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12/10/2003 - 08h03

Dramalhão mexicano tenta desbancar celebridades globais

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LAURA MATTOS
DIEGO ASSIS
CLÁUDIA CROITOR
da Folha de S.Paulo

Com texto mexicano e música de abertura na voz de Moacyr Franco, a novela "Canavial de Paixões" estréia amanhã, às 20h30, no SBT, disposta a concorrer com "Celebridade", a nova aposta da Globo para o horário das oito.

O romance açucarado teve seu início adiado por duas vezes, até que Silvio Santos bateu o martelo: a trama teria de entrar no ar no mesmo dia da sucessora de "Mulheres Apaixonadas".

O SBT sabe que esse não é exatamente um bom momento para declarar guerra contra o principal produto de teledramaturgia da concorrente. Internamente, enfrenta dificuldades financeiras e a crise de credibilidade com o mercado publicitário causada pelo "caso Gugu/PCC".

Por outro lado, a Globo vive excelente fase na faixa das oito. "Mulheres" deixou o horário com recordes de audiência (perto dos 50 pontos no Ibope) e de repercussão. Já é um contexto favorável a "Celebridade", que ainda concentra grandes investimentos da direção da Globo: traz de volta Gilberto Braga (autor das consagradas "Vale Tudo" e "Escrava Isaura"), apresenta elenco de primeiro time e tem participação de astros internacionais.

"É claro que vamos sair um pouco machucados nessa história", brinca Jacques Lagoa, o diretor de "Canavial de Paixões", referindo-se à guerra de audiência.

Tentando evitar ferimentos mais graves, o SBT reuniu todos os seus esforços e anunciou com estardalhaço a contratação de ex-globais como Victor Fasano e Claudia Ohana --só não deu holofote ao fato de que justo os dois participam apenas da primeira quinzena da novela, morrem e passam a ter suas poucas imagens reaproveitadas em flashbacks.

O SBT também trouxe da Globo Débora Duarte e Oscar Magrini, que, aliás, não gosta de ser chamado de ex-global. "Não tem diferença. Sou um ator e tenho que mostrar o meu trabalho, seja na Globo, no SBT ou na Record. A novela mexicana tem o que o povão gosta, ódio, amor, inveja...", diz ele, que já atuou em outras duas no canal de Silvio Santos.

Como o SBT não mantém banco de atores fixos, foram testadas 2.000 pessoas para o elenco, de ex-integrantes da "Casa dos Artistas" a capas de revistas masculinas.

A trama é simples: um amor de juventude entre o usineiro Amador Giácomo (Fasano) e Débora Santos (Ohana), mulher do dono de canaviais da região, faz com que, 15 anos depois, os filhos das duas famílias sejam impedidos de namorar. Um "Romeu e Julieta" na terra da garapa.

"O que tentamos fazer é tornar a coisa crível, sem aqueles penteados, maquiagens e falas exagerados. Nisso, até eles [os mexicanos] já estão melhorando", diz Lagoa.

"Precisamos é deixar de ver a novela mexicana como um subproduto. Ela tem suas vantagens e reúne todos os elementos de um bom folhetim. A "Pícara Sonhadora" [exibida em 2001 pelo SBT] foi um grande sucesso em Nova York", diz Lagoa, que dirigiu "Xica da Silva" na extinta Manchete.

"Canavial" ganha de "Celebridade" quando o assunto é economia. Cada capítulo da trama do SBT custa R$ 90 mil, enquanto o da concorrente chega perto de R$ 200 mil. O elenco também é menor: 28 contra 50 globais.

As primeiras cenas devem dar o tom da diferença: "Canavial", como não poderia deixar de ser, mostra quilômetros e quilômetros de plantações de cana. Já "Celebridade", sobre o mundo glamouroso dos famosos, começa com imagens de Londres e Paris.

Trabalhando com um texto pronto e procurando diminuir custos, "Canavial" entra no ar com cerca de 40 dos cem capítulos da novela já gravados.

"Nosso cronograma nos obriga a fazer tudo em quatro meses e meio. Para isso, gravamos mais horas por dia e os atores têm de entrar no barco", afirma Lagoa.

Segundo David Grinberg, diretor do núcleo de telenovelas da emissora, o objetivo é superar os 15 pontos atuais de audiência no horário (cada ponto equivale a 48,5 mil domicílios na Grande São Paulo). Na sequência, já programa "Os Ricos Também Choram", grande sucesso latino e a sétima novela do contrato com a Televisa, que acaba em 2005.

Na Globo, as expectativas são outras. Fala-se até em lançar revista sobre os personagens da novela. "Celebridade" traz nomes como Malu Mader e Cláudia Abreu, além de Thiago Lacerda, Marcos Palmeira, Isabela Garcia, Alexandre Borges e Nívea Maria.

Para dar visibilidade à trama, a Globo aposta em nomes como o de Julio Iglesias, Mick Hucknall, do Simply Red, e Alanis Morissette. João Ubaldo Ribeiro, Marina Lima e Erasmo Carlos também fizeram participações especiais.

Mesmo com todo o investimento, Gilberto Braga se garantiu em caso de zebra: "Como novela é um contrato de risco, nós nos cercamos não só dos melhores atores, mas daqueles com quem queremos estar em caso de naufrágio".
 

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