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17/10/2003
-
07h48
PEDRO BUTCHER
crítico da Folha
Logo depois da exibição para a imprensa de "Pai e Filho" no Festival de Cannes, em maio deste ano, Aleksandr Sokúrov deu uma entrevista em que respondeu, furiosamente, aos comentários daqueles que viram em seu filme uma expressão homoerótica. Sokúrov falava de "olhares impuros" incapazes de perceber a "pureza da arte e do amor entre pai e filho".
Mas é preciso separar o autor da obra. Por mais reacionárias que pareçam as declarações do cineasta, é impossível desconsiderar o caráter perturbador e a altíssima voltagem poética desse seu novo longa-metragem.
A primeira imagem do filme, segundo capítulo de uma trilogia da qual já faz parte "Mãe e Filho" (1996), mostra detalhes de dois corpos masculinos entrelaçados. O que parece uma cena de sexo se revela algo diferente: um pai abraça seu filho no momento de um pesadelo.
É difícil fechar os olhos para a intensidade erótica (e mesmo incestuosa) das imagens, característica que existe para além das vontades de Sokúrov e que ainda é reforçada por outros elementos (o filho, como o pai, segue carreira militar; o amor do filho pelo pai e por um amigo superam seu amor pela namorada etc.).
Indo muito além das aparências, Sokúrov abandona a ambição desmedida de "Arca Russa" e retoma uma poesia carnal e vigorosa.
PAI E FILHO: dia 27, às 20h20, Cinearte 1; dia 28, às 12h, Cineclube DirecTV 1; dia 29, às 19h, Metrô Santa Cruz 9; e dia 30, às 19h, Unibanco Arteplex 1
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"Pai e Filho", de Sokúrov, é de altíssima voltagem poética
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crítico da Folha
Logo depois da exibição para a imprensa de "Pai e Filho" no Festival de Cannes, em maio deste ano, Aleksandr Sokúrov deu uma entrevista em que respondeu, furiosamente, aos comentários daqueles que viram em seu filme uma expressão homoerótica. Sokúrov falava de "olhares impuros" incapazes de perceber a "pureza da arte e do amor entre pai e filho".
Mas é preciso separar o autor da obra. Por mais reacionárias que pareçam as declarações do cineasta, é impossível desconsiderar o caráter perturbador e a altíssima voltagem poética desse seu novo longa-metragem.
A primeira imagem do filme, segundo capítulo de uma trilogia da qual já faz parte "Mãe e Filho" (1996), mostra detalhes de dois corpos masculinos entrelaçados. O que parece uma cena de sexo se revela algo diferente: um pai abraça seu filho no momento de um pesadelo.
É difícil fechar os olhos para a intensidade erótica (e mesmo incestuosa) das imagens, característica que existe para além das vontades de Sokúrov e que ainda é reforçada por outros elementos (o filho, como o pai, segue carreira militar; o amor do filho pelo pai e por um amigo superam seu amor pela namorada etc.).
Indo muito além das aparências, Sokúrov abandona a ambição desmedida de "Arca Russa" e retoma uma poesia carnal e vigorosa.
PAI E FILHO: dia 27, às 20h20, Cinearte 1; dia 28, às 12h, Cineclube DirecTV 1; dia 29, às 19h, Metrô Santa Cruz 9; e dia 30, às 19h, Unibanco Arteplex 1
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