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16/09/2003 - 16h11

Amos Gitai planeja mostrar retrospectiva de seus filmes no Brasil

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GUILHERME GORGULHO
da Folha Online

O cineasta israelense Amos Gitai, 52, pretende promover uma grande retrospectiva de suas obras no Brasil no próximo ano. Em entrevista concedida à Folha Online por telefone de Brasília --onde seu filme "Kedma" (2002) participou da quinta edição do Festival Internacional de Cinema--, o diretor revelou que os detalhes estão sendo tratados com Leon Cakoff, diretor da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Enquanto o público brasileiro não tem acesso às obras do israelense, os franceses poderão conferir uma mostra com cerca de 60 filmes de Gitai, incluindo curtas, longas-metragens e documentários no Centro Georges Pompidou de Paris, entre 1º de outubro e 3 de novembro.

Em 2001, o 6º Festival de Cinema Judaico já havia realizado uma mostra com nove filmes do cineasta na capital paulista.

Tony Gentile/Reuters

Cineasta israelense Amos Gitai no Festival de Veneza 2003
Com seu mais novo filme, "Alila", Gitai tentou apresentar uma temática mais moderna sobre a realidade de Israel, sem perder o fio condutor de sua carreira --os conflitos sociais e políticos na tumultuada região do Oriente Médio.

Depois de obras como "Kadosh" ("Laços Sagrados", de 1999), sobre religião, "Kippur" ("O Dia do Perdão", de 2000), sobre a guerra , e "Kedma" (2002), sobre a fundação do Estado de Israel, o diretor quis, com "Alila", "realizar uma obra dedicada à modernidade".

De acordo como Gitai, a reação do público de Veneza ao seu último filme --que concorreu ao Leão de Ouro neste mês--, foi muito positiva. "Foi muito forte, eu estou muito feliz com ele [o filme]", "[A reação] foi muito comovente".

A história --que se passa em um prédio de Tel Aviv-- retrata o dia-a-dia de seus moradores, construindo uma metáfora sobre a disputa por espaço que move a guerra israelo-palestina.

"Algumas pessoas interpretaram meu filme como irônico, ou mesmo cômico. Acredito que, talvez pela situação ser tão sombria, é bom fazer algo que tenha um certo distanciamento de tudo que está acontecendo neste momento no Oriente Médio".

Política

O cineasta se queixou sobre os questionamentos constantes a que é alvo a respeito situação política da conflituosa região. "Eu não quero ser o tempo todo um conselheiro político, eu quero dizer o que eu digo através de meus filmes", reclamou ele.

Entretanto, o diretor ainda manifesta esperança de uma solução do conflito entre palestinos e israelenses. "Espero que tenhamos paz antes que todos nós estejamos em pedaços". "[A situação atual no Oriente Médio] não parece muito boa, porque ambos os lados acreditam que irão vencer", afirmou, criticando as posturas políticas intransigentes das duas partes.

Para Gitai, se os governos palestino e israelense não se dispuserem a ceder em alguns pontos para a implantação do plano internacional de paz, "admitindo alguns sacrifícios", tudo o que eles conseguirão serão "alguns mortos a mais".

Revisão

Os mais de 20 anos de carreira de Gitai não parecem ter provocado muitas mudanças no cineasta, que olha para trás com um olhar crítico, mas não percebe diferenças sobre o seu ponto de vista atual.

"Mesmo se você assistir alguns dos meus primeiros documentários --que espero que possam ser mostrados no próximo ano [no Brasil]--, como "House" (1980) ou "Field Diary" (1982), eles parecem envelhecer muito bem".

Apesar de já ter visitado o Brasil em outras ocasiões, Gitai afirmou que não conhece muito o cinema brasileiro, com exceção de Glauber Rocha. "Eu tenho um grande buraco em minha educação, eu admito" declarou Gitai. Hoje, Gitai deveria embarcar para Manaus (AM) para alguns dias de turismo. "Eu acho que vou ver mais árvores do que filmes lá", brincou o cineasta.
 

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