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29/09/2003 - 11h00

Crítica: A corrida do Kraftwerk já está ganha

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CÁSSIO STARLING CARLOS
Editor do Folhateen

"The Robots", "The Man Machine", "Computer World", "Autobahn", "Trans-Europe Express" e, por que não?, "Radioactivity". Incorporação das máquinas aos ritmos, integração da música ao mundo do futuro. O projeto do Kraftwerk, desenvolvido calma e persistentemente ao longo dos anos 70, anunciava uma musicalidade que se tornou, afinal, parte da que se ouve (até demais) no presente.

Por isso, o silêncio da banda quando o que propunha se tornou onipresente, das pistas de dança à publicidade, dos elevadores aos ambientes lounge. Música eletrônica e tecnologia se tornaram sinônimos. Para que então produzir mais sons com sua marca quando tantos discípulos se encarregaram de prosseguir a tarefa? Pois, é sabido, nada das intermináveis variações do tecno, da house, do trance, do EBM, do ambient, do drum'n'bass e do electro existiriam se não fosse o trabalho pioneiro dos homens-robôs. Para que competir então quando já se triunfara?

Silenciosos desde 1986, com exceção do elegante single "Expo 2000", lançado em 1999, ei-los de volta com uma "trilha sonora" imaginária para o tradicional circuito ciclístico Tour de France, paixão esportiva de Ralf Hutter.

Não se deve esquecer que a maior parte das canções desse "Soundtracks" são remixes do "Tour de France" original, produzido em 1983, ou seja, antes da enxurrada eletrônica. As "Étapes" 1, 2 e 3 são releituras, cada uma associada a um subgênero predominante --trance, trip house e tecno-- sem deixar porém de serem kraftwerkianas.

"Chrono" dá início ao material original e lança à vertigem auditiva com exploração do dub em infinitas camadas para só então retornar ao tema original. "Vitamin" poderia ser uma canção do conceitual "Radioactivity", reapresentado às gerações acid. Só que, em vez de ecstasy, os homens-robôs proclamam as virtudes de "adrenalina, endorfina, co-enzima, carboidrato, proteína e vitaminas A, B, C, D"...

E para quem esperava novidade, basta ir direto às extraordinárias faixas sete e oito, "Aéro Dynamik" e "Titanium". Base puro funk e camadas de sintetizadores são o suficiente para o Kraftwerk esnobar seus discípulos com tal controle de elegância, de ritmo e de beleza tecnológica, como se dissessem para os adeptos do excesso: "menos é mais".

"Elektro Kardiogramm" funde tecnologia e humanidade, ambas de modo essencial: pulsação e respiração. "La Forme" é o único momento menos exuberante, no qual o Kraftwerk refaz um tecno-pop abstrato, levemente progressivo, mas sem encanto.

O disco fecha com a "Tour de France" original, que ajuda a comparar e justifica um trabalho feito não para ultrapassar nada nem ninguém, apenas para dar o prazer de montar numa bike e deslizar por aí.

Tour de France Soundtracks
Artista: Kraftwerk
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 30, em média
 

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