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25/08/2003 - 04h23

Roy Orbison canta hinos dos solitários

BRUNO YUTAKA SAITO
da Folha de S.Paulo

No documentário "Roy Orbison - A Antologia" (1999), que o canal Multishow exibe hoje, não há entrevistas retiradas de arquivos com o cantor, um dos pilares do rock'n'roll. Nada é dito a respeito de sua vida pessoal. Apenas a voz dos discípulos e trechos raros de apresentações em programas de TV e shows.

É uma escolha que faz certo sentido quando o biografado em questão é o cantor, compositor e guitarrista norte-americano Roy Orbison (1936-1988). Isso porque, em letras e postura de palco, o músico já deixava explícito um imaginário que apenas os solitários entenderiam. Nada a ver com a estética forjada do sofrimento que contagia nove entre dez bandas inglesas da atualidade.

Roy Orbison fazia parte da "classe de 55", uma turma nada modesta que incluía Elvis Presley, Johnny Cash, entre outros --gente da gravadora Sun, celeiro daquilo que viria a ser o rock'n'roll.

Se Elvis chacoalhava os quadris, Orbison ficava praticamente estático tocando sua guitarra. Se todos sorriam e transpiravam alegria, Orbison vestia roupas escuras e não se separava de seus óculos escuros --não, ele não nasceu com aqueles óculos; o programa traz raro registro do cantor sem eles, em "Only the Lonely".

"Artista másculo que cantava usando falsetes", como lembra Bono (U2) no documentário, Orbison seria um dos artistas mais bem-sucedidos do começo dos anos 60 com suas baladas românticas --um dos poucos não afetados pela explosão dos Beatles (com quem chegou a excursionar em 1963). Nas letras, Orbison encarnava o cara abandonado pela namorada, que não tinha medo de expor a fragilidade. Às vezes, a história não terminava tão mal assim, como em "Running Scared".

Mais trágica foi sua vida pessoal. Na segunda metade dos anos 60, ele interromperia a carreira após a morte da mulher, em 66, e a de dois filhos, em 68. Seria apenas nos anos 80 que sua carreira ganharia novo gás, em grande parte impulsionada por uma geração que o idolatrava. O cineasta David Lynch resgataria "In Dreams" no seu filme "Veludo Azul" (1986) --repetiria a dose em "Cidade dos Sonhos" (2001) com uma bizarra versão para "Crying"--, e artistas como Bruce Springsteen prestariam seus tributos. Ainda haveria a superbanda Traveling Wilburys, composta por Orbison, George Harrison, Bob Dylan, Tom Petty e Jeff Lynne. Quando tudo indicava que sua carreira estouraria novamente, ele morreria de um ataque cardíaco. Solitário, direto para os sonhos e o inconsciente coletivo do rock.

ROY ORBISON - A ANTOLOGIA. Documentário da série "Por Trás da Fama". Quando: hoje, às 15h, no Multishow.
 

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