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27/09/2003
-
03h12
DANIEL CASTRO
colunista da Folha
O maior erro de Gugu Liberato em sua defesa das acusações pela exibição de uma entrevista com falsos membros da facção criminosa PCC, no "Domingo Legal" de 7 de setembro, foi a participação do apresentador no "Hebe" do dia 15/9. A Folha apurou que a avaliação é quase unânime entre executivos do SBT e até de assessores de Liberato.
A decisão de relatar sua versão no programa de Hebe Camargo foi do próprio Gugu, segundo a assessoria do apresentador. Gugu tomou a iniciativa no início da noite do dia 15 e combinou sua participação diretamente com Hebe Camargo. O departamento jurídico da emissora não teria sido consultado por Liberato, dizem assessores do apresentador.
Para diretores do SBT, um programa ao vivo, em que podem ocorrer reações inesperadas do público e até da apresentadora, não é o lugar ideal para se defender de acusações. Para os executivos, Gugu, se quisesse se manifestar, deveria fazê-lo por nota oficial, assessorado por advogados.
No programa de Hebe Camargo, Gugu disse que não sabia do conteúdo da entrevista, que só tomou conhecimento do material quando ele estava sendo exibido. Pediu desculpas às personalidades ameaçadas pelos falsos membros do PCC e admitiu que errou ao dar espaço a criminosos.
Com os olhos marejados, Gugu alegou ter passado, na semana que antecedeu à exibição da entrevista, por momentos difíceis, principalmente problemas de saúde de seus pais.
Para executivos do SBT, a defesa de Gugu não foi suficientemente convincente, deu maior visibilidade ao caso na imprensa e indícios a jornalistas e policiais de que a entrevista era uma fraude, uma vez que o apresentador não descartou veementemente essa hipótese ao afirmar que preferia confiar na equipe que a produziu.
Nos dias seguintes, a polícia desvendou que duas pessoas, sem ligações com o PCC, tinham sido pagas para dar a entrevista.
A estratégia de defesa jurídica na esfera criminal foi liderada por Gugu, que só no último dia 19 contratou o advogado Adriano Salles Vanni, que conseguiu impedir, nesta semana, seu indiciamento em inquérito policial. A equipe de Gugu admite que lhe faltou experiência.
Já o departamento jurídico do SBT optou por aguardar o "esclarecimento dos fatos" e por ser acionado pela Justiça.
O resultado é que o SBT não teve um desempenho competente como na ocasião em que a Globo tentou tirar "Casa dos Artistas" do ar, em 2001, acusado de plagiar o formato de "Big Brother". A emissora não conseguiu derrubar liminar, concedida pela Justiça Federal na sexta-feira passada, que impediu a exibição do "Domingo Legal" no dia 21.
Diretores do SBT avaliam também que a emissora falhou ao não adotar uma estratégia institucional, com a divulgação de esclarecimentos à imprensa. Assim, não reagiu de forma contundente contra a proibição da exibição do "Domingo Legal", que pode ser interpretada como censura.
No SBT, a raiz de tudo é creditada à falta de um vice-presidente, que unifique o comando, e ao desmonte do corpo de profissionais da emissora --que demitiu cerca de 500 pessoas neste ano. Silvio Santos tem demonstrado confiança na "inocência" de Gugu.
Ontem, a assessoria de Gugu divulgou um comunicado em que demonstra confiança em um possível acordo com o Ministério Público, que impedirá que o apresentador seja processado.
Gugu errou ao falar na "Hebe", avalia SBT
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colunista da Folha
O maior erro de Gugu Liberato em sua defesa das acusações pela exibição de uma entrevista com falsos membros da facção criminosa PCC, no "Domingo Legal" de 7 de setembro, foi a participação do apresentador no "Hebe" do dia 15/9. A Folha apurou que a avaliação é quase unânime entre executivos do SBT e até de assessores de Liberato.
A decisão de relatar sua versão no programa de Hebe Camargo foi do próprio Gugu, segundo a assessoria do apresentador. Gugu tomou a iniciativa no início da noite do dia 15 e combinou sua participação diretamente com Hebe Camargo. O departamento jurídico da emissora não teria sido consultado por Liberato, dizem assessores do apresentador.
Para diretores do SBT, um programa ao vivo, em que podem ocorrer reações inesperadas do público e até da apresentadora, não é o lugar ideal para se defender de acusações. Para os executivos, Gugu, se quisesse se manifestar, deveria fazê-lo por nota oficial, assessorado por advogados.
No programa de Hebe Camargo, Gugu disse que não sabia do conteúdo da entrevista, que só tomou conhecimento do material quando ele estava sendo exibido. Pediu desculpas às personalidades ameaçadas pelos falsos membros do PCC e admitiu que errou ao dar espaço a criminosos.
Com os olhos marejados, Gugu alegou ter passado, na semana que antecedeu à exibição da entrevista, por momentos difíceis, principalmente problemas de saúde de seus pais.
Para executivos do SBT, a defesa de Gugu não foi suficientemente convincente, deu maior visibilidade ao caso na imprensa e indícios a jornalistas e policiais de que a entrevista era uma fraude, uma vez que o apresentador não descartou veementemente essa hipótese ao afirmar que preferia confiar na equipe que a produziu.
Nos dias seguintes, a polícia desvendou que duas pessoas, sem ligações com o PCC, tinham sido pagas para dar a entrevista.
A estratégia de defesa jurídica na esfera criminal foi liderada por Gugu, que só no último dia 19 contratou o advogado Adriano Salles Vanni, que conseguiu impedir, nesta semana, seu indiciamento em inquérito policial. A equipe de Gugu admite que lhe faltou experiência.
Já o departamento jurídico do SBT optou por aguardar o "esclarecimento dos fatos" e por ser acionado pela Justiça.
O resultado é que o SBT não teve um desempenho competente como na ocasião em que a Globo tentou tirar "Casa dos Artistas" do ar, em 2001, acusado de plagiar o formato de "Big Brother". A emissora não conseguiu derrubar liminar, concedida pela Justiça Federal na sexta-feira passada, que impediu a exibição do "Domingo Legal" no dia 21.
Diretores do SBT avaliam também que a emissora falhou ao não adotar uma estratégia institucional, com a divulgação de esclarecimentos à imprensa. Assim, não reagiu de forma contundente contra a proibição da exibição do "Domingo Legal", que pode ser interpretada como censura.
No SBT, a raiz de tudo é creditada à falta de um vice-presidente, que unifique o comando, e ao desmonte do corpo de profissionais da emissora --que demitiu cerca de 500 pessoas neste ano. Silvio Santos tem demonstrado confiança na "inocência" de Gugu.
Ontem, a assessoria de Gugu divulgou um comunicado em que demonstra confiança em um possível acordo com o Ministério Público, que impedirá que o apresentador seja processado.
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