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27/05/2003 - 03h48

Banda norte-americana dispara contra belicismo dos EUA

DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

"Roube este álbum!" Nem o aviso escrito em vermelho na etiqueta do novo System of a Down, um conjunto de sobras de estúdio dos últimos cinco anos da banda, parece ter impedido que o disco vendesse menos que 2 milhões de cópias desde o seu lançamento, em novembro do ano passado. Meses depois, é a vez de o Brasil botar o "sistema" à prova.

Poder do boca-a-boca, marketing invertido, Michael Moore --sim, o polêmico diretor de "Tiros em Columbine" assina o clipe da faixa "Boom"--, chame do que quiser, mas, pela primeira vez, banda, gravadora e internet nunca se "desentenderam" tão bem no lançamento de um disco.

"Talvez tivéssemos vendido mais se não fosse por isso. Mas quem se importa? Já ganhamos dinheiro e fãs o suficiente para continuar sobrevivendo", esnoba Shavo Odadjian, 29, baixista do grupo de metal americano, que, com "Toxicity", já somava 4 milhões de cópias em todo o mundo.

Se considerarmos que "Toxicity", um dedo na ferida do sistema prisional americano, foi lançando uma semana antes do 11 de setembro, e que "Boom", faixa de protesto contra as desigualdades mundiais e o belicismo americano, entrou para a lista das músicas "non gratas" durante a guerra do Iraque, não fica difícil concluir que paradoxo é o nome do jogo.

"É irônico que as canções que escrevemos há quatro anos continuem a se relacionar com o mundo de hoje tão bem", diz.

Fãs de Dylan, de Lennon e até de Bono Vox, os integrantes do System, apesar da ascendência armênia, sentem-se mais que à vontade para falar de política nacional: "Eu me considero americano porque vivo e fui criado na América, ainda que minha cultura, minha raça e minha nacionalidade sejam armênias. Os Estados Unidos foram formados por pessoas de diferentes países, e, se existisse uma América verdadeira, ela seria de mexicanos e de índios americanos", alfineta o baixista, que, no clipe de "Boom", escracha na mesma medida Bush e Blair, Saddam e Bin Laden.

"Nossa banda nunca foi anti-americana. Somos mais antigoverno, pró-humanidade. Talvez [o vídeo] tenha saído um pouco mais sobre o Iraque do que deveria. É o Michael Moore. Ele não tem medo de dizer nada e faz você olhar as pessoas de outro modo", afirma Odadjian.

Mas dentre todas elas (inclua aí as companhias de publicidade e as multinacionais), a maior saia-justa é mesmo com a Sony: "A idéia do disco [que imita um CD gravável, com etiquetas escritas à mão] era de brincar com o que está acontecendo por aí. A Sony é quem nos alimenta e não podemos reclamar, mas, se você quiser baixar o disco pela internet, faça. Não vou crucificá-lo por algo que não se pode mais mudar. A internet está aí fora, e é sua obrigação tirar o melhor que puder dela".
 

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