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14/07/2003 - 12h25

Compay Segundo morre após 81 anos fazendo música cubana

CARLOS BATISTA
da France Presse, em Havana (Cuba)

Compay Segundo, que morreu na madrugada desta segunda-feira aos 95 anos, deixa um legado de música tradicional cubana que apresentou nos principais cenários do mundo, quando alcançou a fama internacional já com idade avançada.

"E sempre fiz minha música, a cubana tradicional", disse à imprensa no ano passado este homem que nasceu na região de Santiago de Cuba, berço do "son", ritmo medular da música da ilha, o bolero, e o ritmo tradicional.

Henry Romero/Reuters
Company Segundo acena durante show na Cidade do México, em 2000
"Qualquer música se mantém um tempo, mas a que não morre é a tradicional porque todo mundo precisa voltar às origens, ouvir suas raízes", acrescentou Compay Segundo, nome artístico de Máximo Francisco Repilado Muñoz.

Falador e festivo, de voz ronca e sorriso fácil que quase sempre acabava em gargalhadas, Compay teve uma vida sem abstinências mas sem excessos.

Aprendeu a fumar seus inseparáveis charutos aos cinco anos (quando acendia os de sua avó), teve cinco filhos, bebeu rum cubano e seu prato favorito sempre foi o pescoço de carneiro.

"Nada com excesso. Você não deve se aborrecer com o que tem. Você não tem que se aborrecer com a comida. Não deve se aborrecer com o amor. Voltando ao rum, eu digo: Compay, vocês está bem, um gole sim, mas muito deixa o fígado duro", declarou.

Música

Sua vida artística começou aos 15 anos de idade, quando deixou sua cidade natal para acompanhar o grupo os "Seis Áses", tocando em todos lugares até chegar à capital.

Nessa época se apresentava ao lado de outros músicos que mais tarde alcançaram a fama, como Ñico Saquito (Antonio Fernández) e Evelio Machín, já mortos.

Para celebrar o 80º aniversário dessa turnê, no ano passado apresentou a seu show "Se secó el arroyito", um espetáculo tradicionalista sobre o amor da filha de um capataz de um engenho de açúcar com um jovem pobre.

Mas nem tudo foi música na vida de Compay. Para poder comer foi lavrador, "charuteiro" (dobrador de folha de tabaco), cabeleireiro e pintor de paredes, conforme contava.

Começou sua vida artística tocando clarineta, instrumento com o qual entrou na Banda Municipal de Santiago de Cuba e a partir de 1934 se radicou em Havana, onde integrou um quinteto com Saquito.

Na década de 50 formou o duo "Los Compadres" com Lorenzo Hierrezuelo, de onde veio seu nome artístico ("o segundo dos Compay"). Após vários anos no duo, se separou para montar seu próprio grupo.

Mas depois de alcançar certa fama nacional, caiu no esquecimento. "Fiquei 14 anos sem gravar um disco", afirmou, até que a música cubana das décadas de 30, 40 e 50 do século 20 conquistou fama mundial e Compay Segundo teve sua segunda oportunidade, já idoso.

Buena Vista

Foi um dos integrantes do grupo Buena Vista Social Club (1997), que gravou um disco homônimo e mereceu um prêmio Grammy e a gravação de um documentário dirigido pelo alemão Wim Wenders em 1999, que foi exibido em todo mundo.

Depois do disco Buena Vista Social Club, voltou várias vezes aos estudos de gravação, uma delas para cantar ao lado de Silvio Rodríguez, expoente da chamada trova cubana.

Criador de seu próprio instrumento, o "harmônico", uma variação do violão com sete cordas, Compay Segundo ficou famoso não apenas por suas interpretações, mas também por compor sucessos com "Chan Chan".

Compadecendo de uma insuficiência renal desde o início deste mês, Compay Segundo cancelou todos seus compromissos artísticos e permaneceu em sua casa no bairro de Miaramar, no oeste de Havana, onde morreu rodeado por familiares e do carinho e respeito de seus compatriotas.

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