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07/10/2003 - 08h18

Cildo Meirelles mostra em SP seu conceito de escadas e escalas

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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
editor de Opinião

Uma escada em sua estrutura essencial: duas barras paralelas verticais unidas por uma série de outras barras horizontais, menores e equidistantes, que formam os degraus. Essa é a forma a partir da qual o carioca Cildo Meirelles, 55, expoente da arte contemporânea brasileira e internacional, concebeu os trabalhos que exibe, a partir de hoje, na galeria Luisa Strina, e a partir do dia 16 na mostra "Panorama", no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

No ano passado, a convite de Vicente Todoli, curador da Tate Gallery, de Londres, Meirelles participou do evento "Arte All'Arte", que reuniu diversos artistas em cidades da região da Toscana, na Itália. Seu projeto inicial, para a cidade de Siena, era criar uma longuíssima escada que se perderia de vista no céu. Ela seria feita com um material leve, desenvolvido pela Nasa, e ficaria suspensa por um balão camuflado fixo. "Era um pouco utópico, o material não estava disponível e as autoridades aeronáuticas não autorizariam", conta Meirelles.

Sendo assim, uma outra idéia foi concebida. Uma escultura composta por duas escadas de 40 metros cada uma. Uma delas seria erguida verticalmente, acima da superfície, e a outra ficaria enterrada no solo. O título: "Viagem ao Centro do Céu e da Terra".

A tentativa de fazer a metade subterrânea acabou dando em água logo após os primeiros metros de perfuração --o que a inviabilizou. Ficou em Siena a escada que se ergue do chão, uma espécie de estrutura-matriz a partir da qual o artista, em sucessivas "desconstruções", produziu uma série de 16 desenhos ferruginosos, gravados quimicamente em chapas de aço carbono (50 cm x 50 cm), e 16 esculturas, também em aço, com altura de três metros.

A primeira série é a exibida pela galeria Luisa Strina. A segunda estará no MAM-SP. O título do trabalho, "Descala", é um jogo com a palavra italiana "scala", que significa escada e também escala. De certa forma o título condensa algumas das questões conceituais da obra: a desconstrução da forma paradigmática inicial e sua mudança de escala para as esculturas e gravuras. Ou melhor, "gravações", como Meirelles prefere, uma vez que o que expõe são as chapas e não impressões sobre papel ou outra superfície.

Os trabalhos deverão proximamente ser mostrados em Nova York, cidade que recebeu trabalhos do artista pela primeira vez em 1970, quando o MoMA (Museu de Arte Moderna) mostrou suas "Inserções nem Circuitos Ideológicos" --garrafas de vidro de Coca-Cola, daquelas que se devolviam para a compra de novas, nas quais o artista escrevia mensagens antiimperialistas.

Ligado ao que se convencionou chamar de "arte conceitual", Meirelles é um dos artistas brasileiros mais conhecidos mundialmente --com incontáveis participações em eventos, galerias e instituições de ponta do circuito internacional. Agora ele exibe a instalação "Homeless Home" na Bienal de Istambul (Turquia). Trata-se de um banheiro, um quarto, uma sala e uma cozinha dispostos num cruzamento de duas avenidas, cada qual em um canto, de modo que o morador, para transitar de um cômodo a outro da "casa", precisa deixá-lo e atravessar a rua.

CILDO MEIRELLES
Onde:
galeria Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, SP, tel. 0/xx/ 11/3088-2471)
Quando: abertura hoje, às 19h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 14/11
Quanto: grátis

PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
Onde:
MAM (pq. Ibirapuera, s/nº, portão 3, SP, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quando: de 16/10 a 30/11
Quanto: R$ 5

Leia mais
  • Trabalhos de Cildo Meirelles são múltiplos com tiragem de 20
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