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15/09/2003 - 10h56

Escuta aqui: Tennessee, Campinas e a ira dos fãs do Coldplay

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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Colunista da Folha de S.Paulo

Surge uma luz para explicar o mistério que liga duas jovens bandas, uma de Campinas (SP), outra do rural Tennessee (EUA). Pode ser plágio, pode ser coincidência ou pode ser simples inspiração.

Para quem não tem a paciência de acompanhar esta coluna toda segunda, aqui vai um resumo da história, já presente em "Escuta Aqui" há três semanas (se você já conhece, pode pular para o quarto parágrafo).

É que o pessoal da banda campineira JôSDa (nome esquisito) escreveu para "Escuta Aqui" relatando uma estranha semelhança entre uma canção deles, "Dofaro", composta há três anos, e "Molly's Chambers", dos Kings of Leon, banda novíssima e queridinha de críticos de todo o mundo. O CD dos KoL saiu no Brasil. A música do JôSDa está no site deles: www.josda.kit.net. As canções são mesmo muito parecidas. Mas como os KoL poderiam conhecer o som dos brazucas?

Agora, o leitor Bruno Bueno Spanghero (São Paulo, SP) manda e-mail para dizer que matou a charada. Segundo ele, "Dofaro" e "Molly's Chambers" têm uma mesma, digamos assim, matriz: a canção "My Girl Josephine" (1960), do pioneiro do rock Fats Domino. Mais precisamente, a versão de "My Girl Josephine" gravada pelo jamaicano Supercat e que foi tema do filme "Prêt-à-Porter" (de Robert Altman, 1994).

Ainda de acordo com o Bruno, esse cover feito pelo Supercat teve relativo sucesso e tocou bastante nos canais de música. Segundo essa teoria, seria daí que a rapaziada de Campinas e os capiaus do Tennessee teriam tirado sua inspiração.

Ouvi as três e não dá para negar que "Molly's Chambers" e "Dofaro" são basicamente idênticas. Já a gravação do Supercat tem andamento mais lento (de reggae), arranjo com instrumentos de sopro... Existe semelhança, mas não tão óbvia por causa das diferenças de gênero musical.

Seja qual for a resposta, o fato é que essa história é sensacional, e "Escuta Aqui" agradece muito ao pessoal do JôSDa por ter levantado a lebre.

Coldplay

Como era de esperar, a caixa postal entupiu na semana passada por causa da coluna da última segunda-feira, que comentava pouco favoravelmente o show do Coldplay em São Paulo.

Quando fiz o texto, achei que estava bem equilibrado. Ao mesmo tempo em que deixei claro meu desagrado (saí no meio da apresentação), expliquei que meu ponto de vista era exceção, já que as 6.000 pessoas presentes estavam em delírio absoluto.

Mesmo, assim, dezenas de fãs do Coldplay escreveram furiosos, caprichando no rol de ofensas. Existe um paradoxo engraçado nessa história: quanto mais "bonito", "sensível" e "delicado" o som de um artista, mais grosseiras são as reações de seus fãs contra quem não gosta deles.

Se critico o Iron Maiden, por exemplo, não recebo 10% das grosserias que baixam em minha caixa postal quando tiro uma onda, por exemplo, com Djavan, Marisa Monte, Coldplay ou outro artista "inteligente".

Acho que isso explica um monte de coisas, mas vou parar por aqui porque não quero confusão.

Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo - E-mail: cby2k@uol.com.br
 

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