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01/08/2003 - 06h08

"Exterminador 3" serve para quarentões e pouca coisa mais

SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Poucos filmes conseguem ter a primeira continuação melhor do que a que deu origem a tudo. Um caso clássico é a obra-prima "O Poderoso Chefão 2" (1974), que superou (e ganhou mais Oscars) o original (1972). Outro é a cinessérie "O Exterminador do Futuro" ("Terminator", no original), em que o segundo capítulo (1991) tem mais graça, ação e emoção, nessa ordem, do que o primeiro (1984).

Tudo isso para dizer que poucos filmes conseguem escapar da maldição do terceiro capítulo. Talvez os deuses do cinema se reúnam e castiguem os mortais que cederam demais à ganância das bilheterias. De novo, "O Poderoso Chefão 3" (1990) é o exemplo melhor --Francis Ford Coppola declarou que o tinha realizado para pagar a hipoteca de casa.

Então, torçamos para que "O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas", que estréia hoje no Brasil, tenha servido para equilibrar as finanças imobiliárias de Jonathan Mostow, seu diretor relativamente novato (é seu quarto longa, entre os quais o bom "Breakdown"), porque de resto o filme serve para pouca coisa mais.

Uma delas é matar a saudade dos fãs hoje quarentões da série, que vão ficar quebrando a cabeça para pescar aqui e ali referências aos dois primeiros filmes. Elas estão todas lá, como quando o exterminador (Arnold Schwarzenegger) rememora "I'm back!" ou diz sobre a exterminatrix (Kristanna Loken) "She will be back!" e mesmo quando John Connor (Nick Stahl) tenta rememorar a máquina, falando "Você pelo menos se lembra de mim? Sarah Connor, a explosão da Cyberdyne, 'Hasta la vista, baby'?".

A outra é servir de canto do cisne (canto do pterodáctilo seria mais adequado) para o "ator" (coloque aspas nisso) Arnold Schwarzenegger, que disputa uma indicação para concorrer ao governo da Califórnia, seguindo assim os mesmos passos de um outro "ator", Ronald Reagan. Se tem chances? Até hoje, ninguém perdeu dinheiro apostando na ignorância do norte-americano médio, seja o espectador de cinema, seja o eleitor registrado.

"T3" recicla na cara-de-pau o enredo de "T2", o que deixa o roteiro com mais furos que um queijo suíço. Se tudo tinha sido resolvido no final do filme anterior, com o menino John Connor sobrevivendo, impedindo o ponto zero da revolução das máquinas e garantindo o futuro tranquilo da humanidade, como o presente recebe de novo duas máquinas do futuro? Não há resposta.

De resto, como sinal dos tempos e reflexo direto da doutrina Bush, "T3" troca toda a rebeldia e o aspecto civil da resistência às máquinas dos dois filmes anteriores por um militar bacana, pai da namorada de John Connor (Claire Danes), que vai indicar o caminho das pedras ao casal perdido...

Avaliação:

O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas (Terminator 3 - Rise of the Machines)
Produção: EUA, 2003
Direção: Jonathan Mostow
Com: Arnold Schwarzenegger, Nick Stahl, Kristanna Loken, Claire Danes
Quando: a partir de hoje, nos cines Frei Caneca Arteplex, Belas Artes e circuito
 

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