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28/10/2003 - 08h44

Afegão evidencia contradições de um regime de deturpações

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MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

"Osama" acaba de ganhar o principal prêmio do Festival de Cinema de Montreal. O filme já tinha emocionado neste ano platéias do Festival de Cannes e da mostra do Rio. E ainda há chances de assisti-lo hoje, às 14h, no Cinesesc.

Nele, o dilema das mulheres afegãs durante o regime Taleban, que as proibia de trabalhar, estudar, conversar com estranhos, exibir qualquer parte do corpo em público, regras de um regime radical que beira à insanidade aos olhos do mundo moderno.

"Osama", direção e roteiro de Sedigh Barmak, é considerada a primeira produção do Afeganistão após a guerra e o regime deposto. Uma garota de 12 anos tem os cabelos cortados e é obrigada a se vestir de menino para ajudar a família só de mulheres.

Ele remete a um só pensamento: a história não acabou, e o homem está longe de encontrar sua utopia, especialmente numa Cabul destroçada por décadas de guerras em que patrulhas perseguem inimigos do sistema, estrangeiros ou mulheres trabalhando. Uma manifestação indica: elas passam fome. Muitas delas, viúvas, nem podem mendigar. Traça-se um enredo baseado numa linha, simplicidade herdada pela lógica muçulmana: a fome leva uma mãe a trair sua filha, cortar seus cabelos e vesti-la como um menino.

A pequena acaba sendo arrastada para uma escola de meninos, cuja única aula em sala é a leitura fanática do Alcorão. Aparentemente, a escola é patrocinada pelo líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, nome que virou uma febre no período. É uma escola também para treinamento militar.

Um menino de rua sabe da farsa e é quem a apelida de Osama. Mas sua beleza a trai. Um velho Mullah "o" chama de ninfa, encanta-se, até ela ser descoberta quando escorre sangue pelas pernas. Sua punição é uma monstruosidade: o público demora a entendê-la.

Cenas como a prisão de mulheres, a execução sumária de um jornalista e o apedrejamento de uma mulher evidenciam as contradições de um regime escrito pelas tintas das deturpações. O perigo é passarmos a aceitar a intervenção norte-americana.

Avaliação:

Osama (Osama)

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