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23/08/2000
-
11h33
da Folha de S. Paulo
O próprio Raul Cortez assume a produção de Rei Lear, orçada em R$ 1,2 milhão. Foram dois meses e meio de ensaios, comandados por Ron Daniels.
São 25 atores em cena. As filhas são interpretadas por Lígia Cortez (Regana), Lu Grimaldi (Goneril) e Bianca Castanho (Cordélia).
Também estão no elenco os atores Gilberto Gawronski ("A Dama da Noite", aqui no papel de Bobo), Mário Cesar Camargo (Conde de Gloucester), Caco Ciocler (Edgar) e Rogério Bandeira (Edmundo), entre outros.
Razão e loucura duelam na história do rei da Bretanha. Para evitar a deflagração de uma guerra após sua morte, ele divide o reino entre as três filhas.
Propõe, no entanto, que elas declarem publicamente seu amor incondicional ao pai. A caçula Cordélia, a quem ele dedica mais carinho, abdica de entrar no jogo de dissimulações, ao contrário das irmãs, interessadas em recrudescer seus dotes.
Lear passa então a desprezar Cordélia, desencadeando os fatos que irão culminar na tragédia. O diretor Ron Daniels imprime uma dimensão familiar, política e metafísica à tragédia, retratando um mundo em crise de transformação. Disputa pelo poder, valores sociais e a relação de pais e filhos entram no tabuleiro de Shakespeare.
A cenografia de J.C. Serroni procura estabelecer analogia com a trajetória do protagonista. Na medida em que Lear revê seu radicalismo para entrever novamente o amor da filha caçula, reencontrando a verdade, o espaço cenográfico, cujo eixo é uma estrutura metálica de 1,5 toneladas, também é "desnudado" até revelar o próprio urdimento do teatro.
"A idéia básica é o desmoronamento da cenografia, que acompanha a própria decadência de Lear", afirma Serroni, 50.
O paredão formado pela estrutura cai gradualmente, no compasso de quatro etapas do espetáculo. Na cena da torre, por exemplo, ele inclina 30 graus para revelar Lear na parte alta, enquanto a parte baixa abriga miseráveis, numa alusão aos moradores de rua das grandes cidades, sob os viadutos.
Na última parte, o paredão cai completamente, servindo de palco para a guerra civil que se instala. "Surgem barris com fogos, uma luz avermelhada, um caos que acaba expondo também a arquitetura do teatro", diz Serroni.
Com toda a complexidade da cenografia, ele diz que o objetivo é corresponder ao pensamento do encenador Ron Daniels. "Ou seja, a intenção é conservar o palco sempre vazio para a movimentação dos atores".
Peça: Rei Lear
Texto: William Shakespeare
Tradução, adaptação e direção: Ron Daniels
Com: Raul Cortez, Mário Borges, Leonardo Franco, Luiz Guilherme, Bartholomeu de Haro e outros
Quando: estréia amanhã, às 21h; qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 22/10
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3147)
Quanto: R$ 30 (qui.) e R$ 40
Patrocinador: Volkswagen do Brasil
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Produção de Rei Lear é orçada em R$ 1,2 milhão
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O próprio Raul Cortez assume a produção de Rei Lear, orçada em R$ 1,2 milhão. Foram dois meses e meio de ensaios, comandados por Ron Daniels.
São 25 atores em cena. As filhas são interpretadas por Lígia Cortez (Regana), Lu Grimaldi (Goneril) e Bianca Castanho (Cordélia).
Também estão no elenco os atores Gilberto Gawronski ("A Dama da Noite", aqui no papel de Bobo), Mário Cesar Camargo (Conde de Gloucester), Caco Ciocler (Edgar) e Rogério Bandeira (Edmundo), entre outros.
Razão e loucura duelam na história do rei da Bretanha. Para evitar a deflagração de uma guerra após sua morte, ele divide o reino entre as três filhas.
Propõe, no entanto, que elas declarem publicamente seu amor incondicional ao pai. A caçula Cordélia, a quem ele dedica mais carinho, abdica de entrar no jogo de dissimulações, ao contrário das irmãs, interessadas em recrudescer seus dotes.
Lear passa então a desprezar Cordélia, desencadeando os fatos que irão culminar na tragédia. O diretor Ron Daniels imprime uma dimensão familiar, política e metafísica à tragédia, retratando um mundo em crise de transformação. Disputa pelo poder, valores sociais e a relação de pais e filhos entram no tabuleiro de Shakespeare.
A cenografia de J.C. Serroni procura estabelecer analogia com a trajetória do protagonista. Na medida em que Lear revê seu radicalismo para entrever novamente o amor da filha caçula, reencontrando a verdade, o espaço cenográfico, cujo eixo é uma estrutura metálica de 1,5 toneladas, também é "desnudado" até revelar o próprio urdimento do teatro.
"A idéia básica é o desmoronamento da cenografia, que acompanha a própria decadência de Lear", afirma Serroni, 50.
O paredão formado pela estrutura cai gradualmente, no compasso de quatro etapas do espetáculo. Na cena da torre, por exemplo, ele inclina 30 graus para revelar Lear na parte alta, enquanto a parte baixa abriga miseráveis, numa alusão aos moradores de rua das grandes cidades, sob os viadutos.
Na última parte, o paredão cai completamente, servindo de palco para a guerra civil que se instala. "Surgem barris com fogos, uma luz avermelhada, um caos que acaba expondo também a arquitetura do teatro", diz Serroni.
Com toda a complexidade da cenografia, ele diz que o objetivo é corresponder ao pensamento do encenador Ron Daniels. "Ou seja, a intenção é conservar o palco sempre vazio para a movimentação dos atores".
Peça: Rei Lear
Texto: William Shakespeare
Tradução, adaptação e direção: Ron Daniels
Com: Raul Cortez, Mário Borges, Leonardo Franco, Luiz Guilherme, Bartholomeu de Haro e outros
Quando: estréia amanhã, às 21h; qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 22/10
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3147)
Quanto: R$ 30 (qui.) e R$ 40
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