Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/10/2003 - 08h41

Gotan Project traz violino e laptops ao Rio

Publicidade

GUILHERME WERNECK
da Folha de S.Paulo

Musicalmente ambicioso, mas sem grandes pretensões de vender muito, o Gotan Project apareceu timidamente em 2001 na França com o ótimo álbum "La Revancha del Tango", que estourou no mundo todo em 2002, vendendo mais de 1 milhão de cópias.

O segredo do grupo, cujo núcleo central é formado pelos produtores Philippe Cohen Solal e Christoph H. Müller e pelo guitarrista argentino radicado na França Eduardo Makaroff, é fazer uma combinação elegante e orgânica do tango e da música folclórica do rio da Prata com a música eletrônica, mesclando dub e downtempo com instrumentos acústicos como o bandoneón e o violino.

Principal atração do palco Tim Lab na segunda noite do Tim Festival, que acontece em 31 deste mês no Rio, os franceses do Gotan trarão um show completo com sete músicos e efeitos visuais. No repertório, os sucessos de "La Revancha del Tango" e, se conseguirem um pouco mais de tempo, duas faixas novas do próximo álbum, ainda em gestação, como relatou Solal, 42, à Folha, por telefone, de Paris. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - Você esteve em São Paulo e no Rio no ano passado como DJ. Como se sente de voltar ao Brasil?

Philippe Cohen Solal -
Estou muito feliz. No ano passado eu estive pela primeira vez no Brasil para o projeto Red Bull Academy. Em São Paulo, eu também discotequei no Xingu e tive uma resposta ótima como DJ. Foi aí que decidi que a gente deveria voltar com uma apresentação ao vivo, para ver como os brasileiros reagiriam à música do Gotan. Outro motivo foi ter tocado na Itália, em um festival, e ter encontrado Caetano Veloso. Ele adorou o show e disse que tínhamos de ir ao Brasil.

Folha - Antes do Gotan, você misturava música brasileira com eletrônica no grupo Boyz from Brazil. Você planeja tocar alguma coisa dessa fase no show do Rio?

Solal -
Não, de forma alguma. Gotan, como o nome diz, significa tango. É um projeto estritamente relacionado à música argentina ou à música do rio da Prata. Não dá para colocar um mix de música brasileira no meio. Eu não gosto muito da música que faz uma fusão de tudo. Por isso eu fiz dois projetos separados. Penso que há uma diferença enorme entre a música brasileira e a argentina, e entre músicas de outras partes da América do Sul. Apenas os ignorantes pensam que a música latina é um coisa só.

Folha - Ao vivo, a música produzida pelo Gotan é muito diferente da gravada. Quais são as principais diferenças e qual será a formação da banda para esse show?

Solal -
Nós vamos levar o show inteiro. Somos sete músicos no palco, uma parte toca instrumentos acústicos, como bandoneón, violino, piano e guitarra, e a outra parte usa ferramentas eletrônicas como laptop, efeitos e "turntables" (toca-discos). Também levaremos uma cantora. Na realidade, no palco, acontece um verdadeiro pingue-pongue entre o acústico e o eletrônico. Musicalmente é um concerto de verdade, mas é também um show, pois teremos uma instalação de vídeo com duas telas diferentes.

Folha - Como será a parte visual?

Solal -
Eu acho que a parte visual é muito importante no nosso show, e ela foi feita por uma artista francesa, Prisca Lobjoy, responsável por todas as capas dos nossos discos. Ela usa a imagem de uma forma muito poética e consegue captar a essência do tango e da história da Argentina para fazer algo bastante contemporâneo e diferente, evitando todos os clichês do tango e do tecno.

Folha - Outro projeto de tango com eletrônica é o Bajofondo Tango Club. O que você pensa dele?

Solal -
Acho que duas ou três faixas são OK, mas não gosto do resto. Penso que é um disco que já nasce velho, que é só uma colagem de beats de house e loops para dançar, exatamente o que a gente não quer fazer.

Folha - Recentemente você fez um remix de "Whatever Lola Wants", cantado por Sarah Vaughan. Quais são seus próximos projetos e quando sai um novo álbum do Gotan?
Solal - Já começamos a trabalhar no novo disco. Estamos trabalhando dentro do possível, porque temos viajado o mundo todo. A turnê deve terminar no fim deste ano e, no começo de 2004, devemos mergulhar no disco.

Mas queremos tempo para fazer algo que seja ainda melhor do que o primeiro. Nós fizemos "La Revancha del Tango" com liberdade porque não esperávamos o sucesso que ele teve. Agora temos todo esse sucesso e estamos muito confiantes, mas, ao mesmo tempo, temos de tomar cuidado para continuar a fazer explorações. Porque pensar no sucesso não é a melhor forma de fazer boa música.

Folha - Vocês vão tocar alguma música inédita no Brasil?

Solal -
Se tivermos tempo, sim. Porque em festivais a gente tem um limite de tempo. Nesse é uma hora, e o nosso show tem quase duas horas. Mas adoraríamos mostrar duas novas faixas.

TIM FESTIVAL
Onde:
MAM-RJ (av. Infante Dom Henrique, 85, Rio)
Quando: de 30/10 a 1º/11
Quanto: de R$ 30 a R$ 80 (www.ticketronics.com.br)
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página