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19/09/2003
-
03h37
JOSÉ NORBERTO FLESCH
do Guia da Folha
Sinta-se na Europa. Sabe quando você viaja para o velho continente, chega a uma cidade turística, compra um jornal para saber o que rola e há cinco ou seis shows acontecendo na mesma semana? São Paulo será assim, de amanhã, dia 20, a quinta.
Para falar sobre as seis atrações que se apresentam em São Paulo, o Guia convidou músicos brasileiros que são fãs dos grupos. Paulo Ricardo comenta as bandas do Kaiser Music: Sepultura, The Hellacopters e Deep Purple; Nasi fala sobre o The Pretenders; Paula Lima dá sua opinião sobre o Simply Red; Clemente, do Inocentes, sobre o Misfits; e Japinha, do CPM 22, sobre o Live.
A semana rock começa amanhã, com os ingleses do Deep Purple fechando a oitava etapa do Kaiser Music, no Pacaembu, em noite que terá ainda o Sepultura e o sueco The Hellacopters. Quem for ao Pacaembu --na última quarta, 80% dos ingressos tinham sido vendidos-- assistirá aos shows sentado, pois não há pista.
O DP chega sem o guitarrista Ritchie Blackmore, que deixou o grupo há dez anos, e o tecladista Jon Lord, que saiu em 2003. No lugar de Lord entrou Don Airey, músico que desembarca no país com uma missão: pegar autógrafos do Sepultura para os filhos. "Quando disse que viria ao Brasil, eles encheram a mala de CDs para autografar", diz.
Terça, dia 23, tem Pretenders no Credicard Hall. Egresso do pós-punk inglês do final dos 70, o grupo construiu sua história à custa do esforço da engajada vocalista Chrissie Hynde.
Se na quarta, dia 24, o Simply Red repassa mais uma vez seu repertório de baladinhas românticas regadas a soul, quinta é dia de escolha: Live, no Via Funchal, ou Misfits, no DirecTV, que traz Marky Ramone como coadjuvante e antecipa um projeto que deve chegar aos palcos dos EUA no final do ano. "Eu, o Marky e o Jimmy Destri [do Blondie] montamos uma banda para tocar somente músicas dos anos 50", conta o baixista Jerry Only.
Paulo Ricardo, 40, vocalista do RPM
Quando eu tinha 14, 15 anos o mundo do rock era dividido entre Deep Purple e Led Zeppelin. O "Machine Head" é tão importante quanto o quarto disco do Led. Só por este álbum o Purple já seria uma banda fundamental. Ninguém vai ver um show deles por causa do último ou do penúltimo CD, mas sim pela carreira. Sei que o [guitarrista] Ritchie Blackmore e o [tecladista] Jon Lord não estão mais na banda. São duas grandes baixas, mas tenho certeza que os arranjos serão respeitados. O Sepultura está bem colocado na noite. Dá para virar uma festa do metal. Quem gosta de rock vai poder conferir os melhores. Deep Purple é o pai de todos, e o Sepultura é dos mais pesados. Acho legal também ter um nome novo, no caso o Hellacopters, que nem conheço, para injetar novidade no cardápio.
Nasi, 41, vocalista do Ira!
Por coincidência, tocamos na mesma noite que o Pretenders no Hollywood Rock de 1988. É uma das bandas que eu mais curtia e o show foi do c... A Chrissie [Hynde, vocalista] põe no chinelo todas essas cantoras novas do pop. Eu a coloco lado a lado com a Patti Smith, por exemplo. É super engajada. Quase encerrou a apresentação quando viu que tinha um monte de câmera em cima. Eu me identifico com ela. Se você deixar, não consegue nem se mexer no palco. A TV brasileira está acostumada a essa marcação de MPB: tal música, com tal luz, em tal momento. No rock não tem nada disso. Também adoro a Chrissie porque você escuta as duas primeiras palavras da letra de uma música e já percebe que é ela cantando. Se eu tivesse dinheiro só para um show, veria o Pretenders.
Paula Lima, 32, cantora
Conheço o Simply Red desde a adolescência e sempre fiquei impressionada com a voz e o cabelo vermelho do Mick Hucknall, que é superestiloso. Depois, obviamente, comecei a prestar mais atenção na música. Sua voz é totalmente singular, e a banda sempre teve uma identidade muito forte. Assisti a um show há muito tempo [no Hollywood Rock de 88] e foi emocionante. Apresentação de primeiro mundo. Eles têm um suingue muito grande. Minhas músicas preferidas são "Stars" e "Holding Back the Years".
Clemente, 40, vocalista do Inocentes
Nunca vi um show do Misfits por falta de oportunidade. Esse eu gostaria de ver pela participação do Marky Ramone [ex-baterista dos Ramones] e do cara do Black Flag [o guitarrista Dez Cadena]. Serão três lendas vivas do punk rock no palco. Não sou fã número um, mas gosto do primeiro CD. O Misfits foi uma das primeiras bandas punk que teve coragem de falar do universo dos filmes trash, de terror. É um show para se divertir mesmo. Não tem clima baixo astral.
Ricardo Di Roberto, o Japinha, 29, baterista do CPM22
Assisti ao show do Live no Hollywood Rock [em 94]. Na verdade, fui para ver o Aerosmith e o Sepultura, e eles [o Live] seguraram a bronca muito bem. Todo mundo que assistiu ficou impressionado. O show é intenso do começo ao fim, é coeso e tem muita energia. Bem melhor que o CD. Todos os músicos são bons. O Live é uma banda bastante representativa da década de 90. Ouvi o último CD e achei que o grupo manteve o mesmo nível de qualidade de trabalhos anteriores.
