Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/06/2003 - 03h02

Robert Smith fala do resgate da fase sombria do Cure

LÚCIO RIBEIRO
Colunista da Folha de S.Paulo

Contrariando a famosa propaganda, a voz e o cabelo de Robert Smith, símbolo maior da cultura pop "dark" dos anos 80 e hoje um senhor de 43 anos, continuam os mesmos.

A voz está ainda mais realçada pelo punhado de bandas novas que soam como se no microfone estivesse um Smith de 20 anos. E o cabelo? "Está sempre do mesmo jeito, armado para cima", disse à Folha, por telefone, de Londres, o próprio príncipe inglês dos casacões pretos que marcou o pop com músicas umas de cunho denso, sorumbático, e outras tão alegres como estar apaixonado às sextas-feiras.

Não que o rock atual esteja doente, mas de todo modo a cura está aí. O Cure, um dos maiores fabricantes de hinos da cena inglesa dos anos 80 e que atravessa revigorada presença na música jovem atual mesmo depois de mais de 20 álbuns e uns 25 anos de carreira, prepara um pomposo lançamento de DVD ao vivo. E anuncia que o próximo CD da banda, a chegar às lojas no final do ano, será "quase nu-metal".

O DVD, duplo, que ganhará edição brasileira até o final deste mês, é batizado de "Trilogy". O Cure aproveitou dois concorridos shows em Berlim no ano passado para tocar na íntegra três discos que Robert Smith considera terem uma ligação introspectiva no som e uma correspondência temática (a melancolia) nas letras.

Nas apresentações, já armadas para o DVD que está chegando às lojas, Robert Smith recriou o belo porém funesto clima da fase mais sombria do Cure, de seus três álbuns prediletos: "Pornography", de 1982, "Disintegration", de 1989, e "Bloodflowers", de 2000.

O fã mais ardoroso do Cure pode não achar motivo para gastar em dois DVDs que não contenham hits como "Boys Don't Cry", "Friday, I'm in Love" e "Lovecats", que ainda hoje tocam nas rádios rock brasileiras. Mas a fase gótica está bem representada com 223 minutos de excelentes registros de canções como "The Hanging Garden", "Pictures of You" e "Fascination Street".

O velho Cure está entre nós. Um dos clássicos do começo de carreira da banda, "The Walk", foi ressuscitado nas pistas dos clubes ingleses de rock no ano passado. Neste ano, a voz esticada de Robert Smith pode ser reconhecida quando quem está tocando na verdade são bandas emergentes como a canadense Hot Hot Heat e a nova-iorquina Rapture.

O gosto pelo preto funeral e pelo cabelo "espetado para o alto" pode ser visto em qualquer foto que estampe o pesado grupo AFI e o indie sombrio Black Rebel Motorcycle Club. E o punk blueseiro Jack White, do White Stripes, diz que o Cure ajudou a empurrá-lo para a carreira musical.

O Cure prepara, segundo seu vocalista, guitarrista, compositor e criador, um próximo CD a ser lançado no final do ano. E manufaturado por Ross Robinson, papa da onda nu-metal e/ou rap metal americano. Aí, se isso se confirmar, a pergunta vem inevitável: haverá cura para o Cure?
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página