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03/11/2003 - 10h32

Escuta aqui: A ousadia dos hackers, um corpo no lago, o Brasil

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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Colunista da Folha de S.Paulo

Duas notícias aparentemente sem ligação atingiram o público jovem na semana passada.

Primeiro, a descoberta do corpo do estudante Gutemberg Clarindo Oliveira, 16, no fundo do lago do parque Ibirapuera, na madrugada de domingo para segunda-feira passados. Horas antes, tinha acontecido, ali perto, uma parada de música eletrônica acompanhada por cerca de 170 mil participantes.

A outra notícia, dada pelo principal jornal do mundo, o "The New York Times", classifica o Brasil como paraíso dos chamados hackers, caras que conseguem invadir até os sistemas de computação mais protegidos. Segundo o diário, os dez maiores grupos de hackers do planeta estão aqui.

Bom, mas o que esses dois fatos têm em comum?

É que ambos são sintomas de uma situação muito peculiar do país. Por um lado, temos acesso cada vez mais rápido e fácil à informação. Os chamados cybermanos, jovens de periferia que gostam de música eletrônica e lotaram a parada domingueira, ouvem basicamente os mesmos sons que seus contemporâneos da Europa.

Os hackers brasileiros, principalmente os de classe média para cima, entram na rede mundial de computadores com equipamentos e largura de banda iguais aos dos fanáticos por computação que vivem em países mais ricos.

Esse é um lado da questão. O outro é que o Brasil, mesmo mais informado e dispondo de uma tecnologia decente, ainda é uma sociedade à qual a gente vacila um pouco para associar ao adjetivo "civilizada".

Os hackers apavoram geral porque a legislação brasileira é nebulosa ou inexistente ou desatualizada. Nem no Estado mais rico do país, São Paulo, a polícia tem equipamentos e efetivo para coibir a molecada que detona no computador.

Com relação ao menino que morreu no lago, a questão é bem parecida, mas um pouco mais complexa. As fotos publicadas aqui mesmo na Folha de S.Paulo, já na segunda-feira, mostravam cenas malucas, com dezenas de jovens se banhando em um lago imundo.

Ou seja, a mesma rapaziada que se deliciava com os sons mais modernos da Terra estava ali ao lado nadando na lama, talvez entrando no Ibirapuera pela primeira vez, talvez entrando num parque pela primeira vez.

O que eu acho que une hackers e cybermanos é esse jogo de ida-e-vinda entre rapidez de informação e barbárie. Entre ter acesso ao "cutting edge", ou seja, "às fronteiras da computação e da estética musical", e viver num país dominado pela esculhambação e por uma aparentemente eterna clivagem social.

BRASAS

A rádio bacana - 1

Sabe a sensacional rádio americana www.woxy.com, aquela de que eu vivo falando, que só toca coisas boas e é uma rádio comercial, sem a tosqueira das emissoras universitárias? Pois então, mais e mais leitores escrevem para dizer que leram a dica em "Escuta Aqui" e agora ouvem direto a estação.

A rádio bacana - 2

O leitor Thiago Ramos de Faria escreve para dizer que, sempre que sintoniza a www.woxy.com, tem brasileiro pedindo alguma música por e-mail. Outro leitor, o Cleber Vaz, é um deles. Em sua mensagem, ele conta que pediu uma canção e foi atendido: "This is to our friend in Sao Paulo, Brazil!".

Fred e Halle

Que coisa! O cafajestão Fred Durst, líder do Limp Bizkit, está pegando a Halle Berry, que é beleza pura. A moça participou até do novo clipe dele. Durst, como se sabe, costuma conquistar beldades famosas e depois dar entrevistas contando detalhes íntimos de seus relacionamentos.

Supersuckers no Brasil

O leitor Juliano, de Campinas, dá o toque: a podreira mastodôntica chamada Supersuckers vem ao Brasil em março de 2004! Já vi ao vivo e foi sensacional. Eles vão tocar em várias cidades paulistas, além de Brasília e de Goiânia. Informações completas: www.supersuckers.com.

CD PLAYER

Play

"Soldier Girl", The Polyphonic Spree
É "a" música para você conhecer desse grupo. Malucos que se apresentam vestindo batas brancas e fazem um som parecido com a fase mais psicodélica dos Beach Boys.

Play

"Gettin Wise", Brassy
Banda querida de "Escuta Aqui", o Brassy está de volta, com sua new wave moderna, o som que o Elástica estaria fazendo se não tivesse acabado. Saindo no Brasil, pode pegar.

Eject

Regravações de brega
Continua a história de gravar músicas de compositores bregas dos anos 70 --Fernando Mendes, Odair José etc.--, dando a elas um verniz "fino" e "sofisticado". Tudo truque.

Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo. E-mail: cby2k@uol.com.br
 

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