São Paulo recebe seis bandas internacionais
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do Guia da Folha
Sinta-se na Europa. Sabe quando você viaja para o velho continente, chega a uma cidade turística, compra um jornal para saber o que rola e há cinco ou seis shows acontecendo na mesma semana? São Paulo será assim, de amanhã, dia 20, a quinta.
Para falar sobre as seis atrações que se apresentam em São Paulo, o Guia convidou músicos brasileiros que são fãs dos grupos. Paulo Ricardo comenta as bandas do Kaiser Music: Sepultura, The Hellacopters e Deep Purple; Nasi fala sobre o The Pretenders; Paula Lima dá sua opinião sobre o Simply Red; Clemente, do Inocentes, sobre o Misfits; e Japinha, do CPM 22, sobre o Live.
A semana rock começa amanhã, com os ingleses do Deep Purple fechando a oitava etapa do Kaiser Music, no Pacaembu, em noite que terá ainda o Sepultura e o sueco The Hellacopters. Quem for ao Pacaembu --na última quarta, 80% dos ingressos tinham sido vendidos-- assistirá aos shows sentado, pois não há pista.
O DP chega sem o guitarrista Ritchie Blackmore, que deixou o grupo há dez anos, e o tecladista Jon Lord, que saiu em 2003. No lugar de Lord entrou Don Airey, músico que desembarca no país com uma missão: pegar autógrafos do Sepultura para os filhos. "Quando disse que viria ao Brasil, eles encheram a mala de CDs para autografar", diz.
Terça, dia 23, tem Pretenders no Credicard Hall. Egresso do pós-punk inglês do final dos 70, o grupo construiu sua história à custa do esforço da engajada vocalista Chrissie Hynde.
Se na quarta, dia 24, o Simply Red repassa mais uma vez seu repertório de baladinhas românticas regadas a soul, quinta é dia de escolha: Live, no Via Funchal, ou Misfits, no DirecTV, que traz Marky Ramone como coadjuvante e antecipa um projeto que deve chegar aos palcos dos EUA no final do ano. "Eu, o Marky e o Jimmy Destri [do Blondie] montamos uma banda para tocar somente músicas dos anos 50", conta o baixista Jerry Only.
Paulo Ricardo, 40, vocalista do RPM
Quando eu tinha 14, 15 anos o mundo do rock era dividido entre Deep Purple e Led Zeppelin. O "Machine Head" é tão importante quanto o quarto disco do Led. Só por este álbum o Purple já seria uma banda fundamental. Ninguém vai ver um show deles por causa do último ou do penúltimo CD, mas sim pela carreira. Sei que o [guitarrista] Ritchie Blackmore e o [tecladista] Jon Lord não estão mais na banda. São duas grandes baixas, mas tenho certeza que os arranjos serão respeitados. O Sepultura está bem colocado na noite. Dá para virar uma festa do metal. Quem gosta de rock vai poder conferir os melhores. Deep Purple é o pai de todos, e o Sepultura é dos mais pesados. Acho legal também ter um nome novo, no caso o Hellacopters, que nem conheço, para injetar novidade no cardápio.
Nasi, 41, vocalista do Ira!
Por coincidência, tocamos na mesma noite que o Pretenders no Hollywood Rock de 1988. É uma das bandas que eu mais curtia e o show foi do c... A Chrissie [Hynde, vocalista] põe no chinelo todas essas cantoras novas do pop. Eu a coloco lado a lado com a Patti Smith, por exemplo. É super engajada. Quase encerrou a apresentação quando viu que tinha um monte de câmera em cima. Eu me identifico com ela. Se você deixar, não consegue nem se mexer no palco. A TV brasileira está acostumada a essa marcação de MPB: tal música, com tal luz, em tal momento. No rock não tem nada disso. Também adoro a Chrissie porque você escuta as duas primeiras palavras da letra de uma música e já percebe que é ela cantando. Se eu tivesse dinheiro só para um show, veria o Pretenders.
Paula Lima, 32, cantora
Conheço o Simply Red desde a adolescência e sempre fiquei impressionada com a voz e o cabelo vermelho do Mick Hucknall, que é superestiloso. Depois, obviamente, comecei a prestar mais atenção na música. Sua voz é totalmente singular, e a banda sempre teve uma identidade muito forte. Assisti a um show há muito tempo [no Hollywood Rock de 88] e foi emocionante. Apresentação de primeiro mundo. Eles têm um suingue muito grande. Minhas músicas preferidas são "Stars" e "Holding Back the Years".
Clemente, 40, vocalista do Inocentes
Nunca vi um show do Misfits por falta de oportunidade. Esse eu gostaria de ver pela participação do Marky Ramone [ex-baterista dos Ramones] e do cara do Black Flag [o guitarrista Dez Cadena]. Serão três lendas vivas do punk rock no palco. Não sou fã número um, mas gosto do primeiro CD. O Misfits foi uma das primeiras bandas punk que teve coragem de falar do universo dos filmes trash, de terror. É um show para se divertir mesmo. Não tem clima baixo astral.
Ricardo Di Roberto, o Japinha, 29, baterista do CPM22
Assisti ao show do Live no Hollywood Rock [em 94]. Na verdade, fui para ver o Aerosmith e o Sepultura, e eles [o Live] seguraram a bronca muito bem. Todo mundo que assistiu ficou impressionado. O show é intenso do começo ao fim, é coeso e tem muita energia. Bem melhor que o CD. Todos os músicos são bons. O Live é uma banda bastante representativa da década de 90. Ouvi o último CD e achei que o grupo manteve o mesmo nível de qualidade de trabalhos anteriores.
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