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19/07/2003 - 20h56

Paulinho da Viola faz trilha sonora para seu filme

ROBERTO DE OLIVEIRA
enviado especial a São João Del Rei (MG)

Paulinho da Viola está feliz... E cansado. "Acho que nunca trabalhei tanto", diz. "Depois que fiz 60 anos, o que não falta é trabalho", brinca. Horas antes de se apresentar no 16º Inverno Cultural da UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei), show programado para esta noite de sábado, às 22h, Paulinho contou que está com a agenda lotada. "É um momento importante da minha carreira."

Esta é a primeira vez, em 39 anos, que o sambista carioca se apresenta na cidade. Estão programadas 23 músicas.

Além de uma extensa programação de shows, Paulinho está trabalhando na seleção de músicas do CD da trilha sonora do documentário "Paulinho da Viola - Meu Tempo É Hoje", disco que deve ser lançado logo depois do lançamento do filme, programado para estrear em São Paulo no começo do mês que vem. A seguir, trechos da conversa.

Folha Online - Você é tão tímido, como se sentiu "invadido" durante as filmagens do documentário?

Paulinho da Viola -
Na verdade, teve momentos no começo em que me senti bem estranho. Antes de começar a gravar, o que me ajudou foi conversar e me colocar bem à vontade para o Zuenir Ventura e para a Isabel Jaguaribe. Eles me ajudaram muito. Foram me preparando para que eu pudesse ir relaxando no decorrer das filmagens, mas quando o filme foi apresentado, me senti estranho quando as pessoas riam de algumas cenas. Pensava: "estão rindo de mim?". Depois revendo, entendi e até eu achei graça. Quando teve a apresentação do filme no Rio, juntei todos eles e disse, "olha pessoal, pode ficar à vontade para rir quando quiser".

Folha Online - Por que não fazer uma biografia?

Paulinho -
Jamais. Acho que não faria se fosse com teor biográfico, não me sentiria à vontade. Me incomodaria. O filme só saiu porque conheço bem as pessoas que trabalharam comigo. O Zuenir, por exemplo, o roteirista do filme, é meu amigo há tempos. E a idéia de criá-lo nasceu de um bate-papo, quando eu falava da minha relação com o tempo durante um jantar. O fato de eu não ser um saudosista. Acho que o documentário tem essa preocupação de mostrar o meu trabalho, as coisas que estão vivas dentro de mim. Pelo jeito, pelo que ouço, parece que o filme será bem recebido pelo público. Espero.

Folha Online - O documentário terá uma trilha sonora?

Paulinho -
Não tínhamos essa idéia inicialmente. Depois do filme pronto, todos acabaram me convencendo da importância de lançar um CD com músicas do filme. E agora estou trabalhando nisso. Tem muito trabalho a ser feito.

Folha Online - Você já selecionou as canções?

Paulinho -
Deve entrar "Carinhoso", que canto com a Marisa Monte. Tem uma música que canto com o meu pai e o meu filho no filme, que vamos ter que regravar em estúdio, mas que também será incluída. Tem muita canção que é só voz e violão. A música do Zeca Pagodinho também vai entrar. Tem uma música antiga, "Não Quero Você Assim", que também estou trabalhando nela. Essa vai entrar com certeza.

Folha Online - E a música que a Marina Lima canta com você?

Paulinho -
Essa acho que infelizmente não terá como entrar, porque ela ficou batucando com o pé, acompanhando a música, durante a gravação e não conseguimos resolver esse problema técnico no estúdio. Não sei, gostaria muito que entrasse. Tem uma outra música que canto com a Marisa Monte, na verdade, é uma gravação que foi incluída no documentário em preto-e-branco e que ainda estamos tentando resolver problemas de direitos autorais para poder incluí-la no CD.

Folha Online - E sua relação com o Carnaval carioca, como anda?

Paulinho -
As escolas estão muito desfiguradas, viraram grandes empresas. Eu assisti a todo esse movimento das escolas de samba de uma outra forma, mais verdadeira, de grandes sambas. Eu conheci Pixinguinha. Sinto que houve uma mudança muito grande nas escolas e eu não me coloco mais dentro delas. Fiquei afastado. Nem sei se vou sair no desfile no ano que vem. O samba-enredo não tem peso, ficou um samba tão rápido, perdeu a graça. É uma marcha.

O jornalista Roberto de Oliveira viajou a São João Del Rei (MG) a convite da organização do festival.

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