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19/09/2003
-
06h56
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Editor de Brasil
É melhor ir logo ao ponto: Elis Regina (1945-82) estava por toda parte no espetáculo que Maria Rita, sua filha, estreou anteontem em São Paulo. Elis estava presente nas expectativas algo ansiosas e na memória afetiva do público que lotou a casa, mas sobretudo no timbre de voz, nos gestos, no jeito de corpo e na maneira de cantar de Maria Rita. O DNA, no caso, é poderoso.
Muitos filhos de cantores mais ou menos famosos trilham esse caminho. O resultado, na maioria das vezes, é constrangedor ou irrelevante. Não é o caso. Não só porque Elis é, definitivamente, o Pelé das intérpretes brasileiras, mas também porque Maria Rita canta de verdade --e muito bem.
A moça entrou no palco tímida e compenetrada, quase contida, como quem estivesse aquém da própria voz, que ia na frente, abrindo o caminho. Depois da terceira música, brincou com a insegurança, confessando à platéia o "nervoso" pela estréia "numa casa grande de São Paulo".
Citou Elis uma única vez, quase comendo a palavra "mãe" ao mencionar uma entrevista antiga em que ela desejava que Maria Rita fosse "leve". "Estou tentando", disse a cantora. A seguir, dedicou ao pai, Cesar Camargo Mariano, na platéia, "Menina da Lua", acompanhada só pelo piano. Regredimos todos aos anos 70, como se Elis estivesse cantando "Tatuagem" ao lado de Mariano. O público veio abaixo. Maria Rita vai ter de brigar muito com seu destino para ser leve.
Elis, como Rita, também era cheia de caras e bocas e molecagens no palco --ironias de alguém cujas marcas foram a intransigência e o desprezo por sentimentos médios e formas frouxas de expressão.
Numa espécie de ápice da auto-ironia, Maria Rita incluiu no show "Todo Carnaval Tem seu Fim", do talentoso Marcelo Camelo, cujo refrão diz: "Deixa eu brincar de ser feliz/ Deixa eu pintar o meu nariz". É uma pena que a música não faça parte do CD, de resto marcado, como o show, por uma atmosfera nostálgica, muito distante da MPB atual. A formação da banda no palco (Tiago Costa no piano, Silvio Mazuca no baixo acústico, Marco da Costa na bateria e Da Lua na percussão) evocava, mais uma vez, os trios que acompanhavam a matriz.
A noite foi marcada por uma única nota destoante. Na sua longa lista de agradecimentos, Maria Rita saudou a presença de Marta Suplicy --e as vaias então se impuseram sobre os aplausos tímidos. "Uuuuu, não, gente. Isso é uma festa", reagiu a cantora, aplaudindo a prefeita do palco. A estrela da noite era ela.
Avaliação:
Maria Rita
Onde: DirecTV Music Hall (av. Jamaris, 213, SP, tel. 0/xx/11/ 6846-6040)
Quando: 24, 25 e 26 de outubro
Quanto: de R$ 30 a R$ 60
Crítica: À sombra de Elis, Maria Rita, enfim, é uma estrela
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Editor de Brasil
É melhor ir logo ao ponto: Elis Regina (1945-82) estava por toda parte no espetáculo que Maria Rita, sua filha, estreou anteontem em São Paulo. Elis estava presente nas expectativas algo ansiosas e na memória afetiva do público que lotou a casa, mas sobretudo no timbre de voz, nos gestos, no jeito de corpo e na maneira de cantar de Maria Rita. O DNA, no caso, é poderoso.
Muitos filhos de cantores mais ou menos famosos trilham esse caminho. O resultado, na maioria das vezes, é constrangedor ou irrelevante. Não é o caso. Não só porque Elis é, definitivamente, o Pelé das intérpretes brasileiras, mas também porque Maria Rita canta de verdade --e muito bem.
A moça entrou no palco tímida e compenetrada, quase contida, como quem estivesse aquém da própria voz, que ia na frente, abrindo o caminho. Depois da terceira música, brincou com a insegurança, confessando à platéia o "nervoso" pela estréia "numa casa grande de São Paulo".
Citou Elis uma única vez, quase comendo a palavra "mãe" ao mencionar uma entrevista antiga em que ela desejava que Maria Rita fosse "leve". "Estou tentando", disse a cantora. A seguir, dedicou ao pai, Cesar Camargo Mariano, na platéia, "Menina da Lua", acompanhada só pelo piano. Regredimos todos aos anos 70, como se Elis estivesse cantando "Tatuagem" ao lado de Mariano. O público veio abaixo. Maria Rita vai ter de brigar muito com seu destino para ser leve.
Elis, como Rita, também era cheia de caras e bocas e molecagens no palco --ironias de alguém cujas marcas foram a intransigência e o desprezo por sentimentos médios e formas frouxas de expressão.
Numa espécie de ápice da auto-ironia, Maria Rita incluiu no show "Todo Carnaval Tem seu Fim", do talentoso Marcelo Camelo, cujo refrão diz: "Deixa eu brincar de ser feliz/ Deixa eu pintar o meu nariz". É uma pena que a música não faça parte do CD, de resto marcado, como o show, por uma atmosfera nostálgica, muito distante da MPB atual. A formação da banda no palco (Tiago Costa no piano, Silvio Mazuca no baixo acústico, Marco da Costa na bateria e Da Lua na percussão) evocava, mais uma vez, os trios que acompanhavam a matriz.
A noite foi marcada por uma única nota destoante. Na sua longa lista de agradecimentos, Maria Rita saudou a presença de Marta Suplicy --e as vaias então se impuseram sobre os aplausos tímidos. "Uuuuu, não, gente. Isso é uma festa", reagiu a cantora, aplaudindo a prefeita do palco. A estrela da noite era ela.
Avaliação:
Maria Rita
Onde: DirecTV Music Hall (av. Jamaris, 213, SP, tel. 0/xx/11/ 6846-6040)
Quando: 24, 25 e 26 de outubro
Quanto: de R$ 30 a R$ 60
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