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28/09/2003 - 07h18

"Filme foi promessa", diz padre Marcelo

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da Folha de S.Paulo

"Maria - A Mãe do Filho de Deus" deverá virar notícia internacional. Marcelo Rossi diz já ter agendado encontro com João Paulo 2º, entre 4 e 6 de janeiro, para lhe entregar uma cópia.

Tudo, segundo Rossi, porque o filme é fruto de promessa feita por ele numa palestra dada pelo papa a sacerdotes, no Rio, em 1997. No Vaticano, o padre quer relatar ao papa a repercussão do longa. E o barulho, se depender da ficha técnica, não será pequeno.

A produção de "Maria" é de Diler Trindade, responsável por todos os blockbusters de Xuxa. Conhecida pelos investimentos certeiros de bilheteria, a produtora realizou megaoperação mercadológica antes de apresentar o projeto ao padre. Passou dois anos estudando o filão de filmes com temas espirituais e formando grupos de discussão com católicos, especialmente os da Renovação Carismática, corrente de Rossi.

As filmagens envolveram locações em dunas a 500 quilômetros de Natal e tiveram o apoio do governo do Estado do RN, de prefeituras e do Exército --que colocou caminhões para abrir caminho na areia (como "agradecimento", o padre celebra hoje uma missa na capital, com pré-estréia do filme).

A Columbia, multinacional do mercado cinematográfico, que comercializa tops de bilheteria como "Todo Poderoso" e "Homem Aranha", já negocia com México e Espanha a venda do filme, que será dublado pelo padre ("Yo hablo español, não há problema", brinca Marcelo Rossi).

O padre, que interpreta ele mesmo e um anjo, afirma não ter recebido cachê. O contrato, assinado entre a Columbia e o Terço Bizantino, prevê, segundo Diler, 50% do lucro com a bilheteria para as obras sociais do santuário --seguindo o modelo da venda de CDs e de outros produtos.

A ofensiva de marketing de "Maria" inclui lançamento em dez capitais com o padre, além de sua participação em programas de TV. Tendo como co-produtor a Globo Filmes, o longa será divulgado em programas globais como "Xuxa no Mundo da Imaginação" e "A Turma do Didi". E a católica Rede Vida de TV exibe o trailer quatro vezes ao dia.

Abaixo, na continuação da entrevista à Folha, Rossi fala da negociação para atuar em "Maria" e revela que impôs uma condição para interpretar o anjo: "Não me coloquem asas!".

Folha - Como foram as filmagens?

Marcelo Rossi
- No primeiro dia, travei. O Moacyr [Góes, diretor] me disse: "Seja você mesmo". No segundo, fiquei tranquilo. Há a parte em que faço um anjo. Falei: "Não me coloquem asas!". Mesmo com a história contada sob a ótica de uma criança, não aceitaria. Ia ser a chacota dos padres. Imagina, entrar com uma asinha!

Folha - Atuar no cinema era um projeto do sr. ou foi convencido a fazer o filme pelos produtores?

Rossi
- Na verdade, foi uma promessa. Por isso, vou entregar ao papa. Em 97, num congresso no Rio, ele disse aos padres: "Não adianta ficar na igreja sentado. Estamos num outro mundo. Busque novos meios, sem perder o conteúdo. Vá ao encontro dos católicos". Caiu a ficha. Falei ao dom Fernando [Figueiredo, bispo]: "Pode haver crítica, mas vamos fazer CD". Fiz tudo em comunhão com o papa. Até que, há três anos, achei que já tinha atuado em todas as áreas, e a promessa estava cumprida. E alguém falou: "Padre, só falta o cinema".

Folha - Quem disse isso ao sr.?

Rossi
- Um funcionário da gravadora Universal [com a qual tinha contrato]. E aí caiu de novo a ficha. Conversei com o Marcelo Castelo Branco [presidente da Universal à época]: "Aqui, estou infeliz. Quero o cinema. Se vocês ficarem comigo, não vou fazer nada". Não estava ameaçando, mas explicando que queria o filme. A Universal não tem um braço forte para filmagem no Brasil, que é o caso da Sony com a Columbia. E acabei fechando com a Sony [que lança a trilha sonora do longa].

Folha - Pelas expectativas da produtora, seu filme terá 2,5 mi de espectadores. Depois de ficar famoso na TV e no rádio, deverá se transformar em astro de cinema. Quem ouve suas palavras é fiel ou fã?

Rossi
- Fui hoje a um almoço na Corregedoria da Polícia. Interessante o respeito que as pessoas têm, tanto católicos como evangélicos. Vêm pedir a bênção. Sabem que eu não sou artista. No filme, sou eu mesmo, para mostrar que minha missão é evangelizar.

Folha - Como é sua convivência nesse ambiente de celebridades?

Rossi
- Lido com morte. Já tive três pessoas em minha família que morreram com câncer. Não sei o dia de amanhã e isso te põe no teu lugar. Não perco tempo, evangelizo. Tem pessoas que respeito e criei vários amigos. No bastidor, vou evangelizando. Sempre me pedem a bênção.

Folha - O sr. assistiu a "Todo Poderoso", com Jim Carrey, e "Deus É Brasileiro", com Antonio Fagundes, sobre encarnações de Deus?

Rossi
- "Todo Poderoso", achava que deturpava a imagem de Deus. Depois, o Diler [Trindade] me explicou o roteiro e percebi que há uma mensagem. "Deus É Brasileiro", pelo que me contaram, não quis ver. Não sei. Tenho respeito pelo Fagundes, então não posso falar, porque o acho maravilhoso.

Folha - Como lida com o fato de "Maria" ser fruto de uma estratégia mercadológica de investir em temas espirituais e de contar com uma megaoperação de marketing?

Rossi
- O meu objetivo é evangelizar. Se vai ser bom para eles, é outro problema, não é o meu.

Folha - Qual é a sua opinião sobre a entrevista do "Domingo Legal" em que foi ameaçado e toda a polêmica de Gugu, de quem o sr. é próximo e com quem já fez viagens e reportagens na revista "Caras"?

Rossi
- Vou contar uma historinha grega, em que estará minha resposta: dois grandes amigos levaram uma caravana à Europa. Atravessando um rio, um deles cai. O outro o salvou. O que caiu escreveu na pedra: "Nesse dia, meu amigo me salvou". Na volta, brigaram. E o mesmo escreveu na areia: "Nesse dia, meu amigo me ofendeu". Um servo perguntou: "Numa hora, escreve na pedra, em outra, na areia. Por quê?". "Porque as coisas boas, quero que sejam gravadas em pedra. As ruins, na areia, porque vem a onda do mar e já já passa."
 

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