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04/09/2003
-
14h29
da France Presse, em Veneza (Itália)
Com um filme comovente, o diretor italiano Marco Bellocchio revive, no festival de Veneza, os 55 dias de sequestro que terminaram com a execução, em 1978, do líder da Democracia Cristã, Aldo Moro, pelas Brigadas Vermelhas: uma tragédia que marcou a história da Itália e do terrorismo na Europa.
Com o título "Buongiorno, notte", o diretor italiano reconstitui desde a preparação do sequestro ao momento da execução do estadista italiano, misturando filmes-documento e os sentimentos dos carcereiros.
Baseado livremente no livro "Il prigionero", de Anna Laura Braghetti, Bellocchio narra de forma crítica a utopia dos brigadistas, seu sonho de transformar a sociedade italiana através de um sequestro político e como este episódio desata interrogações, dúvidas e o medo da protagonista, a terrorista Chiara (Maya Sansa).
O filme de 105 minutos, que disputa o Leão de Ouro, foi assistido em respeitoso silêncio e acolhido com longos aplausos hoje por espectadores e cinéfilos.
"Não é um filme político", explicou Bellocchio durante entrevista coletiva na qual foi lida uma carta do filho de Moro, Giovanni, em que elogia a "criação artística" e a forma de abordar "a experiência humana de seu pai ante um destino trágico".
Rodado em ritmo intenso, quase todo dentro de um apartamento com uma luz escura e trilha sonora emocionante (Pink Floyd como fio condutor), o filme entra na psicologia de Chiara, a única carcereira que mantém contato com o mundo exterior através do trabalho como funcionária de uma biblioteca, onde ouve os comentários das pessoas, e a única que vota contra a condenação à morte do político.
"No filme há dois sonhos, o dela que quer libertá-lo e o dele, que sai livremente do apartamento", disse Bellocchio.
Interpretado por Roberto Herlitzka, Moro aparece desde o início como um homem já condenado, lúcido, tragicamente humano e crente, que elabora idéias, pensamentos, escreve cartas, inclusive ao papa Paulo 6º, que aparece em várias ocasiões e tenta mobilizar uma classe política petrificada.
"Se enganaram (sic) de pessoa, não tenho poder institucional", são as primeiras palavras de Moro, que adverte a seus sequestradores, como em uma premonição, o que acontecerá: "Me tornarei (sic) um mártir, vocês serão perseguidos, encurralados e o povo vai odiá-los".
Com lançamento, previsto para amanhã em toda a Itália, o filme certamente provocará fortes reações porque, segundo o próprio diretor, fala "da loucura lúcida das BV, ao querer transformar o mundo sem ter uma relação direta com a realidade".
Para Bellocchio, que termina o filme com a imagem de Moro, "depois de um quarto de século se pode dizer, tranquilamente, que o projeto das Brigadas Vermelhas foi catastrófico".
O cineasta, que destaca os aspectos humanos de ambas as partes, não faz nenhuma referência ao futuro, nem ao desaparecimento das BV como organização, nem à condenação à prisão perpétua de seus responsáveis, muitos dos quais estão diante da possibilidade de continuar cumprindo a pena em regime semi-aberto.
Filme revive sequestro de Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas
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Com um filme comovente, o diretor italiano Marco Bellocchio revive, no festival de Veneza, os 55 dias de sequestro que terminaram com a execução, em 1978, do líder da Democracia Cristã, Aldo Moro, pelas Brigadas Vermelhas: uma tragédia que marcou a história da Itália e do terrorismo na Europa.
Com o título "Buongiorno, notte", o diretor italiano reconstitui desde a preparação do sequestro ao momento da execução do estadista italiano, misturando filmes-documento e os sentimentos dos carcereiros.
Baseado livremente no livro "Il prigionero", de Anna Laura Braghetti, Bellocchio narra de forma crítica a utopia dos brigadistas, seu sonho de transformar a sociedade italiana através de um sequestro político e como este episódio desata interrogações, dúvidas e o medo da protagonista, a terrorista Chiara (Maya Sansa).
O filme de 105 minutos, que disputa o Leão de Ouro, foi assistido em respeitoso silêncio e acolhido com longos aplausos hoje por espectadores e cinéfilos.
"Não é um filme político", explicou Bellocchio durante entrevista coletiva na qual foi lida uma carta do filho de Moro, Giovanni, em que elogia a "criação artística" e a forma de abordar "a experiência humana de seu pai ante um destino trágico".
Rodado em ritmo intenso, quase todo dentro de um apartamento com uma luz escura e trilha sonora emocionante (Pink Floyd como fio condutor), o filme entra na psicologia de Chiara, a única carcereira que mantém contato com o mundo exterior através do trabalho como funcionária de uma biblioteca, onde ouve os comentários das pessoas, e a única que vota contra a condenação à morte do político.
"No filme há dois sonhos, o dela que quer libertá-lo e o dele, que sai livremente do apartamento", disse Bellocchio.
Interpretado por Roberto Herlitzka, Moro aparece desde o início como um homem já condenado, lúcido, tragicamente humano e crente, que elabora idéias, pensamentos, escreve cartas, inclusive ao papa Paulo 6º, que aparece em várias ocasiões e tenta mobilizar uma classe política petrificada.
"Se enganaram (sic) de pessoa, não tenho poder institucional", são as primeiras palavras de Moro, que adverte a seus sequestradores, como em uma premonição, o que acontecerá: "Me tornarei (sic) um mártir, vocês serão perseguidos, encurralados e o povo vai odiá-los".
Com lançamento, previsto para amanhã em toda a Itália, o filme certamente provocará fortes reações porque, segundo o próprio diretor, fala "da loucura lúcida das BV, ao querer transformar o mundo sem ter uma relação direta com a realidade".
Para Bellocchio, que termina o filme com a imagem de Moro, "depois de um quarto de século se pode dizer, tranquilamente, que o projeto das Brigadas Vermelhas foi catastrófico".
O cineasta, que destaca os aspectos humanos de ambas as partes, não faz nenhuma referência ao futuro, nem ao desaparecimento das BV como organização, nem à condenação à prisão perpétua de seus responsáveis, muitos dos quais estão diante da possibilidade de continuar cumprindo a pena em regime semi-aberto.
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