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26/06/2003 - 03h11

Livio Abramo atravessa as fronteiras

SERGIO FERREIRA
especial para a Folha de S.Paulo

Brasil e Paraguai celebram neste ano o centenário de um de seus principais filhos: o artista plástico Livio Abramo. O artista é mesmo filho de ambas nações porque adotou o Paraguai, impulsionou a gravura contemporânea paraguaia, formando toda uma geração de artistas desde 1956 -quando chegou ao país para uma estadia de apenas duas semanas- e foi um dos principais propulsores do intercâmbio cultural entre esses países.

Organizou exposições de arte paraguaia no Brasil, e de arte brasileira no Paraguai, através das quais foram expostas no Paraguai obras de Goeldi, Volpi, Fayga Ostrower, Marcelo Grassman, Amilcar de Castro, entre outros.

Neste mês serão realizadas várias homenagens ao artista em Assunção. A mais importante é a grande retrospectiva organizada pelo Centro de Artes Visuales del Paraguay/Museo del Barro e a Embaixada do Brasil no Paraguai, inaugurada na última terça na galeria batizada com o nome do artista, no Centro Cultural da Embaixada -antiga sede do Centro de Estudos Brasileiros, instituição que Abramo integrou desde sua radicação no Paraguai, em 1962, até sua morte, 30 anos depois.

No Centro de Artes Visuales será aberta também uma mostra de desenhos hoje, dia do aniversário do artista.

"Linha simples"

Livio Abramo chegou pela primeira vez ao Paraguai em agosto de 1956 para uma exposição de suas obras. A mostra teve grande impacto na comunidade artística da capital paraguaia de então. Abramo ficou em Assunção duas semanas e fundou o Estúdio de Gravura Julián de la Herrería, sob direção, hoje em dia, de dois de seus principais alunos, Edith Jiménez e Carlo Spatuzza.

O artista continuou em contato com os entusiastas alunos do estúdio. Em 1959, voltou ao país como representante do Museu de Arte Moderna de São Paulo acompanhando uma mostra do acervo da instituição. Aproveitou a nova viagem para conhecer melhor o país.

Percorreu os antigos povoados jesuíticos com o arquiteto brasileiro Saturnino de Britto e o intelectual paraguaio Ramiro Domínguez. Conheceu as obras de arte das antigas missões jesuíticas (feitas entre 1610 e 1767) e, como resultado, organizou a exposição de 60 esculturas jesuíticas, apresentada sob sua curadoria na Bienal de São Paulo de 1961.

Foi a primeira vez que essas obras, restauradas, saíram das igrejas para contato com a crítica internacional.

"Livio Abramo fez uma obra ao mesmo tempo profundamente carregada de localismo, de história particular, e essencialmente aberta à linguagem contemporânea", diz o crítico de arte paraguaio Ticio Escobar.

Em 1962, instalou-se definitivamente no país. Entre as obras que desenvolveu em Assunção destacam-se as séries xilográficas "Paraguay" e "As Chuvas", além das séries de desenhos "Assunção e o Rio", "Caballos" e "Frisos do Partenón". Seus trabalhos se caracterizam por linguagem sintética e força expressiva.

No catálogo de uma exposição em 1967, no Paraguai, diz: "Aqui achei a horizontal e a vertical, o ponto, a linha simples e sensível: minha constante procura pelo essencial. O profundo mistério dos horizontes acabados. A cor metafísica das horas paraguaias".

Sergio Ferreira é jornalista do diário paraguaio "ABC Color"
 

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