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06/10/2003 - 11h12

Álbuns clássicos do selo de gangsta Death Row saem no Brasil

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FERNANDA MENA
da Folha de S.Paulo

No início dos anos 90, um selo norte-americano fez história ao impulsionar a vertente mais controversa do hip hop --o gangsta rap-- e ao produzir celebridades instantâneas da música, bem como um punhado de hits do gênero.

Quase dez anos depois de lançar álbuns clássicos do rap e de redefinir os parâmetros da produção mundial de hip hop, um pacote com seis dos mais influentes CDs da gravadora ganha edição nacional via Trama e deve chegar às lojas nos próximos dias.

São eles: "The Chronic", de Dr. Dre; "Doggystyle" e "Tha Doggfather", de Snoop Doggy Dogg; o duplo "All Eyez on Me", de 2Pac; "Don Killuminatti: The 7th Day Theory", assinado por Makaveli, codinome póstumo de 2Pac; e um álbum de hits da gravadora.

Os discos são os tiros mais certos do gangsta rap até meados dos anos 90, quando o gênero entra em forte declínio graças à exaltação de um rap "do bem", com mensagens positivas e antiviolência.

Até então, o gangsta rap havia tomado de assalto as paradas e o gosto dos amantes do hip hop nos EUA e em todo o mundo. Grande parte da primeira geração de rappers brasileiros, que surgiram aos olhos do grande público também nos anos 90, citava artistas de gangsta como uma importante influência.

Naquela época, entre os artistas da Death Row, o que pegava eram as tretas, as armas, as batidas fortes e as letras hedonistas --cheias de sacanagem e de palavrões, tomadas de referências a crimes, a mulheres e a dinheiro. Seus cantores tinham pinta de mafiosos (e, efetivamente, algumas acusações tramitando na Justiça). Usavam jóias de ouro. Apareciam ao lado de carrões esportivos.

Tratava-se de uma cultura pop completa, com atitude, estética e sonoridade.

G-funk

Fundada em 1992 pelo mestre hip hop da produção musical, Dr. Dre, e pelo empresário bandidão Suge Knight, a Death Row ("corredor da morte", em inglês) foi a força dominante do rap na primeira metade dos anos 90, responsável pelo sucesso comercial quase imediato dessa nova espécie de rap, o que reverteu milhões de dólares para a conta da gravadora.

Mas o grande mérito da Death Row foi ter criado uma corrente musical dentro do gangsta rap, o chamado g-funk, uma mistura da batida do rap com o funk à la George Clinton, arquitetada por Dr. Dre em seu laboratório-estúdio, e apresentada ao público em "The Chronic", disco solo de estréia de Dre, que havia abandonado o grupo N.W.A. (Niggers with Attitude), que tinha ao lado de Ice Cube e do finado Eazy-E. O disco é uma obra-prima do funk gangsta, traz clássicos instantâneos, como "Funk Wit Dre Day", "Nuthin" but a "G" Thang" e "The Day the Niggaz Took Over", e serviu de vitrine para o ainda desconhecido Snoop Doggy Dogg, que canta em 13 de suas 16 faixas.

Treta

Os lançamentos seguintes da Death Row que chegam agora ao Brasil tiveram seu sucesso estrondoso atrelado às páginas policias dos tablóides. "Doggystyle" e "Tha Doggfather" criaram hits imediatos e elevaram o zé-ninguém Snoop Doggy Dogg à categoria de astro, mesmo tendo sido lançados durante um julgamento no qual ele era acusado de ser cúmplice em um homicídio e sofrendo denúncias de exaltar a violência e o sexismo.

Mas o caso mais emblemático do gangsta é o de 2Pac (1971-1996), que frequentava o topo das paradas da Billboard, com "Me Against the World", de dentro da prisão, onde foi parar depois de uma denúncia de abuso sexual feita por uma fã. 2Pac havia sido baleado e processado anteriormente, mas foi o assassinato, em 1996, que o transformou em mártir do gangsta rap e que deu início ao acelerado declínio do gênero.
 

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