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10/07/2003 - 03h49

Desenhos japoneses são estrelas do Anima Mundi

DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Existem os animes, desenhos japoneses que têm feito a cabeça da garotada, e existem os animes, pequenas obras de arte da animação oriental autoral que fizeram a cabeça dos organizadores do 11º Anima Mundi --que abre amanhã no Rio e no dia 23 em SP.

Divulgação
Cena de "Buonomo", série de animação feita com macarrão por Mai Tominaga

O mais esperado é "Mt. Head", de Koji Yamamura, que faz sua estréia no Brasil depois de faturar o primeiro prêmio no festival alemão de Dresden e concorrer ao Oscar de melhor curta de animação deste ano.

Espécie de cordel oriental que usa a música e a voz de Takeharu Kunimoto para narrar a saga de um homem que cultiva, literalmente, uma árvore sobre a sua cabeça, "Mt. Head" é a cereja no bolo Yamamura preparado pela organização do evento. Além da exibição do curta premiado, o animador vem ao país no dia 19 para prestigiar uma mostra com diversos filmes de sua carreira.

"Quando fiz 'Mt. Head', quis usar a incerteza de identidade como um tema. A idéia original vem de um 'rakugo' [história cômica] clássico escrito há 200 anos. Quis tomar essa história emprestada e acrescentar críticas mais objetivas ao povo japonês", declarou em entrevista por e-mail à Folha o diretor de 39 anos, conhecido tanto por suas animações infantis quanto pelo experimentalismo.

"Sempre mantive uma distância da animação comercial japonesa e voltei meus olhos para os curtas mais artísticos vindos do Canadá e da Rússia", contou. "Mas não gosto da idéia de separar os animes comerciais dos artísticos, pois é muito subjetivo dizer o que é arte ou não."

Dividindo as atenções do público com Yamamura estará certamente o longa "My Life as McDull", do diretor taiwanês Toe Yuen, que faz a primeira das suas cinco sessões no Rio neste sábado.

Em oposição ao tradicional lápis e papel do primeiro, Yuen aposta em técnicas mistas de animação, incluindo, muitas vezes na mesma cena, personagens em 2D, cenários de computador e imagens reais captadas nas ruas de Hong Kong. O resultado é uma visão ao mesmo tempo hilária e ácida da sociedade oriental, que rendeu elogios por todos os festivais por que passou desde 2001.

"Vi só uma parte de 'My Life as McDull' em Annecy [importante festival de animação na França]. Mas acho mesmo que existe algo de similar entre as animações chinesas, coreanas e japonesas", disse Yamamura. "Creio que a palavra-chave que una todas elas seja 'sensibilidade de criança'."

Sensibilidade esta que já permeava o surpreendente "A Viagem de Chihiro", vencedor do Oscar de melhor longa animado e que, coincidência ou não, tem estréia na semana que vem.

"Para mim, a vitória de 'Chihiro' de Hayao Miyazaki no Oscar é a vitória de todo um segmento da animação japonesa e de suas conquistas técnicas nesse campo", diz o diretor de "Mt. Head", fiel adepto do binômio paciência/qualidade que fez de "Chihiro" o azarão da premiação da Academia diante de tantos rivais realizados em computador. "Faço questão de que todos os meus desenhos sejam feitos com lápis e tinta. Até uso o computador para filmar as cenas, mas sinto-me bem melhor e mais motivado em ver uma arte 'analógica'."

Finalmente, competência técnica é o que não falta à divertida série "Buonomo", de Mai Tominaga. Apesar de apresentar em seu currículo mais trabalhos publicitários do que propriamente experimentais, os filmes do diretor japonês, diluídos entre os curtas em vídeo que estão na programação do Anima Mundi, também merecem um olhar atento.

Criados em "stop-motion" --técnica semelhante à animação de massinha que consiste em filmar os modelos quadro a quadro-- os bonequinhos de macarrão de Tominaga estão possivelmente entre os mais trabalhosos e criativos momentos do festival.

Organizado há 11 anos por Aida Queiroz, Marcos Magalhães, Cesar Coelho e Lea Zagury, o Anima Mundi apresenta nesta edição um total de 586 produções animadas, entre curtas, longas, seriados e comerciais de televisão. O Brasil participa da mostra com 101 filmes, número recorde pelo quarto ano consecutivo.

Entre os outros destaques do festival (confira programação abaixo) há, no dia 19, o Papo Animado com o animador Doug Sweetland, que trabalhou nos filmes da Pixar ("Toy Story", "Procurando Nemo" etc.). Amanhã, é a vez do brasileiro Arnaldo Galvão fazer uma retrospectiva de sua carreira, que inclui trabalhos para o "Castelo Rá-Tim-Bum" e o curta "Almas em Chamas".

São Paulo recebe o festival completo entre os dias 23 e 27 de julho.

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