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03/08/2003
-
10h49
da Folha de S.Paulo
CLÁUDIA CROITOR
da Folha de S.Paulo, no Rio
Só quem passou longe de jornais, revistas e programas de fofoca no último mês não ouviu falar da polêmica da bala perdida em "Mulheres Apaixonadas". Mesmo sem ter sido sequer mencionada na novela, a história já corre entre os telespectadores e foi parar na Prefeitura do Rio.
O tiro irá matar a personagem Fernanda (Vanessa Gerbelli) numa rua do Leblon (zona sul do Rio), provavelmente no capítulo da próxima sexta. Ao ficar sabendo da cena --que foi divulgada com antecedência, como sempre ocorre nas histórias de Manoel Carlos--, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares do Rio protestou, dizendo que a novela afastaria os turistas.
O subprefeito da zona sul, Cláudio Versiani, negou autorização para que a Globo gravasse a cena, alegando que atrapalharia o trânsito. O prefeito Cesar Maia, que estava em Barcelona, teve de entrar na confusão e acabou liberando a gravação. "A intervenção do setor público seria a volta da maldita censura. Acho essa discussão [sobre a cena] uma bobagem", afirmou o prefeito à Folha.
O secretário estadual de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, também considerou a eventual proibição como censura. "O que afeta a imagem do Rio é o que as autoridades estão fazendo pela segurança", disse, por meio de sua assessoria de imprensa.
Manoel Carlos diz que ficou surpreso com tanta repercussão: "[Bala perdida] É bastante comum no Brasil e, acentuadamente de uns tempos para cá, no Rio. Não esperei a reação que foi esboçada por alguns, considerando a cena negativa para a cidade. Mas o prefeito houve por bem acabar com a onda que ameaçava se transformar no mico do ano".
Na opinião da socialite Vera Loyola, moradora do Rio que já inspirou uma personagem de Manoel Carlos em "Por Amor" (1998), o autor deveria desistir do tiro. "Estamos numa campanha contra o desarmamento. Todo mundo sabe que há balas perdidas, mas para que ficar mostrando na novela? Pode tornar as pessoas mais paranóicas."
Para o diretor de fotografia do filme "Carandiru", Walter Carvalho, o que há na novela não é uma real discussão sobre a violência. "A qualidade dramatúrgica da TV é desqualificada, porque os contatos que ela tem com a realidade são só para atingir ibope. Não se procura aprofundar a visão sobre a questão da violência."
Fernanda, que nem faz parte do núcleo de protagonistas, vai morrer ao passar de carro por um tiroteio entre bandidos e a polícia, deixando sua filha órfã. Não é um fato inédito nas tramas de Manoel Carlos: em 2000, a personagem de Lilia Cabral em "Laços de Família" também morreu desse jeito, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, deixando uma filha.
Autor diz que ficou surpreso com a repercussão do tiro
LAURA MATTOSda Folha de S.Paulo
CLÁUDIA CROITOR
da Folha de S.Paulo, no Rio
Só quem passou longe de jornais, revistas e programas de fofoca no último mês não ouviu falar da polêmica da bala perdida em "Mulheres Apaixonadas". Mesmo sem ter sido sequer mencionada na novela, a história já corre entre os telespectadores e foi parar na Prefeitura do Rio.
O tiro irá matar a personagem Fernanda (Vanessa Gerbelli) numa rua do Leblon (zona sul do Rio), provavelmente no capítulo da próxima sexta. Ao ficar sabendo da cena --que foi divulgada com antecedência, como sempre ocorre nas histórias de Manoel Carlos--, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares do Rio protestou, dizendo que a novela afastaria os turistas.
O subprefeito da zona sul, Cláudio Versiani, negou autorização para que a Globo gravasse a cena, alegando que atrapalharia o trânsito. O prefeito Cesar Maia, que estava em Barcelona, teve de entrar na confusão e acabou liberando a gravação. "A intervenção do setor público seria a volta da maldita censura. Acho essa discussão [sobre a cena] uma bobagem", afirmou o prefeito à Folha.
O secretário estadual de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, também considerou a eventual proibição como censura. "O que afeta a imagem do Rio é o que as autoridades estão fazendo pela segurança", disse, por meio de sua assessoria de imprensa.
Manoel Carlos diz que ficou surpreso com tanta repercussão: "[Bala perdida] É bastante comum no Brasil e, acentuadamente de uns tempos para cá, no Rio. Não esperei a reação que foi esboçada por alguns, considerando a cena negativa para a cidade. Mas o prefeito houve por bem acabar com a onda que ameaçava se transformar no mico do ano".
Na opinião da socialite Vera Loyola, moradora do Rio que já inspirou uma personagem de Manoel Carlos em "Por Amor" (1998), o autor deveria desistir do tiro. "Estamos numa campanha contra o desarmamento. Todo mundo sabe que há balas perdidas, mas para que ficar mostrando na novela? Pode tornar as pessoas mais paranóicas."
Para o diretor de fotografia do filme "Carandiru", Walter Carvalho, o que há na novela não é uma real discussão sobre a violência. "A qualidade dramatúrgica da TV é desqualificada, porque os contatos que ela tem com a realidade são só para atingir ibope. Não se procura aprofundar a visão sobre a questão da violência."
Fernanda, que nem faz parte do núcleo de protagonistas, vai morrer ao passar de carro por um tiroteio entre bandidos e a polícia, deixando sua filha órfã. Não é um fato inédito nas tramas de Manoel Carlos: em 2000, a personagem de Lilia Cabral em "Laços de Família" também morreu desse jeito, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, deixando uma filha.
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