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31/07/2003
-
10h36
da Folha de S.Paulo
A bela tomada do alto da cidade de Palermo, na Sicília, que abre o documentário sobre Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957), exibido hoje no Eurochannel, define o ângulo de visão desse príncipe e escritor. Difícil é imaginar que aquele que apreciava as ruelas e as casas simples de sua cidade natal da janela de um dos 300 quartos de seu castelo pudesse produzir o livro que despertou nos italianos os traumas sociais recônditos intocados durante as duas guerras mundiais.
Mas o menino mimado, que falava e lia em francês e inglês durante dias inteiros na biblioteca da família, acumulava em silêncio uma simpatia pelos revolucionários. O testemunho dessa atração está registrado nesse filme na voz de amigos que formavam o pequeno grupo de alunos de literatura inglesa de Lampedusa e que leram o primeiro manuscrito da obra-prima do escritor: "O Leopardo" (1958).
Não é por menos que seu romance capta os efeitos da turbulência na aristocracia dominante a partir do desembarque do líder revolucionário Giuseppe Garibaldi (1807-1882) em Marsala em 1860. Lampedusa teria pensado na estrutura de seu livro bem antes de escrevê-lo, colocando seu bisavô como protagonista dessa história que se restringe a 24 horas na vida de uma família de barões em plena decadência frente à ascensão da burguesia que se fortalecia com a unificação da Itália.
Trabalhando uma prosa suntuosa, à William Faulkner e Ernest Hemingway, Lampedusa contrariava os ditames neo-realistas italianos em voga. Nascia um verdadeiro romance de luta de classes.
Em 1963, a história ainda provocava, mas então na pele de Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon, que estrelaram a adaptação cinematográfica de "O Leopardo" por Luchino Visconti, que levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes daquele ano.
Usando imagens do filme e registros da Palermo original, o documentário retrata o entrelaçamento entre a vida e a obra de Lampedusa, o autor que teria escrito para "reencontrar sua identidade". Ele morreu vítima de câncer, em Roma, sem conhecer a revolução causada por "O Leopardo".
CICLO ESCRITORES: GIUSEPPE TOMASI DI LAMPEDUSA
Quando: hoje, às 16h, no Eurochannel
Lampedusa escreve para se reencontrar
ROGÉRIO EDUARDO ALVESda Folha de S.Paulo
A bela tomada do alto da cidade de Palermo, na Sicília, que abre o documentário sobre Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957), exibido hoje no Eurochannel, define o ângulo de visão desse príncipe e escritor. Difícil é imaginar que aquele que apreciava as ruelas e as casas simples de sua cidade natal da janela de um dos 300 quartos de seu castelo pudesse produzir o livro que despertou nos italianos os traumas sociais recônditos intocados durante as duas guerras mundiais.
Mas o menino mimado, que falava e lia em francês e inglês durante dias inteiros na biblioteca da família, acumulava em silêncio uma simpatia pelos revolucionários. O testemunho dessa atração está registrado nesse filme na voz de amigos que formavam o pequeno grupo de alunos de literatura inglesa de Lampedusa e que leram o primeiro manuscrito da obra-prima do escritor: "O Leopardo" (1958).
Não é por menos que seu romance capta os efeitos da turbulência na aristocracia dominante a partir do desembarque do líder revolucionário Giuseppe Garibaldi (1807-1882) em Marsala em 1860. Lampedusa teria pensado na estrutura de seu livro bem antes de escrevê-lo, colocando seu bisavô como protagonista dessa história que se restringe a 24 horas na vida de uma família de barões em plena decadência frente à ascensão da burguesia que se fortalecia com a unificação da Itália.
Trabalhando uma prosa suntuosa, à William Faulkner e Ernest Hemingway, Lampedusa contrariava os ditames neo-realistas italianos em voga. Nascia um verdadeiro romance de luta de classes.
Em 1963, a história ainda provocava, mas então na pele de Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon, que estrelaram a adaptação cinematográfica de "O Leopardo" por Luchino Visconti, que levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes daquele ano.
Usando imagens do filme e registros da Palermo original, o documentário retrata o entrelaçamento entre a vida e a obra de Lampedusa, o autor que teria escrito para "reencontrar sua identidade". Ele morreu vítima de câncer, em Roma, sem conhecer a revolução causada por "O Leopardo".
CICLO ESCRITORES: GIUSEPPE TOMASI DI LAMPEDUSA
Quando: hoje, às 16h, no Eurochannel
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