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26/08/2000
-
04h25
FERNANDA CIRENZA, da Folha de S.Paulo
O arquiteto Paulo Archias Mendes da Rocha está aflito com o lançamento hoje de sua monografia, a partir das 11h30, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. "Vou ter de ficar dando autógrafos."
O autor de projetos como o MuBe (Museu Brasileiro da Escultura) e o de renovação da própria Pinacoteca -que lhe rendeu em julho o Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-Americana- fala pouco sobre o livro.
"É uma obra de memória útil, de memória em andamento, que reúne trabalhos de 1957 até hoje."
Com 240 páginas, o volume compõe-se de projetos selecionados pelo próprio arquiteto, que também assina os textos introdutórios das três partes do livro.
A primeira se chama "América, Arquitetura e Natureza" e trata da relação entre arquitetura e território. "A natureza não tem virtude nenhuma. Pense nos vulcões, terremotos. Só nós somos capazes de transformar água em luz."
Em "Genealogia da Imaginação", Mendes da Rocha fala do poder da técnica. "Não podemos ser contra a técnica. Em nome da arquitetura, você pode produzir artefatos que seriam instrumentos destrutivos da cidade. É a diferença entre o Copan e os condomínios fechados."
Na terceira e última parte, "A Cidade para Todos", um dos destaques é o projeto de reurbanização da grota da Bela Vista, mais conhecido por Bexiga, em São Paulo, que não saiu da prancheta.
"A cidade é uma idéia, ela não existe. É uma invenção do homem. Se não gostamos dela, temos de fazer uma outra. A esperança é essa. Saber que
sabemos fazer desta uma outra."
Para Mendes da Rocha, um dos nomes de maior importância da arquitetura contemporânea no país, as críticas não devem ser dele. "Faço o meu trabalho."
Mas desabafa: "Acabaram com o vale do Anhangabaú e ninguém fala nada. Fiz um museu para mostras de escultura (MuBe) que não tem programação para arte, que está na mão de madames. Tem de haver uma posição crítica, capaz de transformar as coisas".
Da prancheta do arquiteto capixaba radicado em São Paulo desde 1936 saíram pelo menos 36 projetos -os que compõem a monografia.
Entre eles, o pavilhão oficial do Brasil na Expo 70, em Osaka (Japão), o terminal Parque D. Pedro 2º (1996), em São Paulo, por onde passam hoje cerca de 120 mil pessoas por dia, e o ginásio do clube Atlético Paulistano (1958), também em São Paulo, cujo projeto foi vencedor de concurso público.
Um dos jurados era nada mais nada menos que o arquiteto modernista Rino Levi (1901-65).
Um dos mais recentes projetos de Mendes da Rocha também pode ser visto em São Paulo: o de recuperação do pavilhão Lucas Nogueira Garcez (a Oca, que tem a assinatura de Oscar Niemeyer e que abrigava o Museu de Aeronáutica, no parque Ibirapuera; hoje, agrupa parte da Mostra do Redescobrimento).
Junto com João Filgueiras Lima, o Lelé, Mendes da Rocha ainda representa o Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza, que termina em 29 de outubro.
Lançamento: Paulo Mendes da Rocha
Autores: Paulo Mendes da Rocha, Rosa Artigas (org.) e Guilherme Wisnik (memoriais dos projetos)
Editora: Cosac & Naify
Quanto: R$ 85 (240 págs.)
Quando: hoje, às 11h30
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz, 2, tel. 0/xx/11/229-9844)
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"Memória" de Mendes da Rocha ganha corpo e é lançado hoje
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O arquiteto Paulo Archias Mendes da Rocha está aflito com o lançamento hoje de sua monografia, a partir das 11h30, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. "Vou ter de ficar dando autógrafos."
O autor de projetos como o MuBe (Museu Brasileiro da Escultura) e o de renovação da própria Pinacoteca -que lhe rendeu em julho o Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-Americana- fala pouco sobre o livro.
"É uma obra de memória útil, de memória em andamento, que reúne trabalhos de 1957 até hoje."
Com 240 páginas, o volume compõe-se de projetos selecionados pelo próprio arquiteto, que também assina os textos introdutórios das três partes do livro.
A primeira se chama "América, Arquitetura e Natureza" e trata da relação entre arquitetura e território. "A natureza não tem virtude nenhuma. Pense nos vulcões, terremotos. Só nós somos capazes de transformar água em luz."
Em "Genealogia da Imaginação", Mendes da Rocha fala do poder da técnica. "Não podemos ser contra a técnica. Em nome da arquitetura, você pode produzir artefatos que seriam instrumentos destrutivos da cidade. É a diferença entre o Copan e os condomínios fechados."
Na terceira e última parte, "A Cidade para Todos", um dos destaques é o projeto de reurbanização da grota da Bela Vista, mais conhecido por Bexiga, em São Paulo, que não saiu da prancheta.
"A cidade é uma idéia, ela não existe. É uma invenção do homem. Se não gostamos dela, temos de fazer uma outra. A esperança é essa. Saber que
sabemos fazer desta uma outra."
Para Mendes da Rocha, um dos nomes de maior importância da arquitetura contemporânea no país, as críticas não devem ser dele. "Faço o meu trabalho."
Mas desabafa: "Acabaram com o vale do Anhangabaú e ninguém fala nada. Fiz um museu para mostras de escultura (MuBe) que não tem programação para arte, que está na mão de madames. Tem de haver uma posição crítica, capaz de transformar as coisas".
Da prancheta do arquiteto capixaba radicado em São Paulo desde 1936 saíram pelo menos 36 projetos -os que compõem a monografia.
Entre eles, o pavilhão oficial do Brasil na Expo 70, em Osaka (Japão), o terminal Parque D. Pedro 2º (1996), em São Paulo, por onde passam hoje cerca de 120 mil pessoas por dia, e o ginásio do clube Atlético Paulistano (1958), também em São Paulo, cujo projeto foi vencedor de concurso público.
Um dos jurados era nada mais nada menos que o arquiteto modernista Rino Levi (1901-65).
Um dos mais recentes projetos de Mendes da Rocha também pode ser visto em São Paulo: o de recuperação do pavilhão Lucas Nogueira Garcez (a Oca, que tem a assinatura de Oscar Niemeyer e que abrigava o Museu de Aeronáutica, no parque Ibirapuera; hoje, agrupa parte da Mostra do Redescobrimento).
Junto com João Filgueiras Lima, o Lelé, Mendes da Rocha ainda representa o Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza, que termina em 29 de outubro.
Lançamento: Paulo Mendes da Rocha
Autores: Paulo Mendes da Rocha, Rosa Artigas (org.) e Guilherme Wisnik (memoriais dos projetos)
Editora: Cosac & Naify
Quanto: R$ 85 (240 págs.)
Quando: hoje, às 11h30
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz, 2, tel. 0/xx/11/229-9844)
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