Publicidade
Publicidade
18/07/2003
-
09h41
da Folha de S.Paulo
Muito em muito pouco tempo, como diz o título do segundo e último disco, "Too Much Too Soon" (1974).
Os New York Dolls existiram por apenas seis anos --1971-77--, gravaram apenas um par de álbuns --o primeiro, homônimo, de 73--, mas deixaram testamento bem longo e ainda frutífero. Exemplo disso é "Lipstick Killers", que a Trama lança no país.
O disco traz nove canções gravadas de modo cru e tosco em 1972, no que foi chamado "The Mercer Street Sessions". Havia visto a luz do dia em 1981, no formato cassete, através do histórico selo Roir. É o resgate do resgate.
"Lipstick Killers" vem com nove faixas. Ásperas, secas e incisivas, algumas delas seriam lapidadas posteriormente e incluídas nos dois discos do grupo.
Em músicas como "Personality Crisis", "Looking for a Kiss" e "Human Being", os Dolls capturavam a agressividade de Rolling Stones e The Who e embalavam com o visual descarado do glam rock. Tocavam em buracos nova-iorquinos como o Max's Kansas City e o CBGB's vestidos como drag queens, numa época em que isso ainda era considerado transgressor. Foi dali, de Velvet Underground, Stooges e MC5, que apareceu o punk.
Liderado por Johnny Thunders e David Johansen, o New York Dolls teve vida curta e trágica. O baterista Billy Murcia morreu durante uma turnê londrina, logo após "Lipstick Killers", ao misturar quantidades nada recomendáveis de álcool e drogas. Anos depois, em 1991, o guitarrista Thunders sofreria overdose fatal.
Pouco antes de seu encerramento, a banda ainda seria empresariada --ou usada como cobaia-- por Malcolm McLaren, que utilizaria a experiência para criar os Sex Pistols.
Em 1977, o rock não morreu com o New York Dolls, mas ficou um pouco menos... engraçado.
Nostalgia
Se "Lipstick Killers" mostra o passado glorioso de uma banda idem, "Buzzcocks" (que chega também via Trama) revela o presente de um grupo nostálgico.
Menos anárquicos do que os Sex Pistols e sem o engajamento político do Clash, os Buzzcocks foram (quase) igualmente responsáveis pelo impacto musical/ cultural do punk britânico.
É verdade que a banda nunca produziu em estúdio um disco no mesmo patamar qualitativo de "Never Mind the Bollocks" (Pistols) ou "London Calling" (Clash), mas criaram gemas aqui e ali, como "Ever Fallen in Love?" e "Harmony in My Head" -prova é a coletânea "Singles Going Steady", de 1979.
O punk com certo traço pop dos Buzzcocks foi roído até o osso por grupos como Green Day e Offspring, e o disco lançado agora ainda traz aquilo de volta.
O problema aqui é que o "gás" que empurra os Buzzcocks é o mesmo que já move suas crias há tempos. Quem parece cansado depois da audição não são Pete Shelley e Steve Diggle --fundadores e ainda no grupo--, mas, sim, o ouvinte.
Há faixas como "Friends", "Wake Up Call" e "Keep On", vigorosas, encorpadas, mas é pouco. Para os fãs e para a banda.
Avaliação:
Lipstick Killers
Artista: The New York Dolls
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 27 (preço sugerido)
Avaliação:
Buzzcocks
Artista: Buzzcocks
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 28 (preço sugerido)
The New York Dolls lembram que rock também é escracho
THIAGO NEYda Folha de S.Paulo
Muito em muito pouco tempo, como diz o título do segundo e último disco, "Too Much Too Soon" (1974).
Os New York Dolls existiram por apenas seis anos --1971-77--, gravaram apenas um par de álbuns --o primeiro, homônimo, de 73--, mas deixaram testamento bem longo e ainda frutífero. Exemplo disso é "Lipstick Killers", que a Trama lança no país.
O disco traz nove canções gravadas de modo cru e tosco em 1972, no que foi chamado "The Mercer Street Sessions". Havia visto a luz do dia em 1981, no formato cassete, através do histórico selo Roir. É o resgate do resgate.
"Lipstick Killers" vem com nove faixas. Ásperas, secas e incisivas, algumas delas seriam lapidadas posteriormente e incluídas nos dois discos do grupo.
Em músicas como "Personality Crisis", "Looking for a Kiss" e "Human Being", os Dolls capturavam a agressividade de Rolling Stones e The Who e embalavam com o visual descarado do glam rock. Tocavam em buracos nova-iorquinos como o Max's Kansas City e o CBGB's vestidos como drag queens, numa época em que isso ainda era considerado transgressor. Foi dali, de Velvet Underground, Stooges e MC5, que apareceu o punk.
Liderado por Johnny Thunders e David Johansen, o New York Dolls teve vida curta e trágica. O baterista Billy Murcia morreu durante uma turnê londrina, logo após "Lipstick Killers", ao misturar quantidades nada recomendáveis de álcool e drogas. Anos depois, em 1991, o guitarrista Thunders sofreria overdose fatal.
Pouco antes de seu encerramento, a banda ainda seria empresariada --ou usada como cobaia-- por Malcolm McLaren, que utilizaria a experiência para criar os Sex Pistols.
Em 1977, o rock não morreu com o New York Dolls, mas ficou um pouco menos... engraçado.
Nostalgia
Se "Lipstick Killers" mostra o passado glorioso de uma banda idem, "Buzzcocks" (que chega também via Trama) revela o presente de um grupo nostálgico.
Menos anárquicos do que os Sex Pistols e sem o engajamento político do Clash, os Buzzcocks foram (quase) igualmente responsáveis pelo impacto musical/ cultural do punk britânico.
É verdade que a banda nunca produziu em estúdio um disco no mesmo patamar qualitativo de "Never Mind the Bollocks" (Pistols) ou "London Calling" (Clash), mas criaram gemas aqui e ali, como "Ever Fallen in Love?" e "Harmony in My Head" -prova é a coletânea "Singles Going Steady", de 1979.
O punk com certo traço pop dos Buzzcocks foi roído até o osso por grupos como Green Day e Offspring, e o disco lançado agora ainda traz aquilo de volta.
O problema aqui é que o "gás" que empurra os Buzzcocks é o mesmo que já move suas crias há tempos. Quem parece cansado depois da audição não são Pete Shelley e Steve Diggle --fundadores e ainda no grupo--, mas, sim, o ouvinte.
Há faixas como "Friends", "Wake Up Call" e "Keep On", vigorosas, encorpadas, mas é pouco. Para os fãs e para a banda.
Avaliação:
Lipstick Killers
Artista: The New York Dolls
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 27 (preço sugerido)
Avaliação:
Buzzcocks
Artista: Buzzcocks
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 28 (preço sugerido)
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice