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18/08/2003
-
09h29
colunista da Folha
A superfície da música comercial pode não saber, mas, em alguns andares abaixo no setor rock (e suas misturas), há algumas cenas musicais que não se preocupam com a decorrente crise de vendagens e até rivalizam em número de público e de adoração com bandas como Radiohead, Travis, Coldplay. A cena folk rock é uma delas, e os veteranos do Levellers são um dos ícones dela.
E do Levellers é lançado no Brasil agora, via Sum Records, o álbum "Green Blade Rising", sétimo da banda que já tem 16 anos de carreira, foi gigante na Inglaterra no começo dos 90 e não tem nenhuma queixa de não sair mais no semanário "New Musical Express", a "bíblia" musical jovem do Reino Unido.
"Somos veteranos agora. Temos nosso espaço garantido na "Mojo" e isso para nós está muito bom", brinca Mark Chadwick, vocalista do Levellers, que falou à Folha por telefone, de Londres.
Chadwick se refere à revista "Mojo", publicação mensal que até olha para a música contemporânea, mas tem peso forte no rock "adulto", de grupos da safra do começo dos 90 para trás.
"Graças aos dois primeiros discos do Levellers, atingimos um nível de popularidade que só o Oasis teve depois de nós", conta Chadwick, que fundou a banda nos anos 80, em Brighton.
Chadwick não exagera. Os discos "A Weapon Called the World" (1990) e "Levelling the Land" (1991) botaram a banda no Top Ten de álbuns e singles.
Para quem começou abrindo shows para a megabanda REM, logo o normal seria o inverso, se fosse levado em conta a resposta em adoração.
Em plena era do indie dance e da revolução grunge, se tornava muito difícil encontrar um inglês fã de música que não cantasse de cor as canções "World Freak Show", "Carry Me" e "One Way".
Atuante da causa social, o Levellers andava de braços dados com astros como Billy Bragg e Pogues, usando a guitarra de levada regional e folclórica a serviço de idéias comunistas de igualdade.
E parecia que o que Chadwick cantava era tudo o que a Inglaterra pop queria ouvir. Na época, seus shows de arena por toda a Europa sempre lotaram.
A banda ousa ter o recorde informal de ter reunido a maior platéia da história do gigantesco Glastonbury, um dos principais festivais de pop no planeta.
Fala-se que 120 mil pessoas disputaram um espaço diante do palco do Levellers naquele show.
"Foi inacreditável e muito esquisito. O engraçado era na hora em que tocávamos alguma música famosa. O público cantava junto e éramos atingidos por várias massas sonoras desiguais que sobrepunham até o meu retorno. Tinha que me concentrar bem no que eu estava cantando para não me atrapalhar", diz Chadwick.
Uma platéia massiva na frente do palco pode ter surpreendido a banda naqueles tempos, mas agora, mais de década depois de a banda ser top, a coisa não é muito diferente.
"Sempre que o Levellers toca, em parques, festivais, temos sempre um público enorme. Muita gente acompanhou a banda mesmo depois que paramos um pouco e saímos do noticiário."
O devotado fã-clube do Levellers responde bem à venda de discos da banda. Mesmo correndo por fora durante o domínio do britpop, o Levellers nunca foi esquecido na lojas e nos shows.
A banda só experimentou um vazio criativo e financeiro depois de "Mouth to Mouth", em 1997. Piorou depois do fiasco de "Hello Pig" (2000), que não agradou nem o mais fervoroso seguidor.
Mas, ainda assim, bastava um festival folk em qualquer cidade do interior inglês para a banda arrastar um público de 50 mil pessoas só com seu nome.
"Green Blade Rising", lançado em setembro de 2002 lá fora, provocou um resgate do "velho" Levellers. "O disco realmente agradou. A turnê foi espetacular, os shows sempre cheios. Estamos na melhor fase ao vivo dos últimos dez anos. E o que mais me agrada é ver que, na frente do palco, existe um amontoado de garotos de 15, 16 anos, que estavam nascendo quando fazíamos sucesso. É sinal de que podemos ser veteranos, mas a energia do Levellers ainda atrai", alegra-se.
