Publicidade
Publicidade
01/08/2003
-
04h07
Durante uma quinzena de junho, Chico Mattoso, João Paulo Cuenca e Santiago Nazarian vagaram pela vazia Parati farejando cada pedregulho de suas calçadas e tentando transformá-las em ficção, desafio lançado pela editora Planeta.
Eles foram, viram e escreveram, e o resultado será revelado agora. Os três lançam hoje em Parati o livro "Parati para Mim", com uma narrativa de cada um deles. Aproveitando a experiência, a Folha os convidou a escrever um breve roteiro de dicas paratienses.
Santiago Nazarian
O melhor de Parati são as cachaças! Experimente a de pitanga, a de cupuaçu e a de teletubbies! Depois caminhe pelas ruas tortuosas do centro histórico e tenha a sensação de navegar nas ondas do estreito de Malaca! Passe pela rua do Fogo de fogo e verá que tudo fará sentido em seu coração, e por que não em seu fígado?
Se você estiver tentando largar essa vida etílica, fique nos chocolates da Maga mesmo, que eu acho que fica na rua da Matriz e, se não ficar, você pergunta porque todo mundo conhece, o melhor é o de brigadeiro. Agora, se você não quer beber nem comer e precisa emagrecer, escolha outro destino, tipo Londres, porque em Parati os prazeres todos são orais... Aliás...
Santiago Nazarian, 26, é autor de "Olívio"
João Paulo Cuenca
O melhor de Parati é andar pelas ruas desertas da cidade nas suas madrugadas de baixa temporada. Entre as esquinas tortas e escuras, o vento afinando pedras e as casas vazias, o ar que se respira é centenário, quase morto.
Depois de uma dúzia de epifanias regadas a cerveja do único boteco aberto até tarde, ali perto da rua da Matriz (boteco mesmo, de cerveja de garrafa e ovo colorido), vem o sono vago e despreocupado, sem hora pra acordar. Durante o dia, a boa é andar pela cidade. O entorno reúne paisagens contrastantes o tempo inteiro. Não sei dizer de nenhum dos restaurantes caros. Passo por eles como um cão, penetra, cheirando ossadas de pedra em Parati.
João Paulo Cuenca, 24, é músico e escritor
Chico Mattoso
Em primeiro lugar, recomenda-se não levar patins. Também não é bom usar chinelo, nem fazer cooper pelo centro histórico --juntar essas duas coisas, então, é uma maneira de beirar o suicídio. Recomenda-se caminhar e prestar atenção aos reflexos que algumas poças fazem da cidade vazia. Atenção aos sinos: há lugares em que é possível ouvir até três igrejas tocando ao mesmo tempo. Procurar entrar nas casas, conhecer os jardins que se escondem em algumas delas. Dormir muito. Beber bem. Dizer pro cara da cocada que aquele preço não dá. No fim da tarde, sentar-se de frente pro mar e ocupar-se de afazeres elevados, como coçar os pés, cavar buracos ou estralar os ossos do pescoço.
Chico Mattoso, 25, é editor da revista "Ácaro"
Leia mais
"Em Parati, eu quero esquecer a Europa", diz Julian Barnes
Autores dão dicas sobre Parati
da Folha de S.Paulo, em ParatiDurante uma quinzena de junho, Chico Mattoso, João Paulo Cuenca e Santiago Nazarian vagaram pela vazia Parati farejando cada pedregulho de suas calçadas e tentando transformá-las em ficção, desafio lançado pela editora Planeta.
Eles foram, viram e escreveram, e o resultado será revelado agora. Os três lançam hoje em Parati o livro "Parati para Mim", com uma narrativa de cada um deles. Aproveitando a experiência, a Folha os convidou a escrever um breve roteiro de dicas paratienses.
Santiago Nazarian
O melhor de Parati são as cachaças! Experimente a de pitanga, a de cupuaçu e a de teletubbies! Depois caminhe pelas ruas tortuosas do centro histórico e tenha a sensação de navegar nas ondas do estreito de Malaca! Passe pela rua do Fogo de fogo e verá que tudo fará sentido em seu coração, e por que não em seu fígado?
Se você estiver tentando largar essa vida etílica, fique nos chocolates da Maga mesmo, que eu acho que fica na rua da Matriz e, se não ficar, você pergunta porque todo mundo conhece, o melhor é o de brigadeiro. Agora, se você não quer beber nem comer e precisa emagrecer, escolha outro destino, tipo Londres, porque em Parati os prazeres todos são orais... Aliás...
Santiago Nazarian, 26, é autor de "Olívio"
João Paulo Cuenca
O melhor de Parati é andar pelas ruas desertas da cidade nas suas madrugadas de baixa temporada. Entre as esquinas tortas e escuras, o vento afinando pedras e as casas vazias, o ar que se respira é centenário, quase morto.
Depois de uma dúzia de epifanias regadas a cerveja do único boteco aberto até tarde, ali perto da rua da Matriz (boteco mesmo, de cerveja de garrafa e ovo colorido), vem o sono vago e despreocupado, sem hora pra acordar. Durante o dia, a boa é andar pela cidade. O entorno reúne paisagens contrastantes o tempo inteiro. Não sei dizer de nenhum dos restaurantes caros. Passo por eles como um cão, penetra, cheirando ossadas de pedra em Parati.
João Paulo Cuenca, 24, é músico e escritor
Chico Mattoso
Em primeiro lugar, recomenda-se não levar patins. Também não é bom usar chinelo, nem fazer cooper pelo centro histórico --juntar essas duas coisas, então, é uma maneira de beirar o suicídio. Recomenda-se caminhar e prestar atenção aos reflexos que algumas poças fazem da cidade vazia. Atenção aos sinos: há lugares em que é possível ouvir até três igrejas tocando ao mesmo tempo. Procurar entrar nas casas, conhecer os jardins que se escondem em algumas delas. Dormir muito. Beber bem. Dizer pro cara da cocada que aquele preço não dá. No fim da tarde, sentar-se de frente pro mar e ocupar-se de afazeres elevados, como coçar os pés, cavar buracos ou estralar os ossos do pescoço.
Chico Mattoso, 25, é editor da revista "Ácaro"
Leia mais
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice