02/10/2003 - 06h46

Crítica: Humor salva a futilidade em estréias

XICO SÁ
crítico da Folha

Um canal voltado para a tal da mulher moderna, essa costela do mercado que hoje faz par imaginário com o macho sensível --outra figura criada por um Esopo publicitário.

Assim é o GNT repaginado. No lugar da psicodelia, as vinhetas trazem mulheres que cruzam a tela, quase sombras, silhuetas que lembram anúncios de leite diet.

Menos documentários e mais revistas femininas. A vingança da futilidade? Sim, mas com alguns minutos de sabedoria no gênero. Como no "Armazém 41", programa que vai ao ar todas as noites, com um quadro diferente a cada edição. O humorista Marcelo Madureira, do "Casseta & Planeta", e o jornalista Arthur Dapieve entram na segunda-feira. A função da dupla: ombudsman, mas assim num tom "relax for woman".

O quadro se chama "Sem Controle". Título sem graça, meu Deus. Seria "Maníaco & Depressivo", mas desistiram --batismo muito mais apropriado. Os dois na frente de uma TV criticam, galhofa entediada (cool, como diria um macho sensível!), os programas do próprio canal. Renato Machado, que faz um programa sobre vinhos no GNT, foi uma das primeiras vítimas. Com louvor. O triunfo da jurubeba e do "Sangue de Boi". Patifaria de primeira.

O "Armazém" mostra na terça outro ótimo quadro: "Telefone sem Fio". Com as meninas do "02 Neurônio", Jô, Raq e Nina, que já se estabeleceram no mundo de Gutenberg e agora mostram competência também na TV. Drama de moça da melhor estirpe, pequenas tragédias customizadas.

No GNT repaginado não poderia faltar um programa sobre decoração. Aí veio o "+D", com Chris Nicklas (ex-MTV) e Cristina Brasil. Tudo bonitinho, design moderninho, matérias fofas --como dizem os clientes preferenciais desse tipo de atração.

Mas tudo tão clean, cool no último, tudo com um corte tão publicitário, que o programa passa e a gente nem percebe direito. Como se passássemos correndo por dentro da Casa Cor. Louve-se o esforço didático das apresentadoras, que estão muito bem na área.

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