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12/09/2003 - 12h25

Novo livro de Kertesz aborda o trauma da transição pós-comunismo

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ZOLTAN SIMON
da France Presse, em Budapeste

O escritor húngaro Imre Kertesz, Nobel de Literatura em 2002 por suas obras sobre o Holocausto, publica seu primeiro livro depois de ser premiado pela Academia Sueca. "Felszamolas" ("Liquidação") aborda o processo de transição na Hungria depois do fim do comunismo.

O romance narra a história de um editor que luta para sobreviver e encontrar um sentido para sua vida depois da queda do regime comunista da Hungria, em 1989, e do suicídio de um de seus melhores amigos, um escritor.

"A transição teve um efeito traumático tanto na sociedade em seu conjunto como na vida pessoal dos indivíduos", declarou Kertesz durante uma entrevista coletiva concedida por ocasião do lançamento do livro.

"Felszamolas" será publicado esta semana simultaneamente em húngaro e em alemão. Edições em outros idiomas deverão ser lançadas em breve.

"Com a queda do comunismo, um mundo se desfaz e, apesar desse mundo ser carcerário, sair de uma prisão também é traumático", declarou o escritor, para logo depois explicar que o livro "trata desses traumas".

Livro misterioso

Na trama, o editor se dedica a procurar um possível romance póstumo de seu amigo, convencido de que esse livro trará as razões para o suicídio de seu autor e as explicações necessárias para que ele consiga sobreviver na nova sociedade húngara.

"Tenho que ler esse livro para saber, sem sombra de dúvidas, por que motivo ele morreu (...) e para saber se tenho o direito de viver", diz a personagem.

Imre Kertesz, 73, informou que trabalhou durante dez anos sobre o tema antes de publicar "Liquidação".

A obra mais conhecida de Kertesz, "Sorstalansag" (algo como "Sem destino"), publicada em 1975 e cuja adaptação para o cinema já está em produção, narra a tragédia dos judeus durante o nazismo através da história de um jovem de 14 anos enviado aos campos de extermínio. O livro é baseado na experiência pessoal do autor.

De fato, nascido em 9 de novembro de 1929 em uma família judaica de Budapeste, Kertesz foi deportado em 1944, aos 15 anos, para o campo de Auschwitz-Birkenau, do qual foi transferido para o campo de Buchenwald, de onde foi liberado em 1945.

Kertesz explicou que, apesar de seus livros falarem do genocídio dos judeus ou do comunismo, não têm uma dimensão política. "Eu faço literatura, não tratados políticos", disse.

"'Sorstalansag' é uma obra sobre a ausência de destino, não sobre o Holocausto. 'Felszamolas' é um livro sobre o presente e o passado. Trata-se de saber se diante dessa liquidação é possível construir algo novo", concluiu Kertesz.
 

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