Leia mais
Novo disco funciona como um resgate do Levellers
Veteranos do Levellers conhecem "vida após o auge"
LÚCIO RIBEIROcolunista da Folha
A superfície da música comercial pode não saber, mas, em alguns andares abaixo no setor rock (e suas misturas), há algumas cenas musicais que não se preocupam com a decorrente crise de vendagens e até rivalizam em número de público e de adoração com bandas como Radiohead, Travis, Coldplay. A cena folk rock é uma delas, e os veteranos do Levellers são um dos ícones dela.
E do Levellers é lançado no Brasil agora, via Sum Records, o álbum "Green Blade Rising", sétimo da banda que já tem 16 anos de carreira, foi gigante na Inglaterra no começo dos 90 e não tem nenhuma queixa de não sair mais no semanário "New Musical Express", a "bíblia" musical jovem do Reino Unido.
"Somos veteranos agora. Temos nosso espaço garantido na "Mojo" e isso para nós está muito bom", brinca Mark Chadwick, vocalista do Levellers, que falou à Folha por telefone, de Londres.
Chadwick se refere à revista "Mojo", publicação mensal que até olha para a música contemporânea, mas tem peso forte no rock "adulto", de grupos da safra do começo dos 90 para trás.
"Graças aos dois primeiros discos do Levellers, atingimos um nível de popularidade que só o Oasis teve depois de nós", conta Chadwick, que fundou a banda nos anos 80, em Brighton.
Chadwick não exagera. Os discos "A Weapon Called the World" (1990) e "Levelling the Land" (1991) botaram a banda no Top Ten de álbuns e singles.
Para quem começou abrindo shows para a megabanda REM, logo o normal seria o inverso, se fosse levado em conta a resposta em adoração.
Em plena era do indie dance e da revolução grunge, se tornava muito difícil encontrar um inglês fã de música que não cantasse de cor as canções "World Freak Show", "Carry Me" e "One Way".
Atuante da causa social, o Levellers andava de braços dados com astros como Billy Bragg e Pogues, usando a guitarra de levada regional e folclórica a serviço de idéias comunistas de igualdade.
E parecia que o que Chadwick cantava era tudo o que a Inglaterra pop queria ouvir. Na época, seus shows de arena por toda a Europa sempre lotaram.
A banda ousa ter o recorde informal de ter reunido a maior platéia da história do gigantesco Glastonbury, um dos principais festivais de pop no planeta.
Fala-se que 120 mil pessoas disputaram um espaço diante do palco do Levellers naquele show.
"Foi inacreditável e muito esquisito. O engraçado era na hora em que tocávamos alguma música famosa. O público cantava junto e éramos atingidos por várias massas sonoras desiguais que sobrepunham até o meu retorno. Tinha que me concentrar bem no que eu estava cantando para não me atrapalhar", diz Chadwick.
Uma platéia massiva na frente do palco pode ter surpreendido a banda naqueles tempos, mas agora, mais de década depois de a banda ser top, a coisa não é muito diferente.
"Sempre que o Levellers toca, em parques, festivais, temos sempre um público enorme. Muita gente acompanhou a banda mesmo depois que paramos um pouco e saímos do noticiário."
O devotado fã-clube do Levellers responde bem à venda de discos da banda. Mesmo correndo por fora durante o domínio do britpop, o Levellers nunca foi esquecido na lojas e nos shows.
A banda só experimentou um vazio criativo e financeiro depois de "Mouth to Mouth", em 1997. Piorou depois do fiasco de "Hello Pig" (2000), que não agradou nem o mais fervoroso seguidor.
Mas, ainda assim, bastava um festival folk em qualquer cidade do interior inglês para a banda arrastar um público de 50 mil pessoas só com seu nome.
"Green Blade Rising", lançado em setembro de 2002 lá fora, provocou um resgate do "velho" Levellers. "O disco realmente agradou. A turnê foi espetacular, os shows sempre cheios. Estamos na melhor fase ao vivo dos últimos dez anos. E o que mais me agrada é ver que, na frente do palco, existe um amontoado de garotos de 15, 16 anos, que estavam nascendo quando fazíamos sucesso. É sinal de que podemos ser veteranos, mas a energia do Levellers ainda atrai", alegra-se.
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