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13/09/2003 - 07h01

A língua do cinema não pertence a nenhum país

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INÁCIO ARAUJO
Crítico da Folha de S.Paulo

A língua do cinema é o cinemês, costuma dizer Walter Lima Jr.. Maneira de romper as fronteiras nacionais, com a idéia do filme nacional como um particularismo.

Ora, isso não é a confundir com a internacionalização ligeira, com esses filmes que parecem vir de lugar nenhum, ou de um território que se poderia chamar tecnolândia. Walter Lima é o cinema de "Menino de Engenho", de "Inocência", "Ele, o Boto" e, mais recentemente, "A Ostra e o Vento". Não há como duvidar de sua brasilidade.

Seu argumento não é geográfico, embora a geografia tenha uma parte considerável nisso. Mas de ver no cinema essa arte com a qual as pessoas de qualquer parte do planeta podem se entender, pois ninguém precisa falar russo para saber aonde queria Eisenstein chegar, ou japonês para entender Griffith etc.

Assim, ainda que "A Ostra e o Vento" se passe em uma ilha que poderia estar, a rigor, em qualquer lugar do mundo, a natureza ali representada tem a luz do Brasil. Assim também, os ciúmes que sente o pai de sua filha, ainda que patológicos, não seriam significativos de uma maneira patriarcal de conceber família e relações familiares?

A vantagem de certos cineastas é que não precisam provar que são brasileiros. Eles são. E também não precisam de um "assunto universal" para pertencer ao mundo. O cinemês lhes basta.

É nessa categoria, também, que se encontra Antonio Calmon, talento que infelizmente o cinema perdeu para a TV, de quem passa, no Canal Brasil, "O Bom Marido" (amanhã, 23h) e "Terror e Êxtase" (seg., à 0h45), e que talvez hoje possam ser revistos como belos documentos do fim dos anos 1970, em parte porque neles o cinema triunfa sobre os ideários da época.

A OSTRA E O VENTO
Quando: hoje, às 23h, no Canal Brasil
 

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