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13/10/2003 - 10h50

Front 242 diz que não liga mais para o gênero que ajudou a criar

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

O rock, a música eletrônica e o hip hop de vanguarda já estão no Tim Festival, que acontece de 30 de outubro a 1º de novembro no Rio de Janeiro, mas o evento ganha impulso forte com os veteranos do Front 242.

E mais: no dia seguinte à sua apresentação no evento carioca, o grupo belga descarrega seus ainda atuais e potentes beats e barulhos sujos em São Paulo, no DirecTV Music Hall.

Desde o início dos anos 80, o Front 242 está entre os líderes daquelas bandas colocadas dentro da sigla EBM (Electronic Body Music), gênero pré-tecno e meio-irmão do rock industrial.

São ainda do Front 242 algumas das músicas que compuseram a trilha sonora soturna daqueles que não se identificavam muito com as melodias ensolaradas, assobiáveis e "para cima" de bandas da época, como Spandau Ballet, Eurythmics, Fine Young Cannibals, Human League, para ficar só em algumas.

O Front 242 é também responsável por hits como "Quite Unusual", "Masterhit" e "Headhunter" --esta última foi sampleada pelos funkeiros cariocas do Bonde do Tigrão sem a autorização da banda.

Para falar desse imbróglio, dos shows que farão no Brasil e das idéias algo anarquistas e progressistas que sempre acompanharam a banda, a Folha de S.Paulo entrevistou por e-mail o vocalista Jean-Luc De Meyer.

Folha de S.Paulo - Terrorismo cultural, protestos antiglobalização e futuro tecnológico são preocupações bem atuais, mas já estavam na música do Front 242 há anos. Esses pontos ainda são pertinentes a vocês? Se não, qual é a preocupação da banda agora?

Jean-Luc De Meyer - A interioridade. O que acontece dentro de nós quando tudo muda e se torna perigoso? Como eu me posiciono nisso? Eu sou uma marionete, uma vítima da situação? Como eu ajo e reajo? Onde estão minha fé e minha dignidade? Onde está minha habilidade para resistir e/ou mudar minha vida e o mundo à minha volta?

Folha de S.Paulo - O Front 242 lançou um álbum meses atrás, o Kraftwerk fez a mesma coisa... Você acha que a música eletrônica deve olhar para trás para revitalizar a si mesma?

De Meyer - Não. Uma banda antiga pode continuar intensamente viva e inovadora, enquanto uma banda nova pode ser apenas chata e nada interessante. Não é uma questão de revitalização, é uma questão de levar a causa a novos horizontes.

Folha de S.Paulo - A eletrônica é mainstream atualmente. Você acha que o Front 242 estava à frente de seu tempo? Quais as heranças que sua banda deixou para a música atual?

De Meyer - A eletrônica é mainstream há muito tempo. "The Model", do Kraftwerk, e "Tainted Love", do Soft Cell, chegaram ao número um da parada inglesa há uns 20 anos. Acho que trouxemos à música a idéia de que a eletrônica pode ser forte e excitante. E também que deve se desvencilhar dos sons pré-fabricados e das estruturas do rock.

Folha de S.Paulo - Qual a dificuldade de levar as músicas para o palco? Como é a banda ao vivo?

De Meyer - Na verdade, nós geralmente temos o problema oposto: é mais difícil fazer as canções funcionarem no estúdio do que ao vivo. Músicas que soam calmas e devagar no estúdio normalmente ganham uma dimensão enorme ao vivo. Nós nos apresentamos em quatro pessoas, contando o baterista convidado, Tim Kroker. E tem um que sempre fica atrás do mixer, como um DJ.

Folha de S.Paulo - Todos na banda sempre foram muito informados sobre o universo das artes em geral. O que de interessante você tem acompanhado atualmente?

De Meyer - Nós escrevemos. Nós compomos. Nós pintamos. Vamos a exibições, museus, teatros, cinemas... Como qualquer outra pessoa.

Folha de S.Paulo - Vocês processaram uma banda brasileira por ter usado um sampler não-autorizado de "Headhunter". Como vocês ficaram sabendo dessa música e como está o caso agora?

De Meyer - Somos uma banda, então não somos nós que processamos alguém; é a nossa gravadora. Não sei como está a situação.

Folha de S.Paulo - Levou quase uma década para vocês lançarem novo álbum ["Pulse", 2003]. O que aconteceu?

De Meyer - Estávamos muito ocupados com outras coisas.

Folha de S.Paulo - Atualmente o electro é grande no mundo todo. Você vê conexão entre o gênero e a chamada EBM?

De Meyer - Para ser honesto, não me interessa nenhum desses dois gêneros. Não tenho idéia de como essas bandas soam hoje.

Folha de S.Paulo - Essas serão suas primeiras apresentações no Brasil. Vocês já sabem o que irão tocar e como será a produção dos shows?

De Meyer - Vamos tocar com nossa pequena equipe de sempre, que já está acostumada a tirar o máximo do que recebe. O show tem espaço para improvisações, e isso é uma característica que sempre acompanhou o Front 242.

TIM FESTIVAL. Onde: MAM-RJ (av. Infante Dom Henrique, 85, Rio de Janeiro). Quando: de 30/10 a 1º/11. Quanto: de R$ 30 a R$ 80. Como comprar: tel. 0300-789-3350.

FRONT 242. Onde: DirecTV Music Hall (al. dos Jamaris, 213, Moema, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 6846-6040). Quando: 2/11, às 20h. Quanto: de R$ 60 a R$ 100.
 

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