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06/06/2003
-
08h13
Colunista da Folha de S.Paulo
Se você de alguma forma e em algum momento se envolveu musicalmente com a cena de Manchester dos anos 70 aos 90 e nomes como Joy Division e New Order fazem sentido, "A Festa Nunca Termina" é o seu filme.
Estréia tardia (é do ano passado), mas frequentador de festivais de cinema brasileiros, "A Festa Nunca Termina" é documentário dramatizado sobre a prolífica cena musical da cidade inglesa, que floreou de agito e bandas boas a cultura pop inglesa depois que os Sex Pistols gritaram "No Future" na Londres-76.
Quem reconta a história da fabulosa movimentação jovem do pós-punk britânico desde o perturbado Joy Division até o lisérgico Happy Mondays é a persona Tony Wilson (Steve Coogan), repórter da TV local, empresário indie de rock e depois executivo de gravadora. Wilson foi proprietário da lendária Factory Records e envolvido com o famoso clube Haçienda, que fechou com o aumento da violência no local.
Mas é exatamente esse jeitão de biografia que torna o filme por vezes afetado e ambicioso, mais típico do recente britpop. Isso pode até ofuscar um pouco a magnitude dos 17 anos que a história compreende, desde que os Pistols foram à cidade tocar (começo do filme) até os encrenqueiros Shaun e Paul Ryder dividirem seu tempo de arruaça com a arte de formar o Happy Mondays. Mas o deboche, a afetação e principalmente a ambição são marcas da cidade mais sexo, drogas e rock'n'roll do mundo, então não faz tão mal ao filme
"A Festa Nunca Termina" começa matando logo o mocinho da trama real. O filme paga tributo visual a Ian Curtis, ponto nevrálgico da ascensão e queda de Manchester que montou o seminal Joy Division para pouco depois cometer suicídio, o que marca a virada das cores de Manchester. Saiu o preto da geração "sem futuro" e entrou o colorido da fase dance e chapada que descambaria, nos 90, na bifurcação house music e britpop.
O bom de "A Festa..." é que ele não se leva a sério tanto quanto Manchester sempre se levou. As interpretações não comprometem, e o filme enche a trama de personagens da vida pop real (Howard Devoto, do Buzzcocks, e Mark E. Smith, do Fall, são dois).
"Eu tenho sido pós-moderno muito antes de o pós-modernismo virar cool", diz Tony Wilson. Se "A Festa..." for tratado como um docudrama, a frase acima é muito séria na primeira metade da definição do filme. Na segunda, soa engraçada. No final, levando em conta que um filme desses gera um trilha sonora bacana e enche as salas de som pop de primeira, "A Festa Nunca Termina" é um evento.
Avaliação:
A Festa Nunca Termina
Produção: Grã-Bretanha/França/ Holanda, 2002
Direção: Michael Winterbottom
Com: Steve Coogan, Sean Harris
Quando: a partir de hoje nos cines Cinearte, Frei Caneca Unibanco Arteplex, Market Place Cinemark e Top Cine
Deboche pontua gênese do pop inglês em longa de Winterbottom
LÚCIO RIBEIROColunista da Folha de S.Paulo
Se você de alguma forma e em algum momento se envolveu musicalmente com a cena de Manchester dos anos 70 aos 90 e nomes como Joy Division e New Order fazem sentido, "A Festa Nunca Termina" é o seu filme.
Estréia tardia (é do ano passado), mas frequentador de festivais de cinema brasileiros, "A Festa Nunca Termina" é documentário dramatizado sobre a prolífica cena musical da cidade inglesa, que floreou de agito e bandas boas a cultura pop inglesa depois que os Sex Pistols gritaram "No Future" na Londres-76.
Quem reconta a história da fabulosa movimentação jovem do pós-punk britânico desde o perturbado Joy Division até o lisérgico Happy Mondays é a persona Tony Wilson (Steve Coogan), repórter da TV local, empresário indie de rock e depois executivo de gravadora. Wilson foi proprietário da lendária Factory Records e envolvido com o famoso clube Haçienda, que fechou com o aumento da violência no local.
Mas é exatamente esse jeitão de biografia que torna o filme por vezes afetado e ambicioso, mais típico do recente britpop. Isso pode até ofuscar um pouco a magnitude dos 17 anos que a história compreende, desde que os Pistols foram à cidade tocar (começo do filme) até os encrenqueiros Shaun e Paul Ryder dividirem seu tempo de arruaça com a arte de formar o Happy Mondays. Mas o deboche, a afetação e principalmente a ambição são marcas da cidade mais sexo, drogas e rock'n'roll do mundo, então não faz tão mal ao filme
"A Festa Nunca Termina" começa matando logo o mocinho da trama real. O filme paga tributo visual a Ian Curtis, ponto nevrálgico da ascensão e queda de Manchester que montou o seminal Joy Division para pouco depois cometer suicídio, o que marca a virada das cores de Manchester. Saiu o preto da geração "sem futuro" e entrou o colorido da fase dance e chapada que descambaria, nos 90, na bifurcação house music e britpop.
O bom de "A Festa..." é que ele não se leva a sério tanto quanto Manchester sempre se levou. As interpretações não comprometem, e o filme enche a trama de personagens da vida pop real (Howard Devoto, do Buzzcocks, e Mark E. Smith, do Fall, são dois).
"Eu tenho sido pós-moderno muito antes de o pós-modernismo virar cool", diz Tony Wilson. Se "A Festa..." for tratado como um docudrama, a frase acima é muito séria na primeira metade da definição do filme. Na segunda, soa engraçada. No final, levando em conta que um filme desses gera um trilha sonora bacana e enche as salas de som pop de primeira, "A Festa Nunca Termina" é um evento.
Avaliação:
A Festa Nunca Termina
Produção: Grã-Bretanha/França/ Holanda, 2002
Direção: Michael Winterbottom
Com: Steve Coogan, Sean Harris
Quando: a partir de hoje nos cines Cinearte, Frei Caneca Unibanco Arteplex, Market Place Cinemark e Top Cine
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