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24/06/2003 - 03h25

Diretor Ang Lee manda Hulk acordar nervos do público

DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

No primeiro plano, um cineasta sutil, responsável por sucessos de crítica como "O Tigre e o Dragão", "Tempestade de Gelo" e "Razão e Sensibilidade".

Mas todo mundo tem lá, em segundo plano, o seu lado bronco. E o de Ang Lee atende pelo nome de "Hulk". Esgotado, após meses de internação nos estúdios de efeitos especiais da Industrial Light & Magic, onde ajudou a moldar, quadro a quadro, os movimentos do grandalhão dos quadrinhos da Marvel, o diretor chinês desabafa: "Se vir uma árvore verde neste verão, eu juro que vou explodir!".

Em entrevista à Folha, Lee, 48, falou sobre a nova produção, que chega nesta semana aos cinemas daqui, mas que já causou estrago nas bilheterias americanas: US$ 62,6 milhões só no final de semana de estréia --maior resultado para o mês de junho desde 1999.

Folha - Por que Hulk?
Ang Lee -
Para mim ele é uma versão americana de "O Tigre e o Dragão". "Hulk" é um filme em que posso lidar com psicodrama, mas, que, na superfície, é só uma história em quadrinhos, como eram as histórias "pulp" de artes marciais que inspiraram "O Tigre e o Dragão". São os nossos prazeres secretos (risos).

Folha - Que tipo de relação prévia você tinha com o herói da Marvel?
Lee -
Quem me apresentou de verdade a ele foi [o roteirista] James Schamus. Até conhecia o personagem da série de televisão dos anos 70, mas só fui olhar os quadrinhos agora. Cresci em Taiwan e não tinha acesso a essas revistas.

Folha - E o seu filme acabou emprestando mais influências da série ou da HQ?
Lee -
A maior parte nós tiramos dos gibis. Da série, acabamos usando só aquela célebre frase: "Você não vai gostar de me ver bravo". Além da sensação de que ele é sempre um fugitivo, que dá a idéia de que o filme vai continuar.

Folha - E vai?
Lee -
Não sei, estou tão exausto. Se vir uma única árvore verde neste verão, eu juro que vou explodir (risos)! Se o filme for um hit, eles [os estúdios Universal] vão querer o segundo, mas não sei se vou estar nele. Sou um cineasta à moda antiga. Quando algum assunto me interessa, mergulho de cabeça, mas, se aparecer alguma outra aventura, acabo indo atrás.

Folha - Fãs de HQs geralmente são rigorosos com seus personagens favoritos. Você teme sofrer muitas críticas deles?
Lee -
Não me preocupo. Acho que você pode destruir um livro, mas fazer dele um bom filme. E você pode ser leal a ele e fazer um mau filme. Acho que estou sendo leal à história e aos visuais originais, mas são 40 anos [desde o surgimento de Hulk nas HQs], inúmeros roteiristas e ilustradores que fizeram trabalhos maravilhosos. Peguei tudo o que podia dos quadrinhos, mas tentei trazer Hulk para o realismo do cinema.

Folha - E por que decidiu fazer Hulk por computação gráfica?
Lee -
Fui educado para buscar sempre a melhor escolha. Analisamos as tomadas, criamos os modelos, pensamos no custo e em quanto tempo levaria. Um mês de pesquisas e de aprendizado, e a conclusão foi: tem de ser em CG [computação gráfica]. O pessoal dos efeitos especiais esteve lá desde o início, fazendo as modelagens comigo, e o departamento de arte, até o final das filmagens.

Folha - Você tirou alguma lição das adaptações de "Homem-Aranha" e "X-Men"?
Lee -
Assisti a eles, são bons, mas não acho que adaptações de quadrinhos sejam em si um gênero específico, como é o film noir ou a comédia de costumes, por exemplo, que têm regras e caminhos bem definidos a seguir. "Hulk" não é um filme de super-herói, ainda que seja baseado nos quadrinhos. É um filme de monstro, como os clássicos da ficção americana ou mesmo "Frankenstein".

Folha - Um prato cheio para a psicologia?
Lee -
Vejo Hulk como o nosso subconsciente primitivo, a agressividade latente que nos mantém vivos. Bruce Banner [o cientista que se transforma em Hulk] representa aquilo que contém essa força primária. E essa força tem muito a ver conosco. Quero que Hulk fale ao interior agressivo das pessoas, ao seu subconsciente, id, alter ego, como queira chamá-lo. É um monstro amoral, mas você se identifica com sua honestidade e inocência. Ele é só uma criança.
 

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