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21/10/2003 - 19h33

Premiação do Goncourt causa polêmica na França

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da France Presse, em Paris

O Prêmio Goncourt 2003, principal prêmio literário da França, foi concedido hoje a Jacques-Pierre Amette por seu romance "La Maîtresse de Brecht". O resultado gerou polêmica nos meios literários franceses por ter sido feito duas semanas antes do previsto.

O Goncourt, que neste ano celebra seu centenário, deveria, em princípio, ser anunciado em 3 de novembro, mas o júri tornou pública a sua decisão antes do previsto, frente ao temor de que Amette receba outro prêmio.

"Nos pareceu uma pena que o escritor ganhador desta distinção excepcional não fosse, por uma questão de datas de alternância, nosso preferido, já que havia sido eleito por outro júri. É por isso que tomamos a liberdade de anunciar nossa escolha do vencedor do centenário (...) alguns dias antes", informou a Academia Goncourt em comunicado.

"Quisemos ser os primeiros a escolher, visto o interesse que muitas grandes empresas francesas manifestam por este prêmio", explicou a presidente do júri, Edmonde Charles-Roux.

O Goncourt abre tradicionalmente a temporada de grandes prêmios literários, entre os quais se destacam o Renaudot, o Medicis e o Femina, seu principal rival. Mas, segundo um acordo de alternância assinado em 2000, o prêmio devia ser anunciado neste ano uma semana depois do Femina, que o fará na próxima segunda-feira.

A reação não tardou. A presidente do júri do Femina, Régine Deforges, disse que a atitude do Goncourt foi "lamentável".

"Sempre respeitamos este acordo e esse não é o caso dos Goncourt. É gente que não tem palavra, que não tem nenhuma preocupação com o que se faz e o que se deve fazer (...)", disse a autora de "La bicyclette bleue" e "Noir Tango".

Além disso, Deforges destacou que o romance de Amette premiado com o Goncourt não apareceu este ano em nenhuma das listas do Femina. No entanto, "La Maîtresse de Brecht" está entre os finalistas do prêmio para o romance da Academia Francesa, que deve ser anunciado nesta quinta-feira.

Ao tomar conhecimento da decisão do júri do Goncourt, Amette achou que era uma brincadeira. "Foi ... meu documentarista que me contou. Eu disse a ele (...), sempre há gente que se diverte fazendo brincadeiras, esta deve ser uma", disse o escritor em declarações à rádio RTL. "Os Goncourt sempre manifestaram uma certa independência de espírito. Eles gostam de surpreender, acho que já o fizeram no passado", continuou Amette, em relação à antecipação do anúncio.

Crítico literário da revista "Le Point", Jacques-Pierre Amette é autor de 30 livros (novelas, narrativas e obras de teatro), entre eles "L'homme du Silence", "Confessions d'un enfant gâté" e "Ma vie, son oeuvre".

Em "La maîtresse de Brecht", Amette inventa uma amante adicional na vida de Bertold Brecht (1898-1956), um dos maiores dramaturgos do século 20 e que na vida real teve algumas amantes.
 

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