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29/06/2003 - 08h51

Mônica Bergamo: Cachê das modelos não é reajustado há 3 anos

MÔNICA BERGAMO
colunista da Folha

Amanhã começa a São Paulo Fashion Week. O dinheiro é curto -os cachês das modelos não são reajustados há três anos, e até as top models de carreira internacional desfilam por cachês baixos para seus padrões. Mas costurar é preciso, ser belo é preciso, vender é preciso -e mais de 600 pessoas passaram a semana construindo os cenários do evento.

Do outro lado da cidade, na Pinacoteca, seis técnicos montavam uma das boas exposições do mês, a das Sant'Anas, imagens que saíram de uma fazenda do interior de Minas Gerais para serem expostas na cidade -evento que também começa amanhã.

Arquitetura do desejo

Nem elas escaparam da crise. Ricas, lindas, famosas, invejadas, as top models brasileiras estão há três anos sem "reajuste salarial". Pelo menos nas passarelas brasileiras: desde 2000 a tabela de cachês para desfiles da São Paulo Fashion Week não é reajustada. Modelos em início de carreira, as "C", de acordo com a tabela, ganham R$ 300; as "B" ganham R$ 500; as "A", R$ 700.

A partir daí elas são classificadas em "special", com cachê de R$ 1.200, por desfile, e então "special plus", de R$ 5.000 (modelos homens, coitadinhos, jamais ganham acima de R$ 1.200).

Há ainda as supertops, como Gisele Bündchen, Fernanda Tavares, Caroline Ribeiro e Ana Hickman, com sólida carreira internacional, ganhos estratosféricos em dólares e cachês diferenciados na SPFW. Mas nem nesse nicho a vida anda fácil quando elas pisam no Brasil.

"Já cheguei a receber R$ 30 mil por um desfile aqui. Mas uma coisa é o quanto a gente vale. A outra é o quanto as empresas têm para investir", diz Ana Hickman, que vai desfilar por R$ 5.000 na 15ª edição da São Paulo Fashion Week. "A verdade é que ninguém quer ficar parada." Ainda assim, Ana vai fazer seis desfiles no evento. Na última edição, fez 15.

A top Fernanda Tavares, por exemplo, insistiu no cachê alto, estimado em R$ 30 mil. Resultado: vai fazer só um desfile, da Zoomp.

Gisele Bündchen cobra R$ 90 mil. Vai desfilar apenas para a Cia. Marítima. "Há dez anos os cachês eram muito maiores. A crise chegou à moda. Hoje em dia as pessoas não têm dinheiro nem para comprar queijo branco, quanto mais casaco novo", diz Mônica Monteiro, empresária de Gisele.

Outras tops consagradas que, entra ano, sai ano, têm recebido R$ 5.000: Isabeli Fontana, Michelle Alves, Ana Cláudia Michels, Marcele Bittar.

Há modelos que recebem até em roupa. "Como elas adoram, a gente às vezes faz permuta", diz Terezinha Santos, dona da Patachou. "É bom para todo mundo."

Os estilistas, que chegam a desembolsar até R$ 250 mil para mostrar sua coleção, também estão se ressentindo com a crise. Três deles desistiram de desfilar alegando "reestruturação" em suas empresas. Mas a SPFW conseguiu, apesar de tudo, até crescer e manter seu orçamento, de R$ 4,5 milhões na edição de janeiro, intocado. Para isso, aumentou o número de patrocinadores, de dez para 13.

No fim da semana, 600 operários trabalhavam para finalizar a montagem do evento, na Bienal. Instalavam 55 hidrantes, 200 extintores, 5.000 m2 de cabos de transmissão e 13 mil m2 de geradores de energia, que alimentarão 1.300 refletores para jogar luz sobre 400 modelos que exibirão algumas das roupas mais bonitas do Brasil.

E-mail: bergamo@folhasp.com.br

Com Cleo Guimarães e Alvaro Leme

Especial
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