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08/08/2003 - 09h21

Crítica: Apesar do título, Barreto nem chega a decolar

SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Se tivesse sido dirigido por Donald Petrie ("Miss Simpatia") ou Roger Kumble ("Tudo para Ficar com Ele"), "Voando Alto" seria só ruim, como a maioria das comédias românticas ligeiras hollywoodianas --e nem é o caso de desprezar totalmente o gênero, que já nos deu ótimos filmes como "Harry e Sally", "Uma Linda Mulher" e "Quatro Casamentos e um Funeral".

O problema é que "Voando Alto" ("View from the Top"), que estréia hoje em São Paulo, é dirigido pelo brasileiro Bruno Barreto.

É o mesmo Bruno Barreto, 48, que comandou "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional, e "O Que É Isso, Companheiro" (1997), sobre episódio importante da história recente nacional. É também o mesmo Bruno Barreto que é o primogênito do clã Barreto, que influencia o cinema local há décadas, formado pelo Luiz Carlos, Lucy e o caçula Fábio.

Julgado apenas por seu resultado, "Voando Alto" decepciona. Conta a história de Donna Jensen (Gwyneth Paltrow), menina do interior que se cansa de sua vida de perdedora, com a mãe ex-dançarina de boate no quarto marido, e tenta carreira como comissária de bordo, depois de se inspirar pela vida de Sally Weston (Candice Bergen), uma espécie de Lair Ribeiro das comissárias de bordo. No caminho, conhece e se apaixona por Ted (Mark Ruffalo), que vai complicar tudo.

Mas falta alma. Meia hora passada, e o espectador se vê torcendo mais pelo fim do filme do que para que a incansável corrida de Donna rumo ao sucesso e ao amor perfeito dê certo. O roteiro do novato Eric Wald é tão esquemático e previsível que parece tirado de um curso de cinema em dez lições. E Gwyneth Paltrow está burocrática, parecendo contrariada (disse a mídia que a atriz se referia ao filme como "View from my Ass", "vista da minha bunda", pelo figurino exíguo).

Julgado como um filme dirigido por um cineasta brasileiro, "Voando Alto" é um espanto. Daria um prato cheio para psicanalistas, por sua luta em parecer mais norte-americano que o mais norte-americano dos norte-americanos e em não revelar NENHUM detalhe de sua origem tropical, um vício que acomete alguns patrícios que se expatriam nos EUA, onde Bruno Barreto vive com a mulher, a atriz Amy Irving, e os filhos há alguns anos.

Para não dizer que foi tudo em vão, dois aspectos seguram o filme. O primeiro é a trilha sonora, propositadamente brega no último, com "Don't Stop Believing", do Journey, "Living on a Prayer", do Bon Jovi, arranjos de "Time After Time", e outras.

O outro é a participação infelizmente pequena de Mike Myers (de "Austin Powers") como um instrutor impossivelmente estrábico. De chorar de rir suas micagens e a fotomontagem de sua prateleira, que traz fotos do personagem com outros vesgos famosos, como Marty Feldman, Peter Falk e Sammy Davis Jr.

Avaliação:

Voando Alto (View from the Top)
Produção: EUA, 2003
Direção: Bruno Barreto
Com: Gwyneth Paltrow, Mark Ruffalo, Mike Myers, Christina Applegate
Quando: a partir de hoje nos cines Interlagos, Metrô Santa Cruz, Central Plaza e circuito
 

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