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27/07/2003 - 04h13

Charges da argentina Maitena passam a ser publicadas na Folha

CLÁUDIA CROITOR
da Folha de S.Paulo, no Rio

Ela não conhece muito bem as mulheres brasileiras. Mas pouco importa: para a cartunista Maitena, 41, que passa a publicar hoje na Ilustrada as charges de sua série "Superadas", elas não são tão diferentes assim no mundo todo.

"Não digo que somos todas iguais, como dizem alguns homens. Mas nos acontecem as mesmas coisas, temos uma escala de valores parecida", corrige a autora do álbum de quadrinhos "Mulheres Alteradas" (ed. Rocco), que esteve no Brasil durante a última Bienal do Livro, em maio.

Aos 41 anos --"mas aparento muito menos, apesar de me sentir com muito mais", diz, rindo--, no terceiro casamento, com três filhos e com mais de um milhão de exemplares de livros vendidos pelo mundo, Maitena é especialista em retratar com muita graça as angústias e paranóias femininas em duas séries de desenhos, "Superadas" e "Alteradas".

Em "Superadas", a cartunista diz que não fala só de mulheres. "Digamos que eu fale sob o ponto de vista da mulher. A maioria dos meus personagens são mulheres, mas há homens também -já que falamos dos homens 60% do tempo, não é?", diz.

Na conversa que teve com a Folha por telefone, de Buenos Aires, Maitena, que tem seus cartuns publicados em 17 países, entre eles Espanha ("El País"), Itália ("La Stampa"), Chile ("El Mercurio") e na própria argentina ("Para Ti", "La Nacion"), só quis se certificar de uma coisa: se suas charges sairiam junto às do brasileiro Angeli. "Trabalhar ao lado dele... uau! Para mim é uma honra. Sempre fui fã do Angeli."

Folha - Por que "Superadas"?
Maitena
- "Superadas" é uma palavra que meu pai, que era muito conservador, usava pejorativamente para se referir às mulheres que se divorciam, que vão ao analista, que tomam anticoncepcional, as mulheres modernas, enfim --e eu estou entre elas, claro.

Folha - O que você sabe sobre as mulheres brasileiras?
Maitena
- Não conheço tão bem para falar seriamente, estive muito pouco aí. Mas sei que nós, mulheres, nos parecemos muito em todo lugar.

Folha - Como você começou a desenhar? E por que sobre mulheres?
Maitena
- Comecei como ilustradora aos 17 anos, porque precisava trabalhar e não sabia fazer nada. Também não sabia desenhar, mas fazia isso um pouco melhor que as outras coisas. Fiz histórias eróticas por anos, só depois comecei a fazer tiras sobre mulheres, e me dei bem.

Folha - É raro haver mulheres humoristas. Você sofre preconceito?
Maitena - Sempre fui bem recebida, entre outras coisas, porque sou linda [risos]. Senti uma certa descriminação, sim, depois que passei a fazer sucesso. Acho que não há muitas mulheres humoristas por uma questão cultural, pela maneira como elas são educadas. O humor é uma coisa corrosiva, irônica, e essas características nunca foram permitidas às mulheres, que sempre tiveram de ser caladas, elegantes. Tive a sorte de ser a última de sete filhos, então minha mãe já estava cansada demais para me educar desse jeito...
 

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