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22/06/2003 - 16h44

Sons do Brasil vão às telas francesas

FERNANDO EICHENBERG
free-lance para a Folha de S.Paulo, em Paris

Na semana em que a coreógrafa Pina Bausch estreou em Paris, no Thêatre de La Ville, "Für die Kinder von Gestern, Heute und Morgen" (Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã), com direito a uma dança solo animada pela canção "Leãozinho", de Caetano Veloso, e com os ritmos de Nana Vasconcelos e Amon Tobin na trilha sonora, a música brasileira ganhou destaque também em cinemas da França.

"Moro no Brasil", filme-documentário do diretor finlandês Mika Kaurismäki (irmão de Aki Kaurismäki, de "O Homem sem Passado"), já exibido nos festivais de Berlim, Recife e Mar del Plata, foi lançado nacionalmente no país na última quarta, em 20 salas.

Com a câmera na mão e os ouvidos atentos, Mika percorreu um trajeto de 4.000 km por Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, registrando os sons do forró, samba, xote, maracatu, embolada, coco e frevo. Participam da aventura musical nomes como Walter Alfaiate, Margareth Menezes, Seu Jorge, Dona Zélia, Velha Guarda da Mangueira, Banda de Pífaros de Caruaru, Mestre Salustiano e Silvério Pessoa.

Mika descobriu a música brasileira ao trocar, em 1974, um disco de vinil do Deep Purple por uma compilação de música brasileira, episódio contado em voz off no filme.

"Moro no Brasil" recebeu boa acolhida da crítica francesa. Para a revista "Les Inrockuptibles", o interesse do documentário de Kaurismäki está na abordagem que ultrapassa os clichês pitorescos e festivos do Brasil. Para o jornal "Le Monde", o charme do filme emerge quando o diretor abandona o rigor de seu "olhar antropológico"e mostra as performances dos artistas.

Já para o jornal "Libération", "há uma mitologia e uma história que palpitam nesse caldo musical, mas Kaurismäki não aproveitou sua chance". Para conhecer a música do Nordeste brasileiro, o crítico do jornal sugere ao leitor os filmes "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" (1969) e "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha.

Atualmente Mika Kaurismäki mora durante boa parte do ano no Brasil -no Rio de Janeiro, onde abriu um bar.

Numa entrevista à revista francesa "Nova" por ocasião do lançamento do filme no país, disse que a Finlândia se tornou um lugar exótico para ele. "Aliás, nunca retorno para lá no verão, no sol da meia-noite. Prefiro o frio e a noite, que cai às 15h." Suas raízes? "Estão na Finlândia, mas tenho laços no Brasil... e em outros lugares do mundo."
 

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