Publicidade
Publicidade
16/10/2003
-
06h21
XICO SÁ
crítico da Folha
Enquanto Gilberto Braga fazia um espalhafato no primeiro capítulo da novela "Celebridade" (Globo), na segunda-feira, com direito ao pior sequestro da superprodução da TV brasileira, o SBT entrava com o seu bailinho na roça. Era "Canavial de Paixões". Uma trama rural mexicana transposta para o mundo caipira de São Paulo.
O teledrama de Silvio Santos completa o da Globo. Não por tratar do mesmo tema, a inveja, como quase todas as novelas do mundo. Mas por mostrar como funciona na vida real a indústria da fama. O SBT reaproveita atores que o Projac já explorou e depois escanteou, como Victor Fasano, Claudia Ohana, Débora Duarte e Oscar Magrini, nem melhores nem piores do que muitos globais com estabilidade no emprego.
O padrão "Canavial" é a discussão que Gilberto Braga pôs no ar. A novela global exibe Malu Mader, fenômeno de longevidade no mundo dos célebres brasileiros. O SBT fez uma peneira com uma multidão de atores desconhecidos para completar o seu elenco. Com direito aos quase famosos da safra "reality show".
Mas o texto mexicano tem uma coisa ótima: a ausência da dita realidade brasileira e do merchandising social, que Manoel Carlos levou às últimas consequências no seu último dramalhão. Em tempo: Gilberto Braga, além do sequestro, também já pôs uma criança aconselhando um pai bebum. Ora, senhores novelistas, vício não é crime, deixem as pessoas se estragarem em paz. Essas campanhas acabam por desumanizar os personagens e a vida.
O enredo de "Canavial" não tem nada de mexicano. É Shakespeare mesmo. Um "Romeu e Julieta" agro-industrial, com os filhos de usineiros e canavieiros herdando uma pendenga familiar que trava o amor.
Sem o coloquialismo do texto da novela nacional, percebe-se algum sofrimento dos atores para carregar no drama. Perde na espontaneidade das falas, o que torna tudo mais dramático ainda. Em tempo: Claudia Ohana, desde o filme "Eréndira" (1983), leva erotismo para onde vai. Seu viço brejeiro, no entanto, carece de mais externas na paisagem verde da cana-de-áçucar.
"Canavial de Paixões" é novela à Glória Magadan, como antigamente. O chato é que tem criança demais. E criança na TV é tão histérica quanto no almoço de domingo na churrascaria.
Avaliação:
Canavial de Paixões
Quando: de seg. a sáb., às 21h, no SBT
"Canavial" completa discussão sobre fama
Publicidade
crítico da Folha
Enquanto Gilberto Braga fazia um espalhafato no primeiro capítulo da novela "Celebridade" (Globo), na segunda-feira, com direito ao pior sequestro da superprodução da TV brasileira, o SBT entrava com o seu bailinho na roça. Era "Canavial de Paixões". Uma trama rural mexicana transposta para o mundo caipira de São Paulo.
O teledrama de Silvio Santos completa o da Globo. Não por tratar do mesmo tema, a inveja, como quase todas as novelas do mundo. Mas por mostrar como funciona na vida real a indústria da fama. O SBT reaproveita atores que o Projac já explorou e depois escanteou, como Victor Fasano, Claudia Ohana, Débora Duarte e Oscar Magrini, nem melhores nem piores do que muitos globais com estabilidade no emprego.
O padrão "Canavial" é a discussão que Gilberto Braga pôs no ar. A novela global exibe Malu Mader, fenômeno de longevidade no mundo dos célebres brasileiros. O SBT fez uma peneira com uma multidão de atores desconhecidos para completar o seu elenco. Com direito aos quase famosos da safra "reality show".
Mas o texto mexicano tem uma coisa ótima: a ausência da dita realidade brasileira e do merchandising social, que Manoel Carlos levou às últimas consequências no seu último dramalhão. Em tempo: Gilberto Braga, além do sequestro, também já pôs uma criança aconselhando um pai bebum. Ora, senhores novelistas, vício não é crime, deixem as pessoas se estragarem em paz. Essas campanhas acabam por desumanizar os personagens e a vida.
O enredo de "Canavial" não tem nada de mexicano. É Shakespeare mesmo. Um "Romeu e Julieta" agro-industrial, com os filhos de usineiros e canavieiros herdando uma pendenga familiar que trava o amor.
Sem o coloquialismo do texto da novela nacional, percebe-se algum sofrimento dos atores para carregar no drama. Perde na espontaneidade das falas, o que torna tudo mais dramático ainda. Em tempo: Claudia Ohana, desde o filme "Eréndira" (1983), leva erotismo para onde vai. Seu viço brejeiro, no entanto, carece de mais externas na paisagem verde da cana-de-áçucar.
"Canavial de Paixões" é novela à Glória Magadan, como antigamente. O chato é que tem criança demais. E criança na TV é tão histérica quanto no almoço de domingo na churrascaria.
Avaliação:
Canavial de Paixões
Quando: de seg. a sáb., às 21h, no SBT
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice