08/08/2003 - 09h40

DVD de Jools Holland compila o melhor barulho da década de 90

DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Música e televisão sempre andaram lado a lado. Nos anos 60, eram Ed Sullivan e os Beatles; nos 70, Roberto Carlos e as "Jovens Tardes..."; nos 80, Chacrinha e Sidney Magal; e, nos 90, o reinado é do apresentador e pianista inglês Jools Holland.

Companheiro das madrugadas, seu "Later with Jools Holland", exibido aqui no People + Arts como "O Show de Jools Holland", oferece oportunidades de ouro para conhecer, a cada programa, uma meia dúzia de novas bandas.
Mas, neste "Later... Louder", segundo DVD do programa que a Warner lança agora no Brasil, somos obrigados a deixar de lado a busca pelo novo. "Later... Louder" --assim como seu antecessor, "10 Years Later"-- é a listinha das melhores músicas e bandas da década. O critério, simples e pretensioso, é o bom gosto.

Lembra a época em que camisa de flanela xadrez era tudo e só se falava em Alice in Chains, Screaming Trees e Jesus and Mary Chain? Pois é, Holland também lembrou e trouxe ao seu programa esses e outros ícones do grunge, incluindo os roqueiros-problema do Afghan Whigs.

Outro sobrevivente do período, Dave Grohl e seu Foo Fighters abrem o especial, em show gravado no final do ano passado, já com o hit recente "All My Life". O ex-baterista do Nirvana, que marca ponto no programa, é uma das estrelas dos extras do DVD, numa longa entrevista no backstage.

Fechando o ciclo dos agora "tiozinhos" do rock, comparecem as primeiras-damas do grunge Kim Gordon, do Sonic Youth, e Courtney Love, do Hole. E não é que, diante das câmeras, a viúva de Cobain se comportou direitinho? Em 98, auge de seus cinco minutos de fama no cinema, Love não levantou o vestido nem cuspiu na platéia.

No quesito colírio para os olhos e cotonete para os ouvidos --porque é barulho para ninguém botar defeito_, "Later... Louder" traz as elegantes PJ Harvey, Nina Persson, do Cardigans, e Shirley Manson, do Garbage. Como era bom o folk teen de Mazzy Star, anos antes de Avril Lavigne.

Por fim, ele, o famigerado novo rock. Do retrô pauleira dos Von Bondies, Datsuns, White Stripes e Black Rebel Motorcycle Club à histeria ensaiada dos Hives e Vines, Holland continua com os ouvidos abertos para as próximas gerações. Ainda que elas, como diria Kubrusly, "prefiram cuspir no prato em que comeram", como faz a garotada do At the Drive In, que quebra tudo, desafina e passeia no palco do programa. O público, democrático, aplaude.

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