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04/09/2000 - 10h11

Filha de Paulinho da Viola traz o "samba de raiz" para o Sesc

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

A carioca Eliane Faria, 35, se apresenta nesta terça (05), em São Paulo, no projeto "Prata da Casa", do Sesc Pompéia. Possível novo talento do dito "samba de raiz", ela é, além de cantora e compositora, filha de Paulinho da Viola.

Ela está em São Paulo nesta semana não só para cantar, mas também para negociar contrato com uma gravadora paulista para fazer seu primeiro disco. Cantando profissionalmente há seis anos, ela diz que não tem se afinado com propostas que algumas gravadoras lhe fizeram. "Nesse tempo todo, fui procurada por três gravadoras, mas elas querem coisa que venda, o forrogode, que não é minha praia. Uma gravadora disse que queria se vendesse 500 mil cópias, foi a proposta que mais me chocou. Era isso ou nada, então foi nada."

Ela explica qual é sua praia: "Trabalho com o samba mais tradicional, de raiz, embora não goste dessa palavra. Mas, mesmo sendo tradicional, a gente procura uma linguagem mais atual. Já cantei bossa, MPB, fiz um giro. O samba falou mais alto".

Descreve o inevitável, a influência do pai: "Eu nasci na música, e não só por ele. Minha mãe é passista do Salgueiro. Meu avô, César Faria, ajudou a criar o Época de Ouro, com Jacob do Bandolim. Paulinho tem um lado mais sofisticado, de jazz e piano. Eu sou mais raiz. Ele é uma referência pela postura profissional, mas sou filha dele e nem por isso gravei".

Ela não foge do pai no repertório. Além de Cartola, Candeia, Monarco, Ivone Lara, Anescarzinho do Salgueiro, Moacyr Luz, Aldir Blanc, Jorge Aragão e outros, canta "Pagode do Vavá", "Foi um Rio Que Passou em Minha Vida" e "Argumento".

"Canto 'Argumento' como uma forma de protesto em relação ao samba que vem alterado. Quem tem preconceito contra o samba tradicional é gravadora, o povo adora o show", diz, evocando versos da canção como "não me altere o samba tanto assim".

Sobre os percalços do samba: "Em São Paulo as pessoas são mais culturais, preservam mais a música. No Rio é mais modismo". Ainda sobre esse tema, fala sobre o dito "pagode mauricinho" que vem ocupando espaços que antes eram do samba "de raiz": "As pessoas querem inventar, lançar uma coisa diferente a toda hora. Acho que isso chegou a um ponto em que a música brasileira se perdeu um pouco. Mas a chama do samba não acaba. Nos guetos e redutos está cheio de gente".

Show: Eliane Faria
Onde: Choperia do Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quando: terça-feira, às 21h
Quanto: entrada franca

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