte e com a intenção de livrar a sua velhice de cuidados, divide o reino entre suas três filhas.

Antes de entregar seu reino, Lear exige que cada uma das filhas faça uma declaração pública de seu amor. As filhas mais velhas, Goneril e Regana, sabem como bajular o pai, porém, a filha caçula, Cordélia, se recusa a participar desse concurso de amor e resolve dizer não ao pai.

Furioso, acreditando que o silêncio de Cordélia significa a negação de seu amor, o rei renega a filha preferida e declara que ela será estranha para ele para sempre.

No entanto, no mergulho que faz em sua própria loucura e sofrimento, Lear reconhece o verdadeiro amor de Cordélia.

Tragédia politíca e familiar, "Rei Lear" retrata um mundo em crise, em transformação. Como condutores da ação estão a questão da fragmentação do Estado e a transferência do poder, o questionamento dos valores sociais e a relação torturada entre pais e filhos.

Direção

Essa é a primeira montagem do brasileiro Ron Daniels no país. A idéia nasceu há 2 anos, em conversa com Raul Cortez, quando Daniels veio ao Brasil, à convite de Ligia Cortez, para ministrar um curso.

"Esse é o resultado de uma amizade. O Raul está no momento para fazer Lear", diz Daniels que conheceu Cortez no teatro Oficina,no começo da década de 60, quando ambos iniciavam suas carreiras.

Mas o entusiasmo de Daniels com os atores brasileiros não se restringe apenas a Cortez. Para o diretor, a forma intuitiva como os atores brasileiros encarnam os personagens foi o que mais lhe chamou a atenção. "Para mim isso é uma característica dos atores brasileiros. Eles se entregam ao personagem e megulham nele. O trabalho é mais instintivo, mais corajoso", disse.

Sobre a peça o diretor diz não gostar de rótulos. "A peça não é realismo ou não-realismo. Para mim, peça de teatro é o conjunto formado pela ação, pelo relacionamento entre os personagens e o enredo. Para mim, teatro é uma história bem contada".

Para os que continuam insistindo no fato de que qualquer montagem de Shakespeare perde em essência quando feita em outra língua, ele contesta. "Não sinto a mínima falta do inglês. Essa visão de que não é possível fazer Shakespeare em português é uma visão totalmente cínica. Shakesperare nos leva a uma compreensão universal e bela da natureza humana".

Cenário e figurino

Assinados por J.C.Serroni, cenário e figurinos são fundamentais na composição desta montagem de "Rei Lear". Segundo Serroni, cenário e figurino foram concebidos para acompanhar a jornada dos personagens durante a peça.

Na primeira cena, o figurino é de época. À medida que a ação vai se desenrolando, os personagens vão se despindo dessas roupas e vestindo farrapos que sugerem até uma certa nudez.

O cenário, que parte da mesma concepção, também acompanha a trajetória dos personagens.

O desmoronamento da corte de Lear é representado por meio de uma plataforma de ferro e madeira (que pesa mais de uma tonelada), em princípio erguida, que vai abaixando à medida em que a busca de Lear vai transcorrendo.

"Lear sai da corte, da vida real, simétrica, em busca de seu eu. Nessa caminhada ele vai se despojando, vai em busca do simples, do humano, do escancarado. No final, tudo fica à mostra, representando um grande caos, prenúncio de um novo tempo", explica Serroni.

No elenco estão ainda Ligia Cortez, Lu grimaldi, Bianca Castanho, Gilberto Gawronski, Mario Cesar Camargo, Caco Cioler, Rogério Bandeira, Luiz Guilherme, Leonardo Franco, Mário Borges e Bartholomeu de Haro.

Teatro: Rei Lear
Onde: Teatro Sesc Vila Mariana (rua Pelotas, 141, São Paulo, tel. 0/XX/11/ 5080-3147)
Quando: 24 de agosto a 22 de outubro. Qui. a sáb., às 21h e dom., às 18h
Quanto: R$ 30 (quintas-feiras) e R$ 40 (de sex. à dom.)

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