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16/10/2003 - 17h30

"Aos Treze" mostra ponto de mutação da infância para adolescência

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FERNANDA MENA
da Folha de S.Paulo

Depois de ser exibido no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, o polêmico "Aos Treze" estréia nesta sexta (17/10) no Brasil. O filme rendeu o prêmio de Melhor Direção do Festival de Cinema de Sundance de 2003 à estreante Catherine Hardwicke, que escreveu o roteiro do filme com Nikki Reed, 14, que é, na verdade, a protagonista na vida real da história dramatizada nas telas.

"Aos Treze" trata do ponto de mutação da infância para a adolescência na vida de Tracy (Evan Rachel Wood), que ainda brincava de bonecas quando entrou no ginásio e percebeu que era diferente do grupinho de garotas descoladas da escola, liderado por Evie (Nikki Reed).

Para ser aceita na turma, Tracy "vira mulher" da noite para o dia. Torna-se uma rebelde dentro de casa. Passa a se vestir de modo sexy, experimenta drogas, toma porres homéricos e cai na vida, para desespero de sua mãe (Holy Hunter). "Não abordamos o mundo cor-de-rosa", avisa a diretora.

Leia, a seguir, trechos da entrevista que a diretora Catherine Hardwicke concedeu ao Folhateen.

Folha - Como foi dividir a autoria de um roteiro baseado em fatos reais com a própria protagonista da história ali contada?

Catherine Hardwicke -
Foi muito interessante. Eu conheci Nikki quando ela tinha cinco anos. Namorei o pai dela durante quatro anos. Quando terminamos, eu queria continuar amiga de Nikki e comecei a cortar meu cabelo com sua mãe, que tinha um pequeno salão em casa. Foi aí que pude acompanhar o ponto de mutação entre a infância e a adolescência de Nikki, que foi muito rápido. Ela era uma menina doce e, de repente, passou a andar como uma modelo e a ser muito agressiva com sua mãe. Seus únicos interesses eram roupas, maquiagens, cabelo etc. Comecei a me aproximar mais dela, a sair com seus amigos, estimulando-os a surfar, a desenhar, a escrever etc. E Nikki ficou interessada em atuar. Aí decidimos escrever o roteiro sobre sua própria história e seus conflitos. Achei que aquilo ajudaria a Nikki a compreender o que estava acontecendo com ela.

Folha - O que os pais dela acharam do filme?

Hardwicke -
Foi muito duro para eles. É um filme pesado para qualquer pai, especialmente se a história é verdadeira e se a personagem principal é sua filha. Foi como uma terapia para ela e para os pais.

Folha - "Aos Treze" trata de muitas questões da adolescência. Qual era o seu foco?

Hardwicke -
"Aos Treze" é sobre a virada dos 12 para os 13 anos, uma fase da vida em que todos têm de descobrir quem realmente são. É quando a criança vira jovem e começa a se desligar dos pais para conhecer a vida com suas próprias pernas e para agregar suas próprias experiências. ara algumas pessoas, é uma fase tranquila. Para outras, é difícil. Acho que o filme é sobre essa descoberta. Essa é a idade mais intrigante e traiçoeira da vida de um jovem. É assustador para muitos pais pensar que seus filhos vão começar a ter experiências e a buscar sua identidade. Eles não querem que seus filhos se metam em algo de que não poderão se livrar depois, como ficar grávida, pegar uma doença, ser preso ou se viciar em alguma droga pesada. É uma idade cheia de riscos. Mas é natural que se experimentem coisas. Todo mundo fez isso.

Folha - Como "Aos Treze" difere de filmes para adolescentes como "American Pie"?

Hardwicke -
Não queríamos fazer mais uma comédia boba. Queríamos falar sobre as coisas reais, sobre as coisas barras-pesadas. Nós simplesmente não abordamos o mundo cor-de-rosa da juventude. Tratamos do lado obscuro, problemático e violento da adolescência.

Folha - Por que, na sua opinião, "Aos Treze" deve ser visto por adolescentes?

Hardwicke -
Nos EUA, o filme foi proibido para menores de 18 anos, que só podem assistir a ele acompanhados de um adulto. Acho isso legal porque aí os adolescentes podem ir com seus pais e, depois, discutir as questões apresentadas no filme. "Aos Treze" é muito realista. Acho que os jovens de 13 anos deveriam assistir ao filme com seus pais para poderem conversar sobre assuntos que são tabus. É o que tenho chamado de "cinematerapia", especialmente porque o objeto da discussão não é o que o próprio jovem andou aprontando, mas o que a garota do filme fez, e isso torna tudo mais fácil.

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