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02/09/2003 - 15h47

Novo cinema argentino recebe elogios em Veneza

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da France Presse, em Veneza (Itália)

No sexto dia do Festival de Cinema de Veneza, os filmes argentinos apresentados hoje foram recebidos com elogios e aplausos.

"Simples e sincero". Assim o crítico do jornal "La Repubblica" qualificou o filme "La Quimera de los héroes", do diretor Daniel Rosenfeld, 30, apresentado na seção Contracorrente.

Na disputa pelo Prêmio San Marco, o filme conta em 70 minutos, em estilo documentário, a história real de Eduardo Rossi, um personagem contraditório, profundamente autoritário e pró-nazista, apaixonado pelo rugby e obstinado a defender com o esporte um grupo de indígenas argentinos.

Co-produzido pelos franceses da Les films d'ici, e com aportes dinamarqueses, australianos e holandeses, o filme trata, particularmente, das dificuldades para se criar o primeiro clube de rugby com indígenas argentinos.

"É a história de um herói, de alguém que cumpre um ato épico e heróico, da transformação de uma espécie de consciência para outra", definiu o diretor, para quem seu filme é uma espécie de "experiência", um híbrido entre o documentário e a obra de ficção.

Ex-assistente de direção de Alejandro Agresti ("Casamento Secreto"/1989, "Uma Noite com Sabrina Love"/2000), Rosenfeld participou com seu primeiro longa, "Saluzzi, ensayo para bandoleón y tres hermanos", no Festival de Berlim de 2000, quando foi elogiado pela linguagem utilizada no filme.

"O cinema de Rosenfeld, que parece fabricado com nada, é bem difícil de fazer por sua extraordinária e desejada simplicidade, algo que termina por te tocar de forma profunda. Isto, no caos do Festival, não é pouco", escreveu o crítico do "Gazzettino".

Parábola

Rodado na Província argentina de Formosa com aborígenes da região, o filme fala da mudança interior de Rossi, que interpreta a si mesmo, em sua transformação de homem conservador e racista a defensor da dignidade dos indígenas e de seus próprios direitos.

"É uma parábola sobre o poder e as ideologias, a história de um ato heróico praticado por um homem politicamente incorreto que, se abandonou o preconceito racial, continua mantendo o amor desmedido pelas armas e pelos uniformes militares", explicou Rosenfeld.

"[Ele] é ex-jogador de rugby profissional que volta à Argentina e acredita que com o esporte vai salvar os indígenas e tirá-los das condições difíceis [em que vivem]", acrescentou.

"Nesse contexto, contamos a difícil situação dos indígenas da América Latina", destacou o diretor.

"Setenta minutos para um retrato sobre a poderosa ambiguidade humana". Assim o crítico Giuseppe Ghigi definiu "La Quimera...".

Também intimista, "Ana y los otros", de Cecilia Murga, fala da transformação interior de uma jovem que volta à sua cidade-natal, no Panamá. O filme foi apresentado na seção paralela Semana da Crítica.

Em busca de um antigo amor, dos amigos de escola e cheia de nostalgia, Ana (interpretada pela carismática Camila Toker) percorre sua cidade e sua Província de um lado a outro, em busca de um passado indefinido, que pouco mostra da realidade argentina do presente e nega toda a possibilidade de conhecer seu futuro.

Primeiro longa de Murga, 30, "Ana y los otros" não foi tão bem recebido pela crítica veneziana, que o definiu como uma "viagem existencial sem alma" dentro das inquietações de uma jovem que ainda não sabe para onde vai.

Aclamados pelo público, os dois filmes representam a vitalidade do novo cinema argentino, cuja criatividade se tornou ponto de referência para o cinema latino-americano.

De fato, apesar da crise econômico-social que castiga a Argentina, a escola de cinema de Buenos Aires tem mais de 12 mil alunos de vários países latino-americanos, "um número expressivo", segundo seu diretor, Jorge Alvarez, que, em Veneza, pediu apoio, além de portas e mercados abertos nos circuitos do velho continente.
 

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