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19/09/2003 - 09h35

Hirsch atinge maturidade com clássico de Miller

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SERGIO SALVIA COELHO
crítico da Folha

Com "A Morte de um Caixeiro Viajante", Felipe Hirsch supera a condição de "menino terrível" do teatro brasileiro. Seus recursos de encenador desta vez não chamam atenção para si, mas servem ao grande clássico moderno de Arthur Miller.

Ao narrar os últimos momentos de vida de Willy Loman, caixeiro viajante que descobre que sua vida foi um grande simulacro, Miller desmonta o sonho americano numa narrativa que mistura tempos e lugares, como se para demonstrar que o mito capitalista do trabalho levando ao sucesso não é necessariamente uma relação de causa e efeito, mas um círculo vicioso maníaco-depressivo.

O cenário de Daniela Thomas e a luz de Beto Bruel dão transparência a esse jogo, fazendo com que uma frase banal como "por que inventaram o queijo cremoso?" possa atrair enorme empatia, como nas peças de Tchekov.

Loman é Marco Nanini, que honra assim a tradição da personagem trágica ser feita por um ator cômico. Vence o desafio de sustentar as três horas do texto integral da peça com sua habitual inteligência e comedimento.

Os elogios a Nanini cabem com igual ênfase a Francisco Milani, o vizinho que "vence na vida" ao aceitar sua mediocridade. Juliana Carneiro da Cunha, a resignada mulher de Loman, atravessa a peça com discrição para deslumbrar no fim, dando novo sentido à noção de dama do teatro.

Guilherme Weber, o filho mais velho revoltado contra o pai, está livre da função de narrador que costuma assumir com Hirsch e pode finalmente mergulhar por inteiro no papel, amparado pelo "irmão" Gabriel Braga Nunes.

Ao contrário de "Temporada de Gripe", outra montagem de Hirsch em cartaz, o importante nessa encenação não é a excelência de seus recursos. O público sai transtornado pelo tema, pensando nas personagens e não nos atores, e convencido de que o teatro pode ser um instrumento de precisão para decifrar o mundo.

Avaliação:

A Morte de um Caixeiro Viajante
Direção:
Felipe Hirsch
Com: Marco Nanini, Juliana Carneiro da Cunha e elenco
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, SP, tel. 0/xx/11/ 5080-3000)
Quando: de qui. a sáb., às 20h30; dom., às 17h; até 26/10
Quanto: de R$ 10 a R$ 40
 

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