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18/08/2000
-
21h43
RENATO ROSCHEL
do Banco de Dados
A voz do povo não é a voz dos jurados. Em uma boa parte da história dos festivais de música no Brasil sempre existiram algumas divergências entre o respeitável público e o corpo de jurados.
Casos como o de Lucinha Lins, vencedora com a sua "Purpurina" do festival MPB-81, para os jurados, mas derrotada completamente por "Planeta Água", de Guilherme Arantes, para as 20 mil pessoas que compareceram à entrega do prêmio, no Maracanãzinho, em setembro de 1981.
Outro caso parecido, mas com uma conotação mais política, foi o da música "Caminhando" de Geraldo Vandré, em 1968.
Naquele ano, a música que disputou o título do festival com a explosiva canção de Vandré foi "Sabiá", de Chico Buarque e Tom Jobim. "Sabiá" era uma música um tanto hermética, que enaltecia o bucolismo tradicionalista e que praticamente representava um retrocesso na carreira do mesmo Chico Buarque, que, naquele mesmo ano, provocara um dos maiores escândalos nacionais com a sua peça "Roda Viva", no Teatro Princesa Isabel, em Copacabana.
Vandré apresentou sua "Caminhando" (também chamada "Para Não Dizer que Não Falei de Flores") acompanhado apenas de seu violão, no mesmo Maracanãzinho lotado, em uma época dominada pelos aparatosos arranjos e pelo sombrio regime militar.
A apresentação de Vandré deixou o público completamente perplexo por alguns instantes, mas o mesmo público, logo após digerir a ousadia da mensagem, aclamou a música de Vandré como vitoriosa. O júri, porém, evitou o incendiário, e deu o primeiro lugar a "Sabiá".
Dias depois, o coronel Otávio Costa, num artigo intitulado "A Sexta Coluna", publicado no "Correio da Manhã", pedia a prisão de Vandré, por subversão.
O mesmo Vandré teve o primeiro lugar do primeiro Festival da Record, em 1966, dividido entre "Disparada", em parceria com Theo de Barros, e "A Banda", com Chico Buarque e Nara Leão, pois Paulo Machado de Carvalho, dono da emissora, temia que a fanática torcida de Vandré destruísse seu teatro.
Para provar que a vida dos jurados não é fácil, tomemos como exemplo o 3º Festival da Record, em 1967: entre as quatro principais finalistas, disputavam "Alegria, Alegria" (Caetano Veloso), "Roda Viva" (Chico Buarque e MPB-4), "Domingo no Parque" (Gilberto Gil) e "Ponteio" (Edu Lobo e Marília Medaglia). Levou "Ponteio".
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Público duelou com jurados nos antigos festivais de música
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Casos como o de Lucinha Lins, vencedora com a sua "Purpurina" do festival MPB-81, para os jurados, mas derrotada completamente por "Planeta Água", de Guilherme Arantes, para as 20 mil pessoas que compareceram à entrega do prêmio, no Maracanãzinho, em setembro de 1981.
Outro caso parecido, mas com uma conotação mais política, foi o da música "Caminhando" de Geraldo Vandré, em 1968.
Naquele ano, a música que disputou o título do festival com a explosiva canção de Vandré foi "Sabiá", de Chico Buarque e Tom Jobim. "Sabiá" era uma música um tanto hermética, que enaltecia o bucolismo tradicionalista e que praticamente representava um retrocesso na carreira do mesmo Chico Buarque, que, naquele mesmo ano, provocara um dos maiores escândalos nacionais com a sua peça "Roda Viva", no Teatro Princesa Isabel, em Copacabana.
Vandré apresentou sua "Caminhando" (também chamada "Para Não Dizer que Não Falei de Flores") acompanhado apenas de seu violão, no mesmo Maracanãzinho lotado, em uma época dominada pelos aparatosos arranjos e pelo sombrio regime militar.
A apresentação de Vandré deixou o público completamente perplexo por alguns instantes, mas o mesmo público, logo após digerir a ousadia da mensagem, aclamou a música de Vandré como vitoriosa. O júri, porém, evitou o incendiário, e deu o primeiro lugar a "Sabiá".
Dias depois, o coronel Otávio Costa, num artigo intitulado "A Sexta Coluna", publicado no "Correio da Manhã", pedia a prisão de Vandré, por subversão.
O mesmo Vandré teve o primeiro lugar do primeiro Festival da Record, em 1966, dividido entre "Disparada", em parceria com Theo de Barros, e "A Banda", com Chico Buarque e Nara Leão, pois Paulo Machado de Carvalho, dono da emissora, temia que a fanática torcida de Vandré destruísse seu teatro.
Para provar que a vida dos jurados não é fácil, tomemos como exemplo o 3º Festival da Record, em 1967: entre as quatro principais finalistas, disputavam "Alegria, Alegria" (Caetano Veloso), "Roda Viva" (Chico Buarque e MPB-4), "Domingo no Parque" (Gilberto Gil) e "Ponteio" (Edu Lobo e Marília Medaglia). Levou "Ponteio".
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