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08/08/2003
-
10h08
da Folha de S.Paulo
Este álbum, "Dangerously in Love", nunca deveria iniciar com "Crazy in Love". É que a música é tão boa, pegajosa e perigosamente cativante que faz o restante parecer apenas supérfluo --o que é meio injusto.
"Crazy in Love" é obra de Beyoncé --a Beyoncé Knowles, 21 anos, do Destiny's Child, um trio de pop/r&b norte-americano que já vendeu 30 milhões de cópias de seus três discos.
Se essa música não te fizer gostar de r&b, então nenhuma outra fará. Aqui ela aparece com o rapper Jay-Z. E logo no começo, quando ele grita "Yes! It's so crazy right now!" pontuado por cordas alegres, à la big bands, já sabemos que o negócio não vai ser fácil.
Essa canção, sobre uma garota louca de amor por um cara, que fica maluca só de pensar em ser beijada e tocada por ele, é enérgica e dançante de tal forma que por alguns momentos --só por alguns momentos, exatos 3min55s-- todo o rock e a música eletrônica se tornam aparentemente inúteis.
E isso é "Crazy in Love", uma das melhores coisas do ano no pop e o ponto alto do disco.
O resto
Continuar "Dangerously in Love" após essa primeira faixa é missão insalubre, mas Beyoncé até que faz o que pode.
Em sua estréia solo, a cantora dá os primeiros passos a partir de onde parou --apenas temporariamente-- com o Destiny's Child: "Survivor", o decepcionante último disco do grupo, de 2001. Mas agora ela espertamente se ancora em colaborações especiais, como Jay-Z, Big Boi (da dupla Outkast), Missy Elliott e Sean Paul. (E não custa lembrar: Beyoncé desbancou Britney Spears como a garota-propaganda da Pepsi e hoje também empresta seu belo rostinho para vender os cosméticos da L'Oréal.)
O álbum segue com "Naughty Girl", um r&b malandro e sensual, em que ela entona "I'm feeling sexy". O problema aqui, e em outras músicas do disco, é que não dá para acreditar em Beyoncé e que ela está se "sentindo sexy" e que é uma "garota maliciosa". Isso cairia bem se fosse cantado por provocadoras como Madonna, Christina Aguilera ou Missy Elliott, mas não por uma garota assumidamente religiosa e que há pouco recusou uma oferta para ser capa da revista britânica "The Face" porque ficou ofendida ao saber que para a foto --ela seria clicada por David LaChapelle-- teria que vestir um microbiquíni e ser coberta por mel.
Já em "Baby Boy", em que Beyoncé faz par com o ragga-rapper Sean Paul, ela é um pouco menos atrevida, diz apenas que não consegue parar de sonhar com seu "baby boy", que preenche todas as suas fantasias.
"Hip Hop Star" tem levada quase-rock, com uma guitarrinha de fundo. É sexy, mas não explosiva.
O que poderia render pérola, a parceria com Missy Elliott, é a maior decepção. "Signs" é uma balada chata, sem ritmo, sem o balanço que caracteriza os trabalhos tanto de Elliott quanto do Destiny's Child.
"Dangerously in Love" não é um disco desigual, com uma canção espetacular e outras apenas boas. É, no mínimo, melhor do que o último do Destiny's Child.
Avaliação:
Dangerously in Love
Artista: Beyoncé
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
Em sua estréia, Beyoncé chega perigosamente sexy e abusada
THIAGO NEYda Folha de S.Paulo
Este álbum, "Dangerously in Love", nunca deveria iniciar com "Crazy in Love". É que a música é tão boa, pegajosa e perigosamente cativante que faz o restante parecer apenas supérfluo --o que é meio injusto.
"Crazy in Love" é obra de Beyoncé --a Beyoncé Knowles, 21 anos, do Destiny's Child, um trio de pop/r&b norte-americano que já vendeu 30 milhões de cópias de seus três discos.
Se essa música não te fizer gostar de r&b, então nenhuma outra fará. Aqui ela aparece com o rapper Jay-Z. E logo no começo, quando ele grita "Yes! It's so crazy right now!" pontuado por cordas alegres, à la big bands, já sabemos que o negócio não vai ser fácil.
Essa canção, sobre uma garota louca de amor por um cara, que fica maluca só de pensar em ser beijada e tocada por ele, é enérgica e dançante de tal forma que por alguns momentos --só por alguns momentos, exatos 3min55s-- todo o rock e a música eletrônica se tornam aparentemente inúteis.
E isso é "Crazy in Love", uma das melhores coisas do ano no pop e o ponto alto do disco.
O resto
Continuar "Dangerously in Love" após essa primeira faixa é missão insalubre, mas Beyoncé até que faz o que pode.
Em sua estréia solo, a cantora dá os primeiros passos a partir de onde parou --apenas temporariamente-- com o Destiny's Child: "Survivor", o decepcionante último disco do grupo, de 2001. Mas agora ela espertamente se ancora em colaborações especiais, como Jay-Z, Big Boi (da dupla Outkast), Missy Elliott e Sean Paul. (E não custa lembrar: Beyoncé desbancou Britney Spears como a garota-propaganda da Pepsi e hoje também empresta seu belo rostinho para vender os cosméticos da L'Oréal.)
O álbum segue com "Naughty Girl", um r&b malandro e sensual, em que ela entona "I'm feeling sexy". O problema aqui, e em outras músicas do disco, é que não dá para acreditar em Beyoncé e que ela está se "sentindo sexy" e que é uma "garota maliciosa". Isso cairia bem se fosse cantado por provocadoras como Madonna, Christina Aguilera ou Missy Elliott, mas não por uma garota assumidamente religiosa e que há pouco recusou uma oferta para ser capa da revista britânica "The Face" porque ficou ofendida ao saber que para a foto --ela seria clicada por David LaChapelle-- teria que vestir um microbiquíni e ser coberta por mel.
Já em "Baby Boy", em que Beyoncé faz par com o ragga-rapper Sean Paul, ela é um pouco menos atrevida, diz apenas que não consegue parar de sonhar com seu "baby boy", que preenche todas as suas fantasias.
"Hip Hop Star" tem levada quase-rock, com uma guitarrinha de fundo. É sexy, mas não explosiva.
O que poderia render pérola, a parceria com Missy Elliott, é a maior decepção. "Signs" é uma balada chata, sem ritmo, sem o balanço que caracteriza os trabalhos tanto de Elliott quanto do Destiny's Child.
"Dangerously in Love" não é um disco desigual, com uma canção espetacular e outras apenas boas. É, no mínimo, melhor do que o último do Destiny's Child.
Avaliação:
Dangerously in Love
Artista: Beyoncé
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